Antigo funcionário do Facebook diz que a rede social conhecia problemas de privacidade
A empresa, para encorajar os criadores de aplicações a elaborar produtos para o Facebook, dava-lhes acesso a diferentes tipos de dados.
Um antigo funcionário do Facebook alerta que a rede social sabia que existiam problemas de privacidade nas aplicações do site muito antes de escândalos sobre o mau uso de dados emergirem. Tal como o resto do mundo, Sandy Parakilas, que geriu a equipa de política de privacidade da rede social entre 2011 e 2012, tem acompanhado o desenrolar do escândalo de que informação sobre milhares de utilizadores do Facebook pode ter sido utilizada por uma empresa britânica para elaborar campanhas políticas no Reino Unido e nos Estados Unidos, sem o seu consentimento. Não está surpreendido.
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Um antigo funcionário do Facebook alerta que a rede social sabia que existiam problemas de privacidade nas aplicações do site muito antes de escândalos sobre o mau uso de dados emergirem. Tal como o resto do mundo, Sandy Parakilas, que geriu a equipa de política de privacidade da rede social entre 2011 e 2012, tem acompanhado o desenrolar do escândalo de que informação sobre milhares de utilizadores do Facebook pode ter sido utilizada por uma empresa britânica para elaborar campanhas políticas no Reino Unido e nos Estados Unidos, sem o seu consentimento. Não está surpreendido.
“Eles sabiam melhor – eu avisei-os”, escreve Sandy Parakilas no Twitter, onde tem partilhado os seus comentários sobre a situação. “A negligência do Facebook significa que o Zuckerberg tem de prestar depoimentos.”
Numa conversa com o jornal britânico Guardian, Parakilas explica que alertou a empresa para a possibilidade de haver problemas com a privacidade das aplicações várias vezes: “A minha preocupação era que todos os dados que saíam dos servidores do Facebook para os criadores das aplicações não podiam ser monitorizados, logo não tínhamos ideia do que se estava a fazer com a informação."
Na altura, o Facebook, para encorajar os criadores de aplicações a elaborar produtos para a rede social, dava-lhes acesso a diferentes tipos de dados. As regras em vigor permitiam inclusive o acesso a dados sobre os amigos dos utilizadores que usavam uma aplicação. Grande parte da informação usada pela Cambridge Analytica, a empresa britânica por detrás do escândalo recente, foi obtida deste modo.
Em 2012, Parakilas já desconfiava da existência de um “mercado negro” do género, no qual os programadores e criadores de aplicações vendiam a informação recolhida da rede social. O Facebook, porém, desencorajou-o de investigar. “Tens a certeza que queres ver o que vais encontrar?”, terá sido a resposta de um dos executivos.
O Facebook não comenta as acusações. Actualmente, os utilizadores podem impedir aplicações usadas por amigos de aceder aos seus dados, mas continuam a ter de alterar as definições base. No Twitter, Parakilas descreve a “falha de liderança do Facebook” como um “desastre iminente para os funcionários da empresa, que são pessoas que querem fazer as coisas bem”. Hoje, aos 38 anos, além de trabalhar na gestão dos produtos da Uber, Parakilas faz parte da Center for Humane Technology, em São Francisco, uma organização que luta por tecnologia mais segura e saudável.