Dramatismo tépido
Esta sexta-feira, a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música regressa à Áustria com John Storgårds na interpretação da Sinfonia n.º 8 de Bruckner.
O país tema de 2018 é quase uma fonte inesgotável de música ocidental de tradição erudita, com tanto de boa como de consensual.
Dos “super clássicos” à música verdadeiramente contemporânea, a Áustria é dos territórios melhor servidos no que à criação musical respeita. Já o programa que a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música propôs para sábado passado não é dos mais óbvios, não sendo também dos que maior entusiasmo provocou.
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O país tema de 2018 é quase uma fonte inesgotável de música ocidental de tradição erudita, com tanto de boa como de consensual.
Dos “super clássicos” à música verdadeiramente contemporânea, a Áustria é dos territórios melhor servidos no que à criação musical respeita. Já o programa que a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música propôs para sábado passado não é dos mais óbvios, não sendo também dos que maior entusiasmo provocou.
O segundo Concerto para violino e orquestra de Mozart foi o pretexto para ouvir o igualmente austríaco Benjamin Schmid cumprir o seu papel de solista, com som agradável, afinação quase irrepreensível, cadências compostas pelo próprio... mas a que faltou rasgo.
Foi à segunda escola de Viena que a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música foi buscar a segunda obra do programa. Duas semanas antes, a mesma orquestra havia materializado aquela que será talvez a partitura mais significativa e ainda mais raramente escutada desse mesmo Arnold Schönberg (1874-1951) que rumava lentamente a uma nova direcção harmónica/melódica: os extraordinários Gurre-Lieder (1900-11). Neste fim-de-semana, interpretou o denso poema sinfónico Pelleas und Melisande op. 5 (1903), que Schönberg escreveu a partir da mesma peça de Maeterlinck que inspirou quase simultaneamente Claude Debussy.
Ainda que a Sala Suggia seja pequena para tanto som, Brönnimann ofereceu um retrato decente desta música extraordinariamente dramática — wagneriana mesmo — que nos transporta bem para a época em que foi composta.
À saída da Casa da Música, porém, o balanço é o de um momento musical que pouco tem de memorável, não fosse uma ou outra passagem de corne inglês, tuba ou concertino.
Não havendo “erros” a apontar (tanto no concerto como no poema sinfónico), um pouco mais de contraste, um pouco mais de subtileza, mas também de arrebatamento — de música, enfim — teriam feito toda a diferença.
Esta sexta-feira, a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música regressa à Áustria com John Storgårds na interpretação da Sinfonia n.º 8 de Bruckner.