A lista dos maus exemplos
Ao longo dos anos a maior rede social do mundo tomou opções que se revelaram tiros no pé. Os utilizadores saíram sempre prejudicados.
O Facebook foi criado em 2004 para ser uma plataforma de comunicação entre pessoas, mas ao longo dos anos tornou-se num “monstro” capaz de condicionar a forma como olhamos o mundo. O escândalo mais recente, que envolve a alegada apropriação indevida – para fins políticos – pela Cambridge Analytica de dados de 50 milhões de utilizadores, é mais um exemplo da já considerável lista de acções que têm sido apontadas como violações graves da privacidade.
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O Facebook foi criado em 2004 para ser uma plataforma de comunicação entre pessoas, mas ao longo dos anos tornou-se num “monstro” capaz de condicionar a forma como olhamos o mundo. O escândalo mais recente, que envolve a alegada apropriação indevida – para fins políticos – pela Cambridge Analytica de dados de 50 milhões de utilizadores, é mais um exemplo da já considerável lista de acções que têm sido apontadas como violações graves da privacidade.
O Facebook tem sido acusado de desenvolver, de forma consciente, ferramentas que permitem condicionar a opinião pública. Os críticos apontam baterias para as políticas da empresa e para o famigerado algoritmo, que se tornou permeável à manipulação e que, em última análise, se tornou um veículo capaz de provocar alterações profundas na política e na sociedade. As eleições que deram a vitória a Donald Trump e a vitória do “sim” no referendo do “Brexit” são, alegadamente, duas demonstrações desse poder. Mas há outras acções que sinalizam e reforçam a estratégia adoptada pelo Facebook. O site TechCrunch reuniu alguns exemplos de opções e estratégias polémicas.
Etnia
A rede social já tornou possível a identificação dos utilizadores pela etnia (afro-americanos ou hispânicos, por exemplo). A ideia inicial foi a de permitir a difusão de publicidade dirigida, mas revelou-se uma oportunidade de exclusão, nomeadamente de acesso a soluções de crédito bancário, habitação e emprego.
Navegação e compras
Em 2007 o Facebook criou uma ferramenta chamada “Beacon” que permitia o acesso do mural dos utilizadores a uma rede de empresas, com o objectivo de produzirem publicidade dirigida. Esse privilégio era concedido por defeito, dando a conhecer automaticamente à lista de contactos os hábitos de navegação na Internet e compras online.
Jogos
Em 2009, a rede social lançou uma área destinada a aplicações e jogos. O objectivo era o de promover o entretenimento dentro da plataforma, mas os programadores rapidamente criaram produtos capazes de se projectar nos murais dos utilizadores de forma automática, tornando-se máquinas de publicação indesejada (spam).
Definições de privacidade
Em 2010 o Facebook fez a primeira grande renovação da área do site que permite regular as definições de privacidade, mas deixou ligadas, por defeito, as opções de partilha pública de fotos e publicações. Entretanto, os organismos reguladores dos EUA e da UE obrigaram o Facebook a modificar estas opções e a rede social passou a forçar a revisão frequente das opções de privacidade.
Estudos académicos
É habitual o Facebook ceder dados dos utilizadores a universidades e investigadores para fins científicos, mas em 2012 a rede social conduziu um estudo polémico em que manipulou o feed de quase 700 mil utilizadores, com o objectivo de provar que as emoções podiam ser condicionadas positiva e negativamente, através da apresentação repetida de publicações positivas e negativas.
Relevância das publicações
O algoritmo do Facebook tende a privilegiar as publicações mais comentadas e partilhadas, ou seja, não utiliza a credibilidade como critério. Este tem sido apontado como factor decisivo na proliferação de informação tendenciosa e falsa, um fenómeno entretanto popularizado pela expressão “fake news”.