Morreu António de Andrade Albuquerque, que criou o autor Dick Haskins
Escritor de romances policiais foi traduzido em mais de 30 países e viu os seus livros adaptados para o grande e o pequeno ecrã. Tinha 88 anos.
O escritor António de Andrade Albuquerque, conhecido pelo pseudónimo Dick Haskins, morreu na madrugada desta quarta-feira, no Hospital S. Francisco Xavier, vítima de infecção respiratória, aos 88 anos, disse à agência Lusa fonte da família.
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O escritor António de Andrade Albuquerque, conhecido pelo pseudónimo Dick Haskins, morreu na madrugada desta quarta-feira, no Hospital S. Francisco Xavier, vítima de infecção respiratória, aos 88 anos, disse à agência Lusa fonte da família.
O corpo de António de Andrade Albuquerque vai, esta quarta-feira à tarde, para a Igreja de S. Bernardino, de onde, na quinta-feira, às 15h, sairá para ser cremado em local ainda por determinar, acrescentou a mesma fonte.
António de Andrade Albuquerque, autor de romances policiais sob o pseudónimo Dick Haskins, nasceu no dia 11 de Setembro de 1929, em Lisboa. Foi traduzido em mais de 30 países, desde o final da década de 1950.
Escreveu o primeiro livro aos 25 anos. O Sono da Morte chegaria às livrarias em 1958, quando o escritor criou a colecção policial Enigma, na Ática, abandonando então o curso de Medicina.
Ao todo, Dick Haskins publicou 24 livros, o último dos quais o romance A Metáfora do Medo, em 2016. Desde Setembro desse ano, a editora Reverso, através da revista Sábado, retomou também quatro títulos de obras suas: O Espaço Vazio, Labirinto, Estado de Choque e A Noite Antes do Fim.
A maioria dos seus livros foi publicada pela colecção Enigma (Ática), mas eles chegaram igualmente às colecções policiais Vampiro e XIS, além da Dêagá, editora que fundou em 1964 e que manteve até 1975. Nesta editora, publicou cinco colecções mensais de policiais, espionagem, ficção científica, romance e história.
Entre as suas obras, destacam-se O Isqueiro de Oiro, um sucesso de leitores, entretanto reeditado pela Europress;O Espaço Vazio, que o escritor elegeu como seu preferido; ou O Papa que Nunca Existiu, em que descreve um pontífice sem vaidades nem preconceitos.
A partir de 1961, a sua obra começou a ser traduzida, tendo chegado a mais de 30 países, com destaque para a Alemanha, onde chegou a estar entre os autores policiais preferidos. Teve igualmente sucesso na Suíça, na Áustria e em Espanha, e foi publicado em países de língua inglesa como Estados Unidos, Reino Unido e Irlanda, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, em países nórdicos – Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia – e ainda em França, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, entre outros. Na América Latina, as aventuras de Dick Haskins chegaram ao México, à Colômbia, à Argentina, ao Uruguai e ao Brasil.
O Caso Barbot foi adaptado ao cinema com o título Fim-de-semana com a Morte, em 1966, numa co-produção luso-franco-alemã, que contou com interpretações de Peter van Eyck e Leticia Roman, além de António Vilar (que, pouco antes, co-protagonizara A Mulher e o Fantoche, com Brigitte Bardot).
Nos anos de 1970, a televisão pública alemã e a RTP co-produziram uma série filmada de 12 episódios sobre as aventuras de Dick Haskins, escrita pelo autor, com música de Luís Pedro Fonseca.
António de Andrade Albuquerque vivia na praia de São Bernardino, em Peniche, para onde se mudara no início da década de 1980, por se sentir "atolado" em Lisboa. Numa entrevista ao Diário de Notícias, em 2016, pouco antes da publicação de A Metáfora do Medo, António de Andrade Albuquerque disse esperar que os seus livros lhe sobrevivessem, "que [ficassem] na história como ficam os outros":
"Não me quero comparar com Ellery Queen, por exemplo, mas tenho livros que ninguém esquece. Acho que o que conta é o que está feito, que, bom ou mau, foi escrito com honestidade."