Futebol cavernícola

O criador de Wallace & Gromit atira-se à pré-história, “mais ou menos pela hora de almoço e ali para os lados de Manchester”.

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O animador inglês Nick Park tem um problema que não pode resolver e que se chama Wallace & Gromit. Depois das aventuras do inventor desastrado e do seu melhor amigo canino, tanto em curta como em longa-metragem, as expectativas que Park (e o estúdio Aardman do qual é um dos responsáveis) criou estão colocadas a um nível intransponível. A Idade da Pedra é apenas a segunda longa que o britânico faz sem Wallace & Gromit, após o espantoso A Fuga das Galinhas.

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O animador inglês Nick Park tem um problema que não pode resolver e que se chama Wallace & Gromit. Depois das aventuras do inventor desastrado e do seu melhor amigo canino, tanto em curta como em longa-metragem, as expectativas que Park (e o estúdio Aardman do qual é um dos responsáveis) criou estão colocadas a um nível intransponível. A Idade da Pedra é apenas a segunda longa que o britânico faz sem Wallace & Gromit, após o espantoso A Fuga das Galinhas.

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VIDEO_CENTRAL

Se o uso da animação stop-motion (marionetes animadas fotograma a fotograma) pela Aardman continua a ser inultrapassável, A Idade da Pedra esbarra numa desagradável sensação de déjà-vu. Os tempos pré-históricos não são terreno virgem para a animação, basta lembrarmos os imortais Flintstones ou a série da Idade do Gelo. E a trama criada para o novo filme é menos imaginativa do que se esperaria: é a tradicional história de David contra Golias. Neste caso, David é uma tribo pré-histórica que sobreviveu aos dinossáurios num valezinho perdido, mas que tem de combater o Golias da Idade do Bronze quando ele chega para explorar as riquezas naturais do vale.

O que distancia A Idade da Pedra é, claro, a precisão iluminada da animação e a quantidade de gagues visuais que se sucedem a uma velocidade inaudita (como a banca de carnes chamada “Jurassic Pork” ou a rede-teia de aranha), bem como a premissa do desafio de David a Golias: o combate pelo vale perdido joga-se no relvado de um campo de futebol, jogo que é a obsessão do pessoal do Bronze e que, às tantas, se descobre que poderá ter sido inventado pelos antepassados trogloditas da tribo das cavernas. Faz sentido: afinal tudo se passa “mais ou menos pela hora de almoço e ali para os lados de Manchester”. E os Flintstones a jogar futebol, com direito a árbitro contestado, comentadores e instant replay, a par da inspiração que é a mascote da tribo cavernícola, o Porcão, conseguem fazer esquecer as fraquezas do argumento. A Idade da Pedra é aquela coisa de que andamos todos a precisar, que é uma comédia mesmo divertida. Mas pela mesma bitola terá de se dizer que esta é obra menor na linhagem da Aardman.