Num encontro histórico, Kim recebeu representantes da Coreia do Sul
Encontro histórico serviu para encorajar diálogo inter-coreano e perceber posição de Pyongyang sobre a hipótese de negociações directas com Washington.
Pela primeira vez desde que assumiu o poder, em 2011, Kim Jong-un recebeu representantes da vizinha Coreia do Sul em Pyongyang. O encontro inédito desta segunda-feira, seguido de um jantar oferecido pelo líder do regime, serviu para dar seguimento ao aprofundamento do diálogo inter-coreano – encorajado com a participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pyeongchang – e para se apalpar terreno sobre a receptividade da Coreia do Norte em encetar negociações directas com os Estados Unidos sobre o seu programa nuclear.
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Pela primeira vez desde que assumiu o poder, em 2011, Kim Jong-un recebeu representantes da vizinha Coreia do Sul em Pyongyang. O encontro inédito desta segunda-feira, seguido de um jantar oferecido pelo líder do regime, serviu para dar seguimento ao aprofundamento do diálogo inter-coreano – encorajado com a participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pyeongchang – e para se apalpar terreno sobre a receptividade da Coreia do Norte em encetar negociações directas com os Estados Unidos sobre o seu programa nuclear.
Os EUA afirmam-se disponíveis para negociar com Pyongyang, mas apenas mediante uma promessa norte-coreana de desnuclearização. A resposta de Kim foi discutida no encontro com a comitiva sul-coreana e deverá ser apresentada aos norte-americanos ainda esta semana.
A delegação sul-coreana, encabeçada pelo assessor presidencial para a segurança interna, Chung Eui-yuong, e pelo responsável pelos serviços secretos sul-coreanos, Suh Hoon, viaja para Washington nos próximos dias, para se encontrar com responsáveis da Administração Trump.
Dessa visita, farão ainda parte o vice-ministro da Unificação sul-coreano, Chun Hae-sung, figura de relevo nas negociações dos Jogos Olímpicos; o representante dos serviços secretos, Kim Sang-gyun, e um responsável da Casa Azul, Yung Gyeong-young.
Recorde-se que nos Jogos Olímpicos de Pyeongchang, a Coreia do Norte tinha mesmo agendado uma reunião com o vice-presidente Mike Pence e com delegação norte-americana, mas acabou por desmarcá-la à última hora. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Pyongyang acusou os EUA de colocarem obstáculos ao diálogo.
“Esta é a posição principal e consistente da Coreia do Norte, de resolver as questões diplomáticas com diálogo e negociação”, disse o ministro, de acordo com a agência noticiosa estatal. “O diálogo que desejamos visa discutir e resolver problemas que preocupam ambos os estados… mas a atitude dos EUA, depois de clarificarmos a intenção do diálogo, compele-nos a achar que os EUA não estão interessados”, completou.
“Diálogo inter-coreano fluido”
Numa conferência de imprensa antes da partida para Pyongyang, Chung Eui-yuong revelou que iria dar a conhecer a Kim Jong-un a posição do Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in no que respeita à “manutenção o diálogo e melhorar as relações entre o Sul e o Norte”. “Acima de tudo, vou comunicar claramente a vontade e a intenção do Presidente, que quer a desnuclearização da península coreana e uma paz duradoura por via de um diálogo inter-coreano fluido, para melhorar a relação que foi construída durante os Jogos Olímpicos de Pyeongchang”, afirmou, citado pela CNN.
Para a Administração de Moon, os Jogos Olímpicos Inverno foram uma oportunidade para travar a escalada de tensão que se tem verificado no último ano e restabelecer a comunicação entre os dois países da península coreana. Foi durante a abertura da competição que a irmã de Kim, Kim Yo-jong – responsável pelo departamento de propaganda norte-coreano – convidou o Presidente sul-coreano para uma visita ao Norte. Na mesma cerimónia, as duas Coreias desfilaram juntas sob a bandeira da unificação da península.
As duas Coreias estão neste momento a negociar os detalhes da participação da Coreia do Norte nos Jogos Paralímpicos de Pyeongchang, que decorrem entre 9 e 18 de Março. Com António Saraiva Lima