“Videoárbitro poderá evoluir para a explicação ao público”, diz João Capela
Árbitro português notou que a tecnologia “requer preparação mental e gestão emocional”.
O árbitro internacional João Capela reconheceu nesta terça-feira as dificuldades que teve no processo de introdução do videoárbitro da I Liga, sem deixar de assumir que as mudanças na arbitragem por via da tecnologia vieram para ficar. Perante uma plateia de alunos da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, que organizou a conferência “Vídeo-Árbitro (VAR): A tecnologia ao serviço da verdade desportiva?”, numa parceria com a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), o juiz da Associação de Futebol de Lisboa reconheceu que houve pouco tempo de formação.
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O árbitro internacional João Capela reconheceu nesta terça-feira as dificuldades que teve no processo de introdução do videoárbitro da I Liga, sem deixar de assumir que as mudanças na arbitragem por via da tecnologia vieram para ficar. Perante uma plateia de alunos da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, que organizou a conferência “Vídeo-Árbitro (VAR): A tecnologia ao serviço da verdade desportiva?”, numa parceria com a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), o juiz da Associação de Futebol de Lisboa reconheceu que houve pouco tempo de formação.
“A maior dificuldade para a arbitragem foi mudar rotinas; no meu caso, 20 anos. Esta rotina de arbitrar sem o sistema levou quase a uma formação ‘on job’; tivemos pouco tempo, mas só a prática é que nos faz crescer”, afirmou, sublinhando: “O VAR veio trazer mais verdade às nossas decisões. Não vejo o futuro do futebol sem o VAR”.
A aprovação do VAR nas Leis do Jogo pelo International Board foi relembrada por João Capela como um reforço do papel da tecnologia. O árbitro, que elogiou a Federação Portuguesa de Futebol pela experiência “pioneira”, defendeu ainda que este “ano de projecto tem sido uma referência como um manual de boas práticas” para o órgão regulador da arbitragem mundial.
“A dificuldade que se está agora a ter é como conseguir trazer o VAR para o terreno de jogo, porque o futebol e o espectáculo têm de ser percebidos pelo espectador no estádio. Julgo que o VAR poderá evoluir para a explicação do árbitro para o público”, confessou João Capela, numa demonstração de abertura do VAR aos adeptos.
Por outro lado, o juiz lisboeta explicou que o VAR é uma “nova forma de actuar que requer preparação mental e gestão emocional” distintas do habitual, mas argumentou que o elemento humano e de interpretação permanecem fundamentais. “Temos de ter outro tipo de trabalho para competir com as 40 câmaras, e vamos sempre perder. O International Board não quer tirar autonomia à equipa de arbitragem, porque senão deixa de ser necessário um ser humano em campo. Se eu for um ‘joystick’ vai perder-se a essência do futebol”, referiu.
Igualmente presentes no evento estiveram Luciano Gonçalves, presidente da APAF, Duarte Gomes, ex-árbitro internacional, e o treinador Daúto Faquirá. A importância do VAR foi enaltecida por todos, com o líder da APAF a manifestar ainda a expectativa de “Portugal ter um a dois árbitros como VAR no Mundial” da Rússia.
A época 2017-18 marou a introdução do videoárbitro na I Liga, tendo registado – segundo a APAF – nas primeiras 26 jornadas cerca de 50 decisões revertidas com o recurso ao auxílio tecnológico.