E o VAR foi aprovado...
Esta formalização do VAR, como parte integrante das Leis de Jogo, traz, desde já, um desafio à Federação Portuguesa de Futebol e ao seu Conselho de Arbitragem.
Sábado foi um dia histórico para a arbitragem mundial. O International Board (IFAB), na sua 132.ª assembleia geral, aprovou por unanimidade a introdução do vídeoárbitro nas Leis de Jogo.
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Sábado foi um dia histórico para a arbitragem mundial. O International Board (IFAB), na sua 132.ª assembleia geral, aprovou por unanimidade a introdução do vídeoárbitro nas Leis de Jogo.
Quer isto dizer que a Lei 6, que no início época 2016/2017 passou a chamar-se “Os outros elementos da equipa de arbitragem” (antes era “Lei 6 – Árbitros Assistentes”) passará a integrar o descritivo das responsabilidades do Videoárbitro (VAR) e do Assistente do Videoárbitro (AVAR). O detalhe do funcionamento e regras do VAR – famoso protocolo – irá provavelmente integrar um anexo/capítulo extra às Leis de Jogo. Ficará assim, espera-se, acessível de forma a que os diversos intervenientes do jogo não possam alegar desconhecimento detalhado das obrigações e limitações deste novo elemento da equipa de arbitragem.
Esta formalização do VAR, como parte integrante das Leis de Jogo, traz, desde já, um desafio à Federação Portuguesa de Futebol e ao seu Conselho de Arbitragem. Isto é, sabendo-se desde já que na próxima época deixaremos de estar em “modo experimental” para “modo permanente”, terá de ser tomada a decisão se os VARs continuarão a ser os mesmos árbitros que estão no quadro de primeira categoria (situação actual) ou se irá ser criado um quadro específico de VARs. Se a opção for a primeira, fica também em aberto a possibilidade de ter que se aumentar o quadro de 1,ª categoria.
Outra relevante alteração às Leis foi a aprovação da possibilidade de uma quarta substituição, apenas durante o prolongamento. Esta alteração poderá também ela começar a ser utilizada a partir do Mundial da Rússia, caso a FIFA decida nesse sentido.
Mas na sexta-feira foi dia de clássico. Porto e Sporting defrontaram-se no Estádio do Dragão com arbitragem de Artur Soares Dias. Dias antes do jogo afirmei que o Artur seria a nomeação natural para esta importante partida. Isto, independente de eu achar que ele não atravessava o seu melhor momento de forma. Pois, acertei e errei. Acertei na nomeação e errei ao pensar que o Artur podia não estar num bom momento. Fez, a meu ver, uma excelente arbitragem. Aceito que hajam opiniões divergentes sobre o lance do Doumbia. Houve um contacto e houve uma queda. Para mim não houve causa efeito entre estas duas situações. Logo, não houve falta. Aceito e consigo compreender quem tenha opinião diferente. Aliás (aviso que vou afirmar algo que pode ser complicado de perceber ou até polémico para aqueles que só aceitam que as coisas sejam ou pretas ou brancas, nunca cinzentas), se o Artur Soares Dias tivesse sancionado penálti sobre o Doumbia, muito provavelmente, eu daria a decisão como correcta. Desculpem. Mas em situações que para mim são perto do cinzento, tendo apoiar a decisão que o árbitro tomou.
No sábado, Hélder Malheiro, um experiente jovem árbitro, esteve no Benfica – Marítimo e fez, também ele, uma arbitragem qualificável com nota máxima. É bom quando assim acontece. Pouco ou nada a falar dos árbitros. Fosse assim sempre e eu, enquanto comentador de arbitragem, ficava no desemprego.... Era tão bom sinal!
Escrevi acima que, com a introdução do Protocolo VAR no Livro das Leis de Jogo, passará a deixar de haver desculpas alegando desconhecimento do detalhe do funcionamento do VAR. A verdade é que essa desculpa nunca fez sentido. A Federação Portuguesa de Futebol e o Conselho de Arbitragem têm feito um esforço por divulgar toda a informação possível sobre o projecto videoárbitro. Eu e alguns colegas ex-árbitros, também comentadores de arbitragem, temos tentado esclarecer ao máximo a opinião pública. Este “esforço” no esclarecimento de tudo o que tem a ver Leis de Jogo ganhou ontem mais um recurso. Foi lançado um livro (dois volumes), escrito por Adelino Antunes, José Filipe e Vítor Reis, antigos árbitros que foram também técnicos de arbitragem ao serviço da FPF, e que aconselho a todos os que querem saber um pouco mais sobre as Leis de Jogo. Amarelo, Vermelho e Golo – O Futebol e as suas regras tem por objectivo dar a conhecer e analisar em detalhe a arbitragem do futebol e simultaneamente apresentar o árbitro de uma forma mais humana para que se saiba tudo a que este agente desportivo tem de dar atenção sem qualquer tipo de subterfúrgios ou demagogias. Vale a pena.