Terá Jesus comido peixe n’A Última Ceia? O chef Diogo Noronha fez a sua interpretação

O programa A Última Ceia será emitido no canal História de 23 de Março até à Páscoa, celebrada no dia 1 de Abril.

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Dizem as Escrituras que na última refeição que Jesus comeu com os discípulos, partiu o pão e tomou o cálice, mas não há nenhuma referência a peixe. Pela sexta vez, o canal História apresenta A Última Ceia e desta vez, a refeição ficou a cargo do chef Diogo Noronha que é um especialista em peixe e marisco, no restaurante Pesca, em Lisboa.

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Dizem as Escrituras que na última refeição que Jesus comeu com os discípulos, partiu o pão e tomou o cálice, mas não há nenhuma referência a peixe. Pela sexta vez, o canal História apresenta A Última Ceia e desta vez, a refeição ficou a cargo do chef Diogo Noronha que é um especialista em peixe e marisco, no restaurante Pesca, em Lisboa.

Segundo Carolina Godayol, directora-geral do canal The History Channel Ibéria, “para esta nova edição decidiu fazer-se algo diferente e homenagear Jesus Cristo e os seus discípulos, todos eles chamados para serem ‘pescadores de homens'”. “Eram pessoas do mar e viviam da pesca”, sublinha.

Segundo o chef Diogo Noronha, no tempo de Cristo as ceias tinham como propósito a preparação para o sábado ou para um festival. “Era uma reunião constituída por uma discussão religiosa seguida por um lanche simples com pão normal ou não levedado. O vinho, misturado com água, enchia um copo que ia passando por todas as pessoas que lá estavam”, explica, acrescentando que esta reunião era conhecida na cultura judaica como Kiddush.

Não havendo certezas de como terá sido a ementa d’ A Última Ceia, propôs-se a recriar “um menu onde se reflectisse esta noção de ritual de passagem, de renascer, de ressurreição, de nova vida”.

Nesse sentido, Diogo Noronha destaca a riqueza dos produtos biológicos portugueses e da gastronomia atlântica, preparando quatro pratos, três dos quais com mexilhão, tártaro de atum e tamboril. “Apesar de me ter inspirado no passado, enquadrei a minha cozinha aqui do Pesca, que tem o tema da sustentabilidade muito assente”, afirma.

Como o pão e o vinho não podiam faltar, começou por ser servido pão de trigo 65, centeio, malte e grano duro; acompanhado por manteiga dos Açores polvilhada com alface-do-mar e, para beber, um espumante Luís Pato Blanc des Blancs.

De seguida, chegou à mesa um couvert de pão ázimo de sésamo e cominhos, mexilhão fumado, piso de urtigas e azedas. “O trigo utilizado foi o barbella, um trigo também milenar. Depois optei por adicionar umas folhas azedas, que podem apresentar alguns buracos, uma vez que são biológicas. A flor é da família das azedas, chama-se Oxalis pes-caprae e traz alguma acidez ao prato.” Para beber escolheu um Pato Rebel, branco.

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Pão ázimo de sésamo e cominhos, mexilhão fumado e piso de urtigas e azedas

Para entrada, o cozinheiro destaca o tártaro de atum combinado com salada de trigo tufado, ervas frescas e avelãs. Por ter “mais de 50 milhões de anos de existência”, para prato principal Diogo Noronha elegeu o tamboril na brasa, que levou à mesa com cenouras brancas, raiz de salsa, caldo de açafrão, gengibre, algas e plantas marinhas. Chegou a vez do vinho tinto, tendo sido servido um Luís Pato monocasta (baga).

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Tártaro de atum combinado com salada de trigo tufado, ervas frescas e avelãs

Conta o chef que, nesta época do ano, os povos europeus que viveram durante a Idade Média homenageavam Ostera ou Ostara, a deusa da Primavera, que segura um ovo na mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade. “A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Os ovos eram mais um presente original, que simbolizava a ressurreição como início de uma vida nova”, acrescenta.

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Tamboril na brasa com cenouras brancas, raíz de salsa, caldo de açafrão e gengibre, algas e plantas marinhas

Por isso, para terminar a refeição, a proposta é um ovo de chocolate recheado com mousse de mel, própolis e damasco, servido com um Blandy’s Madeira de 2002. “Para a sobremesa fui pesquisar os açúcares utilizados na altura, daí a escolha do mel, do pólen e do damasco, que combinei de maneira a conseguir representar o símbolo da fertilidade e da Páscoa, ou seja, o ovo.”

Gravado no restaurante Pesca, em Lisboa; na Doca Pesca, em Sesimbra; e na Quinta do Poial – Agricultura Biológica, em Setúbal; o episódio desta Última Ceia será emitido no canal História durante a Semana Santa, de 23 de Março até à Páscoa, celebrada no dia 1 de Abril.

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Ovo de chocolate recheado com mousse de mel, própolis e damasco

Já o menu está disponível de 27 de Março a 1 de Abril, no restaurante Pesca, na Rua da Escola Politécnica, 27, em Lisboa. A refeição, que pode ser servida ao almoço e ao jantar, tem o preço de 50 euros. O wine pairing tem um custo acrescido de 25 euros.

Texto editado por Bárbara Wong