Trabalhadores de cantinas do Norte em greve exigem salários "dignos"

Greve é o arranque de uma quinzena de acções de protesto.

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Trabalhadores concentraram-se frente à sede da AHRESP no Porto Manuel Fernando/ Lusa

Cerca de 50 trabalhadores das cantinas da região Norte que nesta segunda-feira estão em greve concentraram-se junto às instalações da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), no Porto, exigindo aumentos salariais "dignos", que permitam "repor o poder de compra perdido entre 2010 e 2017".

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Cerca de 50 trabalhadores das cantinas da região Norte que nesta segunda-feira estão em greve concentraram-se junto às instalações da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), no Porto, exigindo aumentos salariais "dignos", que permitam "repor o poder de compra perdido entre 2010 e 2017".

"No Norte mais de 90 cantinas escolares estão encerradas, no Centro mais de 80. Há vários institutos públicos e do Sector Empresarial do Estado [com cantinas] encerradas. Ainda não temos informação global sobre a greve, mas é maior do que a do dia 2 de Novembro no Norte e também a maior greve de sempre no que toca ao sector escolar", disse aos jornalistas o dirigente sindical Francisco Figueiredo.

Segundo o sindicalista, em 2017, seguindo as orientações da AHRESP, as empresas procederam a um aumento salarial "miserável", de 2%, "quando a inflação no período 2010 - 2017 foi de 9%".

"O que estamos a propor às empresas é que reponham o poder de compra. Tendo em conta que no ano passado deram 2% faltam 7%, [o que equivale a] 42 euros, e é isso que, em média, estamos a reclamar", sustentou.

Com palavras de ordem como "AHRESP escuta, trabalhadores estão em luta", "Aumentos salariais para já e sem demoras", os trabalhadores das cantinas exigiram também esta manhã "a negociação do contrato colectivo de trabalho com a manutenção de todos os direitos nele consagrados".

Segundo Francisco Figueiredo, a AHRESP "tem algumas propostas em cima da mesa" que não podem ser aceites, designadamente 11 horas de trabalho, reduzir o pagamento em dia feriado para metade e deixar de pagar o trabalho nocturno -- das 20h00 às 24h00".

"Não podemos aceitar", vincou, acrescentando que a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) já afirmou estar disponível para "fazer um acordo menor" quanto aos aumentos salariais reivindicados, mas "a AHRESP tem de se comprometer de que nos próximos anos esse poder de compra vai ser reposto".

Nesta concentração, os trabalhadores das cantinas, áreas de serviço e bares concessionados aprovaram por unanimidade uma moção na qual exigem "aumentos salariais justos e dignos", "o respeito pelos direitos dos trabalhadores" e a "negociação do contrato colectivo de trabalho com a manutenção de todos os direitos nele consagrados".

A moção foi depois entregue por Francisco Figueiredo na AHRESP. A iniciativa desta manhã inseriu-se na quinzena de luta promovida pela FESAHT, que arrancou nesta segunda-feira com a greve dos trabalhadores das cantinas.

Francisco Figueiredo destacou que na próxima semana dois autocarros com trabalhadores do sector percorrerão "vários hotéis do Porto" por "melhores salários".

Esta quinzena de luta, que termina com uma manifestação nacional junto à associação patronal e ao Ministério da Economia, em 4 de Abril, incluirá ainda "greves nos bares dos comboios e concentrações à porta das Pousadas de Portugal", entre outras iniciativas.

"O sector tem vindo a crescer sucessivamente e não há nenhuma razão para os patrões não darem aumentos salariais e quererem tirar direitos", concluiu o sindicalista.