Paris Saint-Germain: na Liga dos Campeões o dinheiro não basta
Investimento milionário sem reflexo na principal prova europeia. Há 14 anos que não há clubes franceses em finais.
Restam poucas dúvidas que a Liga dos Campeões está transformada numa competição entre emblemas milionários, mas o dinheiro pode não ser suficiente para chegar longe no principal torneio europeu de clubes, como o Paris Saint-Germain aprendeu à própria custa. Depois de ter sido o melhor ataque da fase de grupos, com 25 golos, o conjunto orientado por Unai Emery caiu nos oitavos-de-final pelo segundo ano consecutivo. Um falhanço que provavelmente terá ratificado o despedimento do técnico no final da temporada, mas também confirma o fracasso dos clubes franceses na Champions.
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Restam poucas dúvidas que a Liga dos Campeões está transformada numa competição entre emblemas milionários, mas o dinheiro pode não ser suficiente para chegar longe no principal torneio europeu de clubes, como o Paris Saint-Germain aprendeu à própria custa. Depois de ter sido o melhor ataque da fase de grupos, com 25 golos, o conjunto orientado por Unai Emery caiu nos oitavos-de-final pelo segundo ano consecutivo. Um falhanço que provavelmente terá ratificado o despedimento do técnico no final da temporada, mas também confirma o fracasso dos clubes franceses na Champions.
“Estamos muito desapontados com a eliminação e a reacção de alguns jogadores”, admitiu o presidente do PSG, Nasser al-Khelaifi, após a segunda derrota frente ao Real Madrid, que carimbou o afastamento da Liga dos Campeões. “Não é o momento para falar em mudanças. Toda a gente está chateada. Vamos acalmar-nos para depois reflectirmos sobre o que temos de alterar. Estamos contentes com o nosso investimento e acreditamos nos jogadores. Vamos dar seguimento ao nosso projecto”, acrescentou.
O fim das pretensões europeias do PSG deixou à vista uma tendência: cada vez mais os clubes franceses andam afastados das finais europeias. Desde 2003-04, quando o Mónaco disputou a final da Liga dos Campeões (perdeu contra o FC Porto) e o Marselha esteve na decisão da Taça UEFA (antecessora da Liga Europa, que os franceses perderam para o Valência), não tornou a haver representantes de França a disputar troféus europeus. O mais próximo disso foi a final Barcelona-Arsenal, em 2005-06, disputada no Stade de France.
Desde que, em 2007, o então presidente da Liga francesa anunciou o objectivo de até 2012 obter um novo triunfo francês na Liga dos Campeões (a única conquista data de 1993, pelo Marselha) e conseguir a subida ao terceiro lugar da tabela de coeficientes da UEFA, o balanço é “catastrófico”, escrevia o diário desportivo francês L’Équipe. “Nestes dez anos, apenas três clubes franceses chegaram às meias-finais das provas europeias. O Lyon, na Liga dos Campeões 2009-10, e na Liga Europa na época passada, e o Mónaco, também na época passada, mas na Liga dos Campeões”, podia ler-se. No ranking da UEFA, a França ocupa o quinto lugar, mais perto do sexto (Rússia) do que do quarto (Itália).
O falhanço do PSG é ainda mais significativo tendo em conta o elevado investimento feito pela Qatar Sports Investment desde que adquiriu o emblema parisiense, em 2011. No total os gastos já superaram os mil milhões de euros, 400 milhões só no Verão passado, depois de o português Antero Henrique assumir o cargo de director desportivo do clube: 222 milhões por Neymar e 180 por Mbappé (embora no caso do jovem francês o montante só seja contabilizado na próxima época).
O orçamento do PSG aumentou exponencialmente desde que o clube é controlado pelo fundo de investimento do Qatar. Na presente temporada, segundo dados do L’Équipe, os parisienses estimam gastar 540 milhões de euros – o que representa mais do dobro do segundo maior orçamento da Liga francesa, que pertence ao Lyon (240 milhões). “O PSG é apenas um grupo de jogadores. As ideias não se compram”, criticou o italiano Arrigo Sacchi, citado pela agência Reuters.