Proença de Carvalho promete esclarecer em tribunal relação com procurador
O advogado diz que apenas falou com Orlando Figueira "duas ou três vezes" em Maio de 2015.
O advogado Proença de Carvalho prometeu esclarecer no tribunal que julga o processo Fizz a sua relação com o arguido e antigo procurador Orlando Figueira, explicando que trocou apenas com este "dois ou três telefonemas".
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O advogado Proença de Carvalho prometeu esclarecer no tribunal que julga o processo Fizz a sua relação com o arguido e antigo procurador Orlando Figueira, explicando que trocou apenas com este "dois ou três telefonemas".
Em entrevista exclusiva à TVI 24 na noite de segunda-feira, e questionado pelo jornalista Pedro Pinto sobre a suspeita de ter trocado mais de 36 chamadas e ter participado em dez reuniões com Orlando Figueira, Daniel Proença de Carvalho respondeu que falou com o ex-procurador apenas "duas ou três vezes" e que teve "poucas reuniões".
"É possível que ele [Orlando Figueira] tenha ligado várias vezes para o meu escritório, mas não falou comigo. Não falou para o meu número pessoal - que não tem - e eu não falei para o dele, que não tenho", explicou Proença de Carvalho, garantindo que fará todos os esclarecimentos no tribunal que está a julgar o processo. O advogado disse que conheceu Orlando Figueira "em Maio de 2015, três anos depois de ele ter saído" da magistratura do Ministério Público.
"Conheci [Orlando Figueira] em Maio de 2015, três anos depois de ele ter saído. As conversas - agora que obtive a dispensa do segredo profissional que pedi à Ordem dos Advogados -, será no tribunal que relatarei o motivo de tantos telefonemas (...), com todo o rigor e cabalmente o encontro que tive com ele", declarou à TVI.
Orlando Figueira, que responde em tribunal por corrupção, branqueamento, falsidade e violação do segredo de justiça, alegou várias vezes a sua inocência e apontou o dedo ao presidente do BPA e a Daniel Proença de Carvalho, dizendo que ambos deviam ter sido constituídos arguidos.
Segundo Orlando Figueira, os contratos de trabalho que assinou com a Primagest foram para ir trabalhar para Angola para o BPA de Carlos Silva e que não cumpriu os compromissos e que este, por intermédio de Proença de Carvalho, lhe tinha tentado comprar o silêncio com a rescisão amigável do contrato de trabalho e respectivo pagamento de impostos.
A Operação Fizz, que tem ainda como arguidos o engenheiro Armindo Pires e o advogado Paulo Blanco, assenta na acusação de que o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente corrompeu Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril. Manuel Vicente foi acusado de corrupção activa, mas o seu processo foi separado da Operação Fizz no início do julgamento, numa altura de tensão nas relações diplomáticas entre Angola e Portugal e vários apelos públicos ao desanuviamento das mesmas.