Audição parlamentar à directora regional de Cultura do Centro aprovada por unanimidade
Celeste Amaro irá à Assembleia da República, em data ainda a marcar, esclarecer as suas declarações relativas à companhia Leirena Teatro, que elogiou por não ter pedido apoio ao Estado.
A Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, reunida esta terça-feira, aprovou a audição à directora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, proposta apresentada pelo PCP. "A comissão aprovou por unanimidade ouvir em audição a directora regional de Cultura do Centro, não tendo ficado ainda agendada qualquer data", disse à agência Lusa fonte do grupo parlamentar comunista.
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A Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, reunida esta terça-feira, aprovou a audição à directora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, proposta apresentada pelo PCP. "A comissão aprovou por unanimidade ouvir em audição a directora regional de Cultura do Centro, não tendo ficado ainda agendada qualquer data", disse à agência Lusa fonte do grupo parlamentar comunista.
O PCP anunciou na passada sexta-feira a intenção de chamar Celeste Amaro à Assembleia da República, na sequência das declarações desta responsável, em que elogiou a companhia Leirena Teatro, de Leiria, por não ter pedido apoio do Estado.
As declarações de Celeste Amaro causaram "indignação e repúdio" por parte da Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP, deram origem a um requerimento do Bloco de Esquerda ao Ministério da Cultura e a uma exigência de demissão por parte de vários artistas da região, traduzida em petição, lançada com o Manifesto em Defesa da Cultura.
"É uma lição como um grupo de teatro profissional, com três actores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central", disse Celeste Amaro, em Leiria, no dia 2 de Março, na apresentação da programação da companhia Leirena Teatro.
Para os comunistas deste concelho, em comunicado enviado à Lusa, as afirmações da directora regional "denotam um profundo desrespeito pelo conjunto dos artistas, companhias de teatro e outras estruturas artísticas que, com inúmeras e enormes dificuldades, desenvolvem esforços notáveis para promover a cultura, a sua fruição e produção".
Para o PCP/Leiria, "as declarações da directora regional da Cultura são inaceitáveis a todos os níveis", considerando que Celeste Amaro "assume claramente, e de forma quase insultuosa, a defesa das supostas virtudes da ausência de apoios do Estado às estruturas artísticas não profissionais".
Em reacção às críticas às suas declarações, a directora regional de Cultura do Centro afirmou, entretanto, que não quis criticar os grupos apoiados pelo Estado. Num comunicado enviado à Lusa, Celeste Amaro escreveu que, "em circunstância alguma", quis "pôr em causa o trabalho desenvolvido por todos os profissionais de teatro, independentemente das formas que encontram para financiar a sua actividade".
No documento, a directora regional da Cultura do Centro explica que quis "valorizar a forma" como o grupo Leirena Teatro "tem desenvolvido a sua actividade, sem necessitar de qualquer apoio financeiro da administração central, ao longo dos seus quase sete anos de existência". "Destacar este modo de trabalho com a envolvência da comunidade é sempre importante, sem que tal atitude ponha em causa quaisquer outras formas de financiamento", acrescentou Celeste Amaro.
Entretanto, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, já disse que as declarações de Celeste Amaro não têm "a gravidade que lhes estão a atribuir". "As declarações da senhora directora, feitas num contexto que não era propriamente público, e como as explica, não me parece terem a gravidade que lhes estão a atribuir", afirmou Castro Mendes.
Depois de o PCP e o BE anunciarem a intenção de chamar Celeste Amaro à comissão da Cultura da Assembleia da República, o ministro frisou também que as questões serão respondidas "com a maior atenção" e que a directora seria ouvida.
A companhia Leirena Teatro, que informou, entretanto, ir apresentar uma candidatura à Direcção-Geral das Artes, para obter financiamento, disse também que não convidou Celeste Amaro para mostrar ter feito programação "sem subsídios", nem para se "comparar a nenhuma outra estrutura", mas sim, em "desespero de causa", para dar a conhecer a programação para 2018 e mostrar as dificuldades em que se encontra.