José Eduardo dos Santos anuncia congresso extraordinário para “resolver” liderança no MPLA
O ex-Presidente quer estar envolvido na preparação das primeiras eleições autárquicas que se realizam no país. Por isso, "recomendou" que o congresso seja em Dezembro deste ano ou Abril de 2019.
O presidente do MPLA e ex-chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou nesta sexta-feira a realização de um congresso extraordinário para “resolver” a liderança no partido, a convocar para Dezembro deste ano ou Abril de 2019.
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O presidente do MPLA e ex-chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou nesta sexta-feira a realização de um congresso extraordinário para “resolver” a liderança no partido, a convocar para Dezembro deste ano ou Abril de 2019.
O anúncio foi feito pelo líder do MPLA no discurso de abertura da 5.ª sessão ordinária do Comité Central, que decorre em Luanda.
A reunião acontece numa altura em que vários militantes criticam abertamente a bicefalia no partido no poder em Angola desde 1975, entre João Lourenço, vice-presidente do partido e chefe de Estado desde Setembro, e José Eduardo dos Santos que lidera o Movimento Popular de Libertação de Angola desde 1979.
Durante a intervenção, José Eduardo dos Santos, que foi chefe de Estado em Angola durante 38 anos e não concorreu às eleições gerais de Agosto do ano passado, disse que se comprometeu a envolver-se “pessoalmente” no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai “preparar a estratégia” do MPLA para as primeiras eleições autárquicas no país.
“Assim, recomendo, por ser mais prudente, que a realização do congresso extraordinário do partido, que vai resolver a liderança do MPLA, seja em Dezembro de 2018 ou Abril de 2019”, disse, sem adiantar mais pormenores sobre o processo.
Na mesma intervenção, de mais de 10 minutos e essencialmente voltada para os assuntos internos do MPLA, José Eduardo dos Santos apontou a necessidade de "apoiar o executivo", liderado por João Lourenço, e "manter uma sincronia entre a direcção do MPLA e o executivo".
"O partido deve ser um corpo vivo, actuante, dinâmico, sempre em estado de prontidão combativa, em prol da realização dos interesses mais profundos do nosso povo”, disse José Eduardo dos Santos.
Para o ex-presidente, é “imperioso que o partido seja cada vez mais forte, com maior capacidade de intervenção junto das comunidades, ganhando assim relevância o papel das suas estruturas de base, que têm por tarefa mobilizar e organizar, não só os militantes, mas também os cidadãos nas suas áreas de circularização territorial".
Apesar de ter deixado a presidência angolana, José Eduardo dos Santos mantém-se líder do MPLA com mandato até 2021 e ainda não se referiu publicamente às mudanças que João Lourenço tem vindo a implementar, nomeadamente ao afastamento dos seus filhos de lugares chave nas primeiras semanas da nova governação.
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, disse a 8 de Janeiro que não sente crispação com o ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, mas aguarda que cumpra o compromisso anteriormente assumido, de deixar a liderança do partido em 2018.
"Só a ele compete dizer se o fará, se vai cumprir com esse compromisso. Quando isso vai acontecer, só a ele compete dizer", disse o Presidente da República, que falava nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros.
Na mesma ocasião, Lourenço disse manter "relações normais de trabalho" com o presidente do partido, negando qualquer bicefalia na governação em Angola, até porque "nada está acima da Constituição", ambos trabalhando em "campos distintos" e com "cada um a cumprir o seu papel".
Desde que assumiu o cargo de Presidente da República, João Lourenço já realizou mais de 300 nomeações, que corresponderam a várias dezenas de exonerações, incluindo da empresária Isabel dos Santos da Sonangol e de José Filomeno dos Santos, filhos de José Eduardo dos Santos, e de mais de 30 oficiais generais em posições de topo na hierarquia militar, valeram-lhe a alcunha nas redes sociais: "O exonerador implacável". Foram "tantas quantas as necessárias", respondeu, a propósito, o chefe de Estado.