Do Angels Need Haircuts? vai mostrar-nos Lou Reed, o poeta

O livro a editar em Abril reúne poemas e contos escritos em 1970, no período em que, depois de abandonar os Velvet Undergroud, Lou Reed trabalhava como dactilógrafo.

Foto
A edição, com prefácio do próprio Reed e posfácio de Laurie Anderson, sua viúva, reúne 12 textos, entre poemas e contos, nove deles inéditos REUTERS/Jon Nazca

No Verão de 1970 Lou Reed abandonou os Velvet Underground. Deixara gravada uma obra que o futuro consagraria como umas das amadas e influentes na história do rock, mas, naquele preciso momento, o futuro não parecia brilhante. A banda caminhava para a desintegração e o sonho do rock’n’roll parecia terminado. Lou Reed abandonou a música, voltou ao lar da família e empregou-se como dactilógrafo na empresa de contabilidade do pai. Algo fervilhava nele, porém. E é isso, a poesia que criou num período de seis meses, que será editado em Abril, pela Anthology Editions, sob o título Do Angels Need Haircuts?

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No Verão de 1970 Lou Reed abandonou os Velvet Underground. Deixara gravada uma obra que o futuro consagraria como umas das amadas e influentes na história do rock, mas, naquele preciso momento, o futuro não parecia brilhante. A banda caminhava para a desintegração e o sonho do rock’n’roll parecia terminado. Lou Reed abandonou a música, voltou ao lar da família e empregou-se como dactilógrafo na empresa de contabilidade do pai. Algo fervilhava nele, porém. E é isso, a poesia que criou num período de seis meses, que será editado em Abril, pela Anthology Editions, sob o título Do Angels Need Haircuts?

É um Lou Reed, o músico que perdemos em 2013, que escreve amor e sexo e whisky, um Lou Reed que utiliza a verve dos beatnicks para fazer um retrato geracional pintado a negro, com se lê neste excerto de We the People: “We are the people without right. We are the people without a country, a voice or a mirror. We are the crystal gaze returned through the density and immensity of a berserk nation”.

A edição, com prefácio do próprio Reed e posfácio de Laurie Anderson, sua viúva, reúne 12 textos, entre poemas e contos, nove deles inéditos – dos já conhecidos, um deu origem a The murder mistery, gravado pelos Velvet Underground no seu terceiro álbum, e outros dois conheceram edição em pequenas revistas de poesia. O livro será acompanhado do áudio de Reed lendo os seus poemas na Igreja St. Mark, em Nova Iorque, em 1971 (Allen Ginsberg a ouvir atentamente entre o público).

O que aconteceu, sabemos muito bem. Nesse mesmo ano, o dactilógrafo poeta decidiu voltar à música e editou o homónimo álbum de estreia a solo. Pouco depois, David Bowie atravessava-se no seu caminho. O histórico Transformer, e com ele o renascimento de Lou Reed, estava a um passo de distância.