Bruxelas suspira de alívio, mas mantém as cautelas
“Embora a perspectiva de uma isenção tenha sido aberta, continuamos sem saber se há algumas condições ligadas a essa isenção, e se houver, quais serão”, disse o primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel. As negociações entre Washington e Bruxelas ainda decorrem.
Os 28 chefes de Estado e governo da União Europeia ainda não estavam arrumados nos seus lugares para o arranque da primeira sessão de trabalho do Conselho Europeu da Primavera, ao início da tarde desta quinta-feira, quando surgiu a notícia, desde Washington, de que as empresas dos seus países ficariam isentas dos novos direitos aduaneiros que os Estados Unidos vão aplicar às importações de aço e alumínio — e que entrarão em vigor já esta sexta-feira.
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Os 28 chefes de Estado e governo da União Europeia ainda não estavam arrumados nos seus lugares para o arranque da primeira sessão de trabalho do Conselho Europeu da Primavera, ao início da tarde desta quinta-feira, quando surgiu a notícia, desde Washington, de que as empresas dos seus países ficariam isentas dos novos direitos aduaneiros que os Estados Unidos vão aplicar às importações de aço e alumínio — e que entrarão em vigor já esta sexta-feira.
Afastada a nuvem negra de uma possível guerra comercial global que pairava sobre os trabalhos, a ordem dos pontos da agenda foi rapidamente invertida, com a discussão sobre a resposta às taxas dos Estados Unidos a ser atirada para a hora de jantar (cujo prato principal, a Rússia, se adivinhava bastante mais indigesto), por troca com um debate sobre a proposta apresentada na véspera pela Comissão Europeia para a taxação das plataformas digitais.
A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, voara de véspera para Washington num esforço de última hora para evitar a aplicação das novas taxas. A isenção europeia acabou por ser confirmada a meio da tarde pelo alto representante norte-americano para o Comércio, Robert Lighthizer, numa audiência no Congresso: o Presidente Donald Trump “decidiu fazer uma pausa na aplicação das tarifas de importação de aço e alumínio” à União Europeia, Austrália, Argentina, Brasil e Coreia do Sul.
O suspiro de alívio na sala do Conselho quase se ouviu no centro de imprensa, mas mesmo assim os líderes — que tinham cerrado fileiras e mantido uma frente unida de apoio às medidas desenhadas no gabinete de Malmström para responder às manobras proteccionistas dos EUA, “se fosse necessário” — mantiveram cautela. “Embora a perspectiva de uma isenção tenha sido aberta, continuamos sem saber se há algumas condições ligadas a essa isenção, e se houver, quais serão”, observou o primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel. Crucialmente, Cecilia Malmström ainda não fez nenhuma declaração sobre o assunto — as negociações prosseguem na capital norte-americana.
Uma boa parte do rascunho que já tinha sido acordado pelos líderes para reflectir a sua posição relativamente às questões comerciais no documento de conclusões do Conselho acabou por ter de ser reescrito para corresponder à nova realidade do regime de isenção das novas taxas sobre o aço e alumínio concedido pela Administração norte-americana à UE. “Embora já esperássemos esta decisão dos EUA de isentar a União Europeia das novas tarifas propostas, decidimos adiar a discussão para esta noite, pelo que apresentaremos as nossas conclusões, em detalhe, no final da reunião de amanhã”, explicou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Inalterado no rascunho do documento final ficou um parágrafo em que os líderes dos 28 “reafirmam o seu compromisso com um sistema comercial aberto e baseado nas regras da OMC, e a sua crença num comércio livre e justo como motor do crescimento, prosperidade e da criação de milhões de postos de trabalho”. Por isso, a mensagem do Conselho foi de “encorajamento” das negociações em curso para uma rápida conclusão dos processos de assinatura de acordos comerciais entre a União Europeia e o México e o Mercosul, bem como o Japão e Singapura.