Almeida Faria, Hélia Correia, Rui Cardoso Martins e Isabela Figueiredo na Feira do Livro de Leipzig

Uma nova investida portuguesa, a partir desta quinta-feira, na feira alemã que privilegia o contacto entre autores e leitores.

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Portugal volta este ano a levar à Feira do Livro de Leipzig, que se inicia esta quinta-feira, um número considerável de escritores de língua portuguesa, prosseguindo a aposta nesta que é a segunda maior feira alemã dedicada aos livros, logo após a sua gigantesca congénere de Frankfurt, da qual se distingue por ser menos centrada nos negócios entre editoras e privilegiar a divulgação dos autores junto do público leitor. A edição de 2017 recebeu 208 mil visitantes, que ascenderiam a quase 300 mil, se se incluir o programa paralelo Leipzig lê.

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Portugal volta este ano a levar à Feira do Livro de Leipzig, que se inicia esta quinta-feira, um número considerável de escritores de língua portuguesa, prosseguindo a aposta nesta que é a segunda maior feira alemã dedicada aos livros, logo após a sua gigantesca congénere de Frankfurt, da qual se distingue por ser menos centrada nos negócios entre editoras e privilegiar a divulgação dos autores junto do público leitor. A edição de 2017 recebeu 208 mil visitantes, que ascenderiam a quase 300 mil, se se incluir o programa paralelo Leipzig lê.

Os ficcionistas Almeida Faria, Hélia Correia, Rui Cardoso Martins e Isabela Figueiredo, e ainda os poetas Miguel-Manso e Marta Chaves integram a comitiva deste ano, que conta também com autores de outras literaturas de língua portuguesa, como os brasileiros Bernardo Carvalho e Ricardo Domeneck, os cabo-verdianos Arménio Vieira e Filinto Elísio ou o angolano Kalaf Epalanga. É a continuação de uma estratégia lançada em 2016 e que já começa a dar frutos. Hélia Correia, uma das convidadas de 2016, regressa agora a Leipzig para assistir ao lançamento da primeira edição alemã de uma obra sua: Zwanzig Stufen und andere Erzählungen, tradução de Vinte Degraus e Outros Contos (Relógio d’Água, 2014), lançado pela Leipziger Literaturverlag, uma pequena editora local que já deu a conhecer aos leitores alemães autores como Herberto Helder, Maria Gabriela Llansol ou Maria Velho da Costa.

Está já também em preparação a edição alemã de um livro de Raquel Nobre Guerra, um dos poetas portugueses que estiveram em Leipzig no ano passado, e decorrerão neste momento contactos com a editora Verlagshaus Berlin para a eventual publicação de Margarida Vale de Gato e Miguel Cardoso, os dois outros poetas que integraram a representação portuguesa na feira de 2017.

Esta aposta na Feira do Livro de Leipzig nasceu em 2016, por iniciativa da Embaixada de Portugal em Berlim, dirigida pelo diplomata João Mira Gomes, e pelo Centro Cultural do Instituto Camões na capital alemã – com o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e de outras instituições, como a Fundação Gulbenkian e a Casa Fernando Pessoa –, e cruza-se com outros programas de divulgação da literatura portuguesa contemporânea na Alemanha, como as bolsas de residência literária em Berlim, de que já usufruíram Patrícia Portela e Rui Cardoso Martins, ou os convites a editores alemães para visitarem a Feira do Livro de Lisboa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, observa que esta presença em Leipzig  se “inscreve numa estratégia de promoção da cultura portuguesa” que teve outros marcos recentes, como a presença de Portugal com o estatuto de país-tema na Feira do Livro de Bogotá, “que foi um grande sucesso e abriu muito boas perspectivas” não só para a edição em língua espanhola de autores portugueses, mas “até para o ensino da língua portuguesa em universidades colombianas”.

O ministro recorda ainda a presença de Portugal como país convidado na Feira do Livro de Madrid em 2017, “com resultados evidentes na atenção das editoras espanholas”, e a ambiciosa programação que Manuela Júdice está a comissariar para a participação na Feira do Livro de Guadalajara, no México, no final deste ano, e que incluirá um programa expressamente concebido para apoiar editoras latino-americanas que queiram publicar autores de língua portuguesa.

“Investimos muito nesta ideia das literaturas de língua portuguesa”, assume Santos Silva, e este desejo de englobar autores de outros países lusófonos nestas embaixadas literárias volta a confirmar-se no elenco que por estes dias estará em Leipzig, como já fora óbvio na comitiva de 2017, que integrara, entre outros, o escritor moçambicano Mia Couto, cuja entrevista então concedida ao canal televisivo ZDF foi vista, disse ao PÚBLICO Ana Patrícia Severino, consultora cultural da Embaixada de Portugal em Berlim, por um milhão e 700 mil espectadores.

A mesma responsável sublinha que o objectivo é “alargar este trabalho de divulgação da literatura de língua portuguesa” a outros países com populações de língua alemã, como começa a concretizar-se já este ano com as deslocações de Isabela Figueiredo, Rui Cardoso Martins e Almeida Faria respectivamente à Áustria, à Suíça e ao Luxemburgo. 

Para Santos Silva, “esta presença em feiras do livro internacionais permite também combinar melhor dois programas de apoio a novos autores de língua portuguesa”: o apoio à edição estrangeira, promovido pelo Ministério da Cultura, e o apoio à tradução, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros patrocina através do Instituto Camões.

Sem sugerir expressamente uma relação de causa e efeito, mas chamando a atenção para os efeitos que estas campanhas podem ter, Ana Patrícia Severino  lembra que Portugal participou pela primeira vez na condição de país convidado numa feira do livro na Alemanha em 1997 (na 49.ª edição da feira de Frankfurt ) e que foi logo no ano seguinte que José Saramago recebeu o Nobel da Literatura. 

A Feira do Livro de Leipzig, que decorrerá até dia 18, tem este ano como país convidado a Roménia e, como habitualmente, atribuirá três prémios, no valor total de 60 mil euros, respectivamente nas categorias de ficção, ensaio e tradução. Os três vencedores serão anunciados nesta quinta-feira, dia 15, às 16h.