Manuel Monteiro não exclui regresso ao CDS
Pela primeira vez, o ex-líder do CDS assumiu, em público, que pode voltar à fileira de militantes do partido agora presidido por Assunção Cristas.
A dias do 27.º Congresso do CDS-PP, marcado para 10 e 11 de Março, em Lamego, o ex-líder Manuel Monteiro, que em 2003 se afastou para fundar o Partido Nova Democracia, disse esta terça-feira na SIC Notícias que admite voltar ao CDS após uma “conversa serena” com algumas pessoas importantes na sua vida.
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A dias do 27.º Congresso do CDS-PP, marcado para 10 e 11 de Março, em Lamego, o ex-líder Manuel Monteiro, que em 2003 se afastou para fundar o Partido Nova Democracia, disse esta terça-feira na SIC Notícias que admite voltar ao CDS após uma “conversa serena” com algumas pessoas importantes na sua vida.
“Põe de parte a hipótese de um dia voltar ao CDS?”, questionou o jornalista Pedro Cruz, no programa Dez Minutos da SIC Notícias. “Não”, respondeu Monteiro. “E é a primeira vez que falo disto em público.” O jornalista insistiu, para clarificar: “Não põe de parte?” E o entrevistado repetiu: “Não. Há pouco, quando vinha para cá, calculei que me fizesse essa pergunta. Já sei que vou ouvir muitas críticas logo à noite, em casa, com esta minha resposta...”
Manuel Monteiro acrescentou, então, que tem dias em que gostaria de voltar. “Tenho dias. Se o fizer, ou se algum dia decidir fazê-lo, a primeira coisa que teria de fazer era rumar a Braga e conversar com um conjunto significativo e muito importante de pessoas na minha vida, que estiveram comigo no CDS e que saíram comigo. Nunca faria uma coisa dessas sem estar em Braga e ter uma conversa serena com um conjunto de pessoas”, disse, assumindo que, se fosse hoje, provavelmente, já não teria fundado o Nova Democracia.
Sobre se tem saudades do ambiente vivido em congressos e campanhas, o ex-líder disse que sim e que não. “Mentiria se lhe dissesse que não, porque há sempre aquela adrenalina, aquela paixão de ouvir e contactar com pessoas e, depois de combater e de lutar por aquilo que achamos mais importante lutar. Do que não tenho saudades nenhumas é das noites eleitorais. Eram momentos angustiantes”, recordou.
Depois de deixar a presidência do Nova Democracia, em 2008, Manuel Monteiro ainda concorreu pelo partido às legislativas de 2009, como cabeça de lista pelo distrito de Braga, mas não chegou a ter 1% dos votos, tendo decidido afastar-se.
No liceu, foi colega de turma de António Costa, mas nem por isso se aproximou do PS. Pelo contrário, começou por militar na Juventude Centrista (a actual Juventude Popular) e foi presidente desta estrutura de 1986 a 1990. Foi eleito líder do CDS há 16 anos, em Lisboa, derrotando Basílio Horta, que hoje é presidente da Câmara de Sintra pelo PS, e António Lobo Xavier, actual conselheiro de Estado.
Hoje, Manuel Monteiro é professor na Universidade Lusíada de Lisboa e do Porto, nos cursos de Direito e de Relações Internacionais. Por já não ser militante do CDS, o ex-presidente não foi convidado pela actual liderança para ir ao congresso, a uma cerimónia de homenagem a Adriano Moreira. “Foi convidado?”, perguntou Pedro Cruz. “Não, fui sondado”, respondeu, acrescentando que, se tivesse havido convite, era natural que tivesse dado resposta positiva. “O mais certo é que fosse. Quando fui sondado, disse que, salvo se houvesse algum imponderável na minha vida, iria com todo o gosto”. Manuel Monteiro assumiu que compreende a decisão de Assunção Cristas de só convidar ex-presidentes que ainda são militantes do partido e confessou que ainda não fez as pazes com Paulo Portas.