Produtores de The Crown pedem desculpa por desigualdade salarial
Na semana passada, a Left Bank Pictures, responsável pela série do Netflix que atravessa a vida da Rainha D. Isabel II, admitiram que Claire Foy, a protagonista, ganhou menos do que Matt Smith, que fez de Príncipe Filipe e tinha um papel meramente secundário, pelo seu trabalho. Agora, depois da polémica e de uma petição, vieram pedir desculpa.
Primeiro veio a revelação. Na semana passada, num evento sobre televisão em Jerusalém, perguntaram aos produtores executivos de The Crown se a rainha ganhava menos do que o príncipe. Numa era em que movimentos como o Time’s Up e a desigualdade salarial estão na ordem do dia, queriam saber se Claire Foy, que foi Isabel II nas duas primeiras temporadas da cara e bem-sucedida série do Netflix sobre a rainha de Inglaterra, tinha sido recebido menos salário do que Matt Smith, actor secundário que fez do seu marido, o príncipe Filipe. A resposta foi que sim, mas Suzanne Mackie, directora criativa da Left Bank Pictures, a produtora da série, deu uma garantia: “Doravante, ninguém ganha mais do que a rainha”.
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Primeiro veio a revelação. Na semana passada, num evento sobre televisão em Jerusalém, perguntaram aos produtores executivos de The Crown se a rainha ganhava menos do que o príncipe. Numa era em que movimentos como o Time’s Up e a desigualdade salarial estão na ordem do dia, queriam saber se Claire Foy, que foi Isabel II nas duas primeiras temporadas da cara e bem-sucedida série do Netflix sobre a rainha de Inglaterra, tinha sido recebido menos salário do que Matt Smith, actor secundário que fez do seu marido, o príncipe Filipe. A resposta foi que sim, mas Suzanne Mackie, directora criativa da Left Bank Pictures, a produtora da série, deu uma garantia: “Doravante, ninguém ganha mais do que a rainha”.
Poucos dias depois, na rede social Care 2, surgiu uma petição a urgir Reed Hastings, o CEO do Netflix, e o próprio Matt Smith, a doarem a diferença de salário entre a actriz e o actor ao fundo de defesa legal do Time’s Up. Até agora, a petição foi assinada por mais de 26 mil pessoas (o objectivo era 30 mil). Recorde-se que em Janeiro, nesse mesmo site, tinha aparecido uma petição para Mark Wahlberg doar ao mesmo fundo o dinheiro que recebeu para as filmagens extra de Todo o Dinheiro do Mundo, o filme de Ridley Scott do qual Kevin Spacey foi digitalmente apagado para ser substituído por Christopher Plummer. Isto porque Michelle Williams, que tem um papel muito mais substancial do que Wahlberg no filme, tinha recebido menos de 1% do que o actor para voltar a gravar cenas do filme. A petição resultou e Mark Wahlberg acabou mesmo por doar o dinheiro, à volta de 1.2 milhões de euros.
No caso de The Crown, Foy recebeu à volta de 32 mil euros por episódio, mas não foram divulgados dados concretos sobre o salário de Smith, que é uma estrela maior no Reino Unido graças ao facto de ter sido o protagonista de Doctor Who entre 2010 e 2013 – uma série que existe desde 1963 e só este ano é que terá pela primeira vez uma mulher no papel principal.
Num comunicado divulgado esta terça-feira e citado pela BBC, a Left Bank pediu desculpa tanto a Claire Foy quanto a Matt Smith “actores brilhantes” que, sem culpa, se tinham visto envolvidos “no centro de uma tempestade mediática”.
Continua: “Como os produtores de The Crown, nós na Left Bank somos responsáveis pelos orçamentos e os salários; os actores não têm consciência de quem recebe o quê, e não podem ser pessoalmente responsabilizados pelo salário dos seus colegas. Compreendemos e valorizamos a conversa que está a decorrer justamente em todos os sectores da sociedade e estamos completamente alinhados com a luta por um pagamento justo, livre de preconceitos de género, e por um reequilíbrio da maneira como a indústria trata as mulheres, tanto aquelas que estão à frente da câmara quanto as que estão nos bastidores. Todos temos a responsabilidade de fazer o que podemos para nos certificarmos de que estas questões são enfrentadas e como somos uma produtora proeminente queremos contribuir para esse debate.”
Além disso, a Left Bank adiantou também que estava em conversações com o movimento Equal Representation for Actresses (ERA 50:50), um sindicato de actores e actrizes britânicos que lutam pela paridade de género, e que não punha de parte falar com a representação britânica do movimento Time’s Up.
Foy, que ganhou pelo seu papel um Globo de Ouro e um Screen Actors Guild Award, além de ter sido nomeada para um Emmy, abandonou a série que acompanha a vida de D. Isabel II no final da segunda temporada, cujos dez episódios saíram em Dezembro. As próximas duas épocas verão Olivia Colman, a actriz que ganhou fama na sitcom Peep Show, a pôr a coroa da rainha na cabeça. E a receber mais do que o actor, ainda desconhecido, que fará de Filipe.