Invasora azolla regressa ao rio Guadiana em Mértola
Há mais de dois meses que a planta aquática apareceu na ribeira de Oeiras. Com a subida das águas, devido à chuva da última semana, a infestante foi arrastada para o Guadiana.
A população mais idosa de Mértola ainda se recorda do susto que apanhou, em Junho de 1993, quando uma planta nunca vista por aquelas bandas cobriu com denso manto de aspecto esverdeado o troço do rio mesmo em frente da vila histórica. Não lhe conhecia o nome, por isso chamavam-lhe apenas algas, mas estas tornaram-se um pesadelo sobretudo para a faina pesqueira porque incidia sobre as zonas onde o peixe era mais abundante. A limpeza da azolla, que se dizia ser consequência da poluição vinda de Badajoz resultante de esgotos não tratados, foi feita por militares que permaneceram no local várias semanas. Desde então, a espécie invasora nunca mais apareceu até que, há quase três meses, a população deu conta de uma mancha de cor vermelha que cobria o curso de água na ribeira de Oeiras, muito próximo da confluência com o Guadiana.
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A população mais idosa de Mértola ainda se recorda do susto que apanhou, em Junho de 1993, quando uma planta nunca vista por aquelas bandas cobriu com denso manto de aspecto esverdeado o troço do rio mesmo em frente da vila histórica. Não lhe conhecia o nome, por isso chamavam-lhe apenas algas, mas estas tornaram-se um pesadelo sobretudo para a faina pesqueira porque incidia sobre as zonas onde o peixe era mais abundante. A limpeza da azolla, que se dizia ser consequência da poluição vinda de Badajoz resultante de esgotos não tratados, foi feita por militares que permaneceram no local várias semanas. Desde então, a espécie invasora nunca mais apareceu até que, há quase três meses, a população deu conta de uma mancha de cor vermelha que cobria o curso de água na ribeira de Oeiras, muito próximo da confluência com o Guadiana.
Na reunião de câmara de 17 de Janeiro, a vereadora da oposição Lígia Rafael (CDU) questionou o presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa, sobre o estado em que se encontra a ribeira de Oeiras, perguntando se a autarquia “já tinha tomado alguma diligência” no sentido de se perceber o que se estava a passar. A autarca pretendia saber se era “uma questão de poluição ou alguma vegetação invasiva”.
O autarca confirmou que já tinha tomado conhecimento da ocorrência há algum tempo e que os serviços da câmara tinham concluído que “aparentemente de tratava de uma planta que se alojou na água daquela zona” da ribeira de Oeiras. Jorge Rosa acrescentou que ia procurar “descartar a possibilidade de uma contaminação no poço de bombeamento” que existe na zona onde estão decorrer as obras de construção de um pavilhão multiusos. E disse que já tinha solicitado à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que fosse feita uma avaliação para identificar as causas e razões da “mancha avermelhada”.
Na reunião de câmara seguinte, a 7 de Fevereiro, Jorge Rosa, instado de novo a esclarecer as origens do problema, adiantou que a APA já tinha confirmado que se trata de “uma planta que há alguns anos surgiu no Guadiana, chamada azolla”. E explicou ao executivo que pediu aos serviços jurídicos um parecer sobre quem tem “responsabilidade e competência” para proceder à remoção da planta infestante.
Entretanto, a última semana trouxe muita chuva. A ribeira de Oeiras viu o seu caudal aumentar, a azolla foi arrastada para o Guadiana e as consequências assumem maior gravidade.
Ao final da tarde desta segunda-feira, a Câmara de Mértola divulgou um comunicado confirmando “o aparecimento da espécie invasora azolla, na ribeira de Oeiras”, acrescentando que tinha contactado a APA, “entidade com responsabilidade pelo curso de água”, para que proceda à “retirada urgente” da planta que, neste momento, “já se deslocou para o rio Guadiana”.
O comunicado refere ainda que o município de Mértola também contactou a Capitania do Porto de Vila Real de Santo António e Tavira, e que recebeu a garantia de que a equipa de combate à poluição da capitania “iria retirar todas as plantas invasoras do rio Guadiana”. A autarquia garante que “fez todas as diligências junto das entidades competentes para que o problema fosse resolvido com a maior brevidade possível”.
A azolla é um género de feto-aquático pertencente à família Salviniaceae e é parecida com a lentilha-de-água. Normalmente apresenta cor verde, mas, em condições de stress ambiental, o lobo dorsal adquire uma coloração avermelhada devido à presença de pigmentos (antocianinas) existentes nas folhas. Em condições favoráveis (temperatura elevada, caudais reduzidos e disponibilidade em nutrientes, principalmente fósforo), multiplicam-se rapidamente, dando origem a tapetes de cor tipicamente verde-avermelhada que cobrem a superfície da água.