Nova colecção de discos de poesia começa com David Mourão-Ferreira

A poesia está de volta aos discos, numa colecção que abre com David Mourão-Ferreira, por ele próprio e por outras vozes. O lançamento é esta quarta-feira em Lisboa, na Fnac Chiado, às 18h30.

Foto
Capa do disco original gravado por David Mourão-Ferreira e editado em 1959 DR

Tal como sucedeu com Amália, é mais um frutuoso mergulho nos arquivos sonoros. A Valentim de Carvalho decidiu “ressuscitar” a colecção “A Voz e o Texto”, que editou entre 1959 e 1975, e dar-lhe um novo fôlego. Editadas inicialmente em vinil, em EP, as gravações de poetas a dizerem a sua própria poesia ressurge agora em CD, numa colecção a que foi dado o título “…Dizem os Poetas”. Começa com David Mourão-Ferreira, mas já tem outros volumes na calha, oito até ao final do ano, ao ritmo de um por mês: Alexandre O’Neill, António Gedeão, Mário Cesariny com Graça Lobo, Sophia de Mello Breyner Andresen & Jorge de Sena, Natália Correia & Ary dos Santos e dois poetas das novas gerações: Golgona Anghel (poeta e investigadora romena, nascida em 1979, que vive há vários anos em Portugal) e Nuno Moura (poeta e editor, nascido em Lisboa, em 1970).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Tal como sucedeu com Amália, é mais um frutuoso mergulho nos arquivos sonoros. A Valentim de Carvalho decidiu “ressuscitar” a colecção “A Voz e o Texto”, que editou entre 1959 e 1975, e dar-lhe um novo fôlego. Editadas inicialmente em vinil, em EP, as gravações de poetas a dizerem a sua própria poesia ressurge agora em CD, numa colecção a que foi dado o título “…Dizem os Poetas”. Começa com David Mourão-Ferreira, mas já tem outros volumes na calha, oito até ao final do ano, ao ritmo de um por mês: Alexandre O’Neill, António Gedeão, Mário Cesariny com Graça Lobo, Sophia de Mello Breyner Andresen & Jorge de Sena, Natália Correia & Ary dos Santos e dois poetas das novas gerações: Golgona Anghel (poeta e investigadora romena, nascida em 1979, que vive há vários anos em Portugal) e Nuno Moura (poeta e editor, nascido em Lisboa, em 1970).

Um acervo importante

Rui Portulez, responsável pela organização desta colecção, explica ao PÚBLICO o que levou a editora a avançar: “Nós temos um acervo de poesia grande, importante e de que gostamos particularmente. E pensámos em actualizar o conceito a vários níveis.” Esta actualização, dando como exemplo o primeiro volume, tem várias facetas. A primeira foi recuperar todos os poemas gravados no EP original (oito, ao todo), reproduzindo no livreto do disco a capa e contracapa originais. A segunda foi juntar aos originais vários outros poemas gravados na altura mas não publicados, e no caso de David Mourão-Ferreira, foram mais 13, num total de 21. A terceira foi pôr outras vozes a dizer os mesmos poemas, mas sem ouvir previamente as gravações originais. O que dá um total de 42 faixas, 21 gravadas pelo poeta e outras 21, em réplica, por várias pessoas.

As outras vozes são as de Ana Brandão (actriz e cantora), Carla Bolito (actriz), Miguel Loureiro (actor e encenador), Rui Portulez (artista e crítico de música), Rui Spranger (actor e encenador), Susana Menezes (fez dobragens e é programadora). Neste disco, porque nos seguintes haverá mais duas: Isabel Abreu (actriz) e Pedro Lamares (actor). “Escolhemos logo oito vozes e, como acreditamos na colecção, pensámos que fazia sentido actualizar isto e fomos falar com estas pessoas”, diz Rui. Isabel Abreu e Pedro Lamares não participaram no primeiro disco por impossibilidade, mas gravarão nos seguintes. Quanto às capas dos discos desta colecção, já que as originais surgem no interior, são integralmente desenhadas por Maria Mónica, designer e artista do Porto também ligada à música. “Tentámos fazer uma edição bonita e atraente e ao mesmo tempo estabelecer a ligação do passado com a actualidade”, diz Rui. Daí as novas leituras e também o grafismo, que pega em algo que se relacione com cada poeta.

Um serviço público

Há, nos discos seguintes, alguns que abarcam dois poetas. Isso deve-se ao facto de haver poucas gravações disponíveis de cada um. É que sucede, por exemplo, com Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena, que partilham um mesmo disco. Mas essa junção não é aleatória, diz Rui Portulez. “Juntámos poetas que tinham afinidades.”

Quanto aos poetas novos, haverá também segundas leituras por terceiros. “Nuno Moura escolheu um livro inteiro dele para dizer, o Canto Nono. No fundo vai ser uma espécie de reedição do livro, porque nós estamos a publicar os poemas também no booklet para as pessoas lerem e acompanharem. E o Nuno está muito habituado a dizer poesia, tem uma série de projectos e diz muito bem. Depois as outras pessoas a dizerem não tem nada a ver, é do dia para a noite, parece outra coisa. E é muito engraçado, isso.”

Com um disco por mês até final do ano, depois será preciso “fazer uma avaliação.” Mas a ideia é continuar. “Obviamente não estamos à espera de enriquecer, é um bocadinho o serviço público que achamos que devemos fazer tendo em conta o acervo que temos.”

A apresentação, com poesia ao vivo, ocorre esta quarta-feira na Fnac Chiado, em Lisboa, às 18h30, com a participação de David Ferreira (filho do poeta) e de Joana Morais Varela. A moderação será de Ana Maria Pereirinha.