Procuradores apontam à “afinidade” entre “Salgado/Sócrates” e Pinho
Os procuradores responsáveis pela investigação às suspeitas de corrupção no processo dos contratos CMEC da EDP querem deixar evidentes os laços entre Salgado, Sócrates e Pinho.
Não foi só “ao processo BES” que os procuradores que investigam as suspeitas de corrupção em torno dos contratos CMEC da EDP pediram colaboração. Carlos Casimiro Nunes e Hugo Neto recorreram também à “Operação Marquês”, em que é arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates, por saber que nessa investigação existem “documentos com interesse para a recolha de prova indiciária no âmbito do presente inquérito”.
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Não foi só “ao processo BES” que os procuradores que investigam as suspeitas de corrupção em torno dos contratos CMEC da EDP pediram colaboração. Carlos Casimiro Nunes e Hugo Neto recorreram também à “Operação Marquês”, em que é arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates, por saber que nessa investigação existem “documentos com interesse para a recolha de prova indiciária no âmbito do presente inquérito”.
São elementos que “comprovam, designadamente, a qualidade e o grau de afinidade (…) existente entre Ricardo Salgado/José Sócrates e Manuel Pinho”.
Por isso pediram ao procurador Rosário Teixeira a transcrição do depoimento do ex-presidente do antigo BESI José Maria Ricciardi. No decurso de respostas a questões sobre o papel de Ricardo Salgado e José Sócrates nos acontecimentos relacionados com a Portugal Telecom (que levaram à venda da Vivo à Telefónica, ao bloqueio da tentativa de compra da PT pela Sonae e à entrada da PT no capital da Oi) Ricciardi afirma que era “voz corrente” que foi o seu primo, Salgado, ex-presidente do antigo BES, quem indicou Pinho para ministro.
Os procuradores também pediram os relatórios de escutas telefónicas a Sócrates, onde se incluem conversas com Pinho (em Abril e Junho de 2014, antes da prisão do primeiro, em Novembro). Nestas, entre os temas abordados estão os planos (não concretizados) do ex-primeiro ministro de passar um semestre como académico em Columbia, graças a um convite feito por esta universidade, mas intermediado pelo seu ex-ministro da economia.
A dada altura, Sócrates diz a Pinho que estava a pensar ir em Janeiro, algo que este desaconselha porque não vai estar lá na maior parte do tempo, porque perdem o convívio e porque o tempo é muito frio e Sócrates fica infeliz, segundo se lê no relatório. Este também mostra que a situação de Ricardo Salgado foi outro dos temas abordado nas conversas entre Pinho e Sócrates naquela Primavera de 2014 (o BES viria a ser intervencionado em Agosto). Por exemplo, o antigo ministro da Economia (ex-quadro do BES) quis saber se o ex-primeiro ministro tinha ido visitar Salgado a casa e como o tinha achado de ânimo. Ao que Sócrates respondeu que o ex-banqueiro estava “descontraído, mas consciente do que lhe está a acontecer”.
Nas observações que fez a propósito do antigo líder do BES, Manuel Pinho notou, entre outras coisas, que o ex-banqueiro se “pôs a jeito”, “está metido num embrulho” e que “fez erros que nem uma mulher-a-dias faria”.