Cristas aposta na demografia, nova economia e território

Líder do CDS diz que “não há impossíveis” nas legislativas de 2019. Arrancando para o ciclo eleitoral, anunciou os candidatos ao Parlamento Europeu.

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Cristas definiu as linhas condutoras do programa para as legislativas e voltou a insistir no CDS como a “primeira escolha” alternativa ao PS Paulo Pimenta

Reconfirmada como líder do CDS para os próximos dois anos, Assunção Cristas promete uma agenda política que cruza o território com a captação de investimento directo estrangeiro, apontado o mar e a economia digital como “prioridades de primeira linha”. Assumindo-se como a “primeira escolha” alternativa ao PS, a líder do CDS definiu já os eixos programáticos para as legislativas de 2019: demografia, economia digital e o território.

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Reconfirmada como líder do CDS para os próximos dois anos, Assunção Cristas promete uma agenda política que cruza o território com a captação de investimento directo estrangeiro, apontado o mar e a economia digital como “prioridades de primeira linha”. Assumindo-se como a “primeira escolha” alternativa ao PS, a líder do CDS definiu já os eixos programáticos para as legislativas de 2019: demografia, economia digital e o território.

No encerramento do 27.º congresso do CDS, o discurso de Cristas vincou o partido como “a escolha segura e inequívoca” para quem “não acredita no PS” e lançou as bases para o programa eleitoral. Depois de ter eleito a demografia como um dos temas da agenda do partido no congresso de 2016, a líder do CDS prometeu não deixar cair as questões da natalidade, do envelhecimento activo, e sobretudo as de conciliação da vida familiar e do trabalho.

Neste ponto, Cristas tomou uma decisão que reflecte a sua posição pessoal sobre a igualdade de género. “Não respondo mais a questões sobre como concilio trabalho e família, até ao momento em que essa mesma questão seja colocada aos homens que são pais e têm uma vida profissional e pública activa”, afirmou, recebendo uma salva de palmas dos congressistas no pavilhão multiusos de Lamego. Num partido em que as questões da paridade não estavam em cima da mesa, Cristas mostra-se uma assumida defensora de uma maior igualdade de oportunidades para as mulheres: “Não podemos continuar a ter um país em que mais de metade da população são mulheres, representamos 61% do ensino superior e no entanto estamos muito longe da paridade na política ou na direcção das empresas e instituições”.

Na área da prestação de cuidados, a líder do CDS reiterou a defesa do Estado social de parceria e, na saúde, prometeu apresentar “um modelo que se recria com base na inovação” e que “está assente na promoção da saúde e na prioridade dos cuidados primários, com foco no tratamento efectivo (e não na ‘produção’)”.

Em relação aos idosos, a líder do CDS prometeu retomar uma proposta de Lisboa: a criação de uma rede de cuidadores organizada a nível municipal em todo o país. Tal como o CDS tem defendido no Parlamento, a prioridade tem de ser a “dignidade do tratamento de todos até ao último momento de uma morte natural, num sistema bem articulado de cuidados hospitalares” e cuidados ao domicílio. Uma visão que rejeita a eutanásia.

Nova economia

A inovação e a nova economia é outro eixo eleito por Cristas para a acção política do CDS, reflectindo um toque de quem se propõe governar. “Queremos ser líderes mundiais na inovação, na economia azul”, afirmou, defendendo cidades e vilas costeiras como “centros territoriais de transformação de conhecimento em valor e crescimento económico, em estreita ligação com as universidades”.

A terceira linha de acção anunciada por Assunção Cristas está relacionada com o território no seu todo – mundo urbano, rural e mar. O CDS vai estar focado nas alterações climáticas, com a água a sobressair nas preocupações e a merecer uma “profunda reflexão”. Para o Interior, o CDS reitera a intenção de propor um estatuto fiscal, uma forma de discriminação positiva para quem vive e trabalha nos territórios despovoados. Cristas quer ainda uma “verdadeira zona franca regulatória” para que a inovação se possa desenvolver no interior. “Não podemos continuar a ter dois países, um litoral mais rico e um interior extremamente abandonado. Há quem diga que o interior é para passar férias, que não vale votos. No CDS não é assim que pensamos”, afirmou.

Com um congresso a terminar em clima de festa, a líder do CDS assume que, para “executar estas políticas, o partido tem de conquistar o seu espaço. No próximo ciclo eleitoral, Cristas vê uma janela de oportunidade que começa com as eleições regionais na Madeira e que segue com as europeias, eleições para as quais anunciou como candidatos Pedro Mota Soares, deputado, Raquel Vaz Pinto, professora universitária e Vasco Weinberg, jurista e especialista em direito de mar, para além do cabeça de lista, Nuno Melo.

Para as legislativas, a líder do CDS coloca o partido como “alternativa forte, coesa e empenhada, ao Governo socialista, apoiado pelas esquerdas encostadas”. Mais do que isso, com um traço de confiança que dominou os discursos do congresso, Cristas assume que o CDS é a escolha “clara, uma escolha segura, uma escolha inequívoca” para quem “não se revê no Governo PS ou nas esquerdas encostadas”. Sem nunca se referir ao PSD, a líder centrista disse acreditar que se chegará “com mais facilidade” à meta dos 116 deputados, somando os parlamentares “depois das eleições”. Admitindo as “dificuldades para lá chegar”, Assunção Cristas mostrou que o seu resultado histórico de 20% em Lisboa é um incentivo: “Já provámos que não há impossíveis”.

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