Advogado de José Silva anuncia recurso da prisão preventiva no caso e-toupeira
José Silva e Paulo Gonçalves foram ambos detidos nesta terça-feira.
O advogado Paulo Gomes anunciou, na quarta-feira, o recurso da prisão preventiva do cliente José Silva, detido no caso e-toupeira, no qual é arguido o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves. Em declarações aos jornalistas ao fim da noite, à saída do Tribunal de Instrução Criminal do Campus da Justiça, em Lisboa, o jurista considerou a decisão da juíza Cláudia Pina "excessiva" e explicou ainda que o tribunal justificou a sanção com o risco de "perturbação do inquérito" por via das "funções de oficial de justiça" do seu cliente nos tribunais de Fafe e Guimarães.
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O advogado Paulo Gomes anunciou, na quarta-feira, o recurso da prisão preventiva do cliente José Silva, detido no caso e-toupeira, no qual é arguido o assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves. Em declarações aos jornalistas ao fim da noite, à saída do Tribunal de Instrução Criminal do Campus da Justiça, em Lisboa, o jurista considerou a decisão da juíza Cláudia Pina "excessiva" e explicou ainda que o tribunal justificou a sanção com o risco de "perturbação do inquérito" por via das "funções de oficial de justiça" do seu cliente nos tribunais de Fafe e Guimarães.
José Augusto Silva, funcionário do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, está indiciado pelos crimes de corrupção passiva, favorecimento pessoal, peculato, burla informática, falsidade informática, nove crimes de acesso ilegítimo e mais quatro crimes de violação de segredo de justiça, estes em co-autoria com Paulo Gonçalves. Contudo, questionou os fundamentos das contrapartidas imputadas pelo Ministério Público.
"Se a ideia é transmitirem que há contrapartidas, então são meia dúzia de bilhetes e uma camisola", disse Paulo Gomes, que confirmou o recebimento, mas sem as atribuir a qualquer prática ilícita: "No futuro, o processo vai explicar porque é que ele recebeu. Não recebeu como contrapartida de corrupção nenhuma que lhe tivesse sido pedida."
De acordo com o advogado, o processo conta essencialmente com "perícias de natureza informática", "escutas e vigilâncias", mas reiterou que "os indícios estão fortemente descontextualizados" e que existe a possibilidade de a prisão preventiva ser revista no fim da fase de investigação.
Questionado sobre as eventuais implicações que a operação e-toupeira poderá ainda ter sobre o Benfica, por via da ligação entre o seu cliente e o assessor jurídico dos "encarnados", Paulo Gomes assegurou que José Augusto Silva não estava ao serviço do clube e revelou ainda existirem "acessos a partir de outras comarcas" a este processo. Paralelamente, mostrou-se céptico sobre alegados benefícios.
"A mim não me parece, honestamente. Se assim fosse, provavelmente a SAD do Benfica já teria sido constituída arguida, mas isso não cabe a mim, é um problema do Ministério Público. Face aos indícios, não me parece, mas isso também vale o que vale. É a minha opinião", frisou, sublinhando a sua percepção que o caso não evidencia conhecimento do Benfica sobre processos.
Já sobre a estratégia de silêncio adoptada, Paulo Gomes explicou essa postura com a argumentação de que "não foram facultados todos os factos" e recusou a ideia de "dois pesos e duas medidas" face ao outro arguido, Paulo Gonçalves, em virtude da diferente medida de coacção - liberdade com proibição de contacto com todos os co-arguidos.
Na terça-feira, a Polícia Judiciária deteve José Silva e Paulo Gonçalves no âmbito da operação e-toupeira, depois de ter realizado 30 buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa. O interrogatório dos dois arguidos detidos começou na tarde de quarta-feira no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa e terminou por volta das 22h30 do mesmo dia.