Nádia Piazza: "Sou independente e livre”

A presidente da associação de vítimas de Pedrógão Grande vai contribuir para o programa do CDS com ideias sobre interioridade e diz estar disponível para fazer o mesmo em “outros fóruns” e com “outros partidos”.

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Paulo Pimenta

Nádia Piazza é o rosto das vitimas do incêndio de Pedrógão Grande e tem conhecido desde este sábado o sabor das críticas por ter decidido fazer parte da equipa que vai elaborar o programa do CDS. A presidente da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) recusa o rótulo partidário, garante que apenas vai dar as suas ideias sobre um tema que lhe é caro, e diz-se disponível para fazer o mesmo “com outros partidos”.

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Nádia Piazza é o rosto das vitimas do incêndio de Pedrógão Grande e tem conhecido desde este sábado o sabor das críticas por ter decidido fazer parte da equipa que vai elaborar o programa do CDS. A presidente da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) recusa o rótulo partidário, garante que apenas vai dar as suas ideias sobre um tema que lhe é caro, e diz-se disponível para fazer o mesmo “com outros partidos”.

“Sou cidadã e sou uma pessoa muito grata. Fui convidada para dar as minhas ideias sobre interioridade e estou disponível para o fazer em todos os fóruns”, disse em declarações ao PÚBLICO. Nádia foi convidada pela líder do CDS, Assunção Cristas, a contribuir para o que será o programa eleitoral do CDS. Diz que o faz a título pessoal, não em nome da associação. “Eu aceitei porque é uma missão pessoal, fazer o tema da interioridade vir ao de cima. As pessoas não estão habituadas a este tipo de actividade”, acrescenta.

Assunção Cristas tem sido das políticas mais presentes na zona dos incêndios e também por isso acaba por ser acusada várias vezes de tirar dividendos políticos da tragédia. Assim que anunciou o nome de Nádia Piazza como fazendo parte da equipa de sete elementos que vão fazer o programa do partido, equipa liderada por Adolfo Mesquita Nunes, as críticas saltaram para ambos os lados: para o convite de Cristas e para a aceitação de Nádia.

Para a mulher que tem estado à frente da associação essa partidarização que lhe querem colar não faz sentido. Diz-se “apartidária” e recusa que esta participação seja entendida como uma entrada na vida política, mesmo que o seu nome tenha sido usado num congresso partidário: “Tenho o direito e o dever de ser uma cidadã activa. Não é, de forma alguma, uma entrada na vida política”, garante.

Nádia assegura que não tem outros objectivos que não seja a associação e equipara esta sua participação no programa do CDS com outras actividades que tem tido com todos os quadrantes políticos: “Estou disponível para discutir com os outros partidos e para debater em outros fóruns. Ainda hoje [sábado] estive com a UGT”, recorda.

Outra das críticas que lhe são apontadas é o facto de enquanto presidente da AVIPG ter criticado várias vezes a actuação do Governo e de esta participação no programa do CDS agora poder interferir no trabalho da associação. “Isto não é a associação, é a Nádia”, defende, recusando a ideia de uma partidarização da AVIPG. Recorda que tem trabalhado com os vários partidos e que é isso que quer continuar a fazer: “Tenho tido reuniões com o Governo”, incluindo com o líder da unidade de missão criada pelo Governo para pôr em pé o novo mecanismo de protecção civil, Tiago Martins Oliveira.

Nádia, de 40 anos, é inexperiente no mundo da política. A jurista e consultora na Câmara de Figueiró dos Vinhos nunca teve cargos partidários, não é militante de nenhum partido, e diz que, talvez por ser brasileira e ter uma visão diferente das coisas, só vê bons sinais em poder contribuir com as suas ideias e, com isso, “fazer valer a nossa posição”.

“Sou independente e livre. Nessa qualidade, aceito participar em todos os fóruns, sem nunca me partidarizar", afirma, concluindo: "Aceito fazer o mesmo com outros partidos”.