A Europa e o regresso da “questão alemã”

Nos últimos dez anos, a Europa viveu de novo ao ritmo da eterna “questão alemã”. Tinha-a resolvido depois da II Guerra e, novamente, depois do fim da Guerra Fria. A crise financeira trouxe-a de volta, colocando a Alemanha perante o seu eterno dilema: tão grande e, afinal, tão pequena. Merkel foi a grande protagonista. Os europeus habituaram-se a ela e ainda precisam dela. Os alemães nem tanto.

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A Europa viveu os últimos dez anos como se fossem cem. Pela primeira vez na história quase sempre feliz da sua integração, o cenário do fim (lento e sub-reptício ou rápido e brutal) esteve em cima da mesa. Não estava preparada para enfrentar as consequências da tremenda crise financeira que explodiu no próprio coração do sistema. A ordem internacional assente no multilateralismo, que lhe era favorável, entrou em mutação acelerada fazendo emergir um mundo multipolar em crescente desordem. As certezas de ontem passaram a ser incertezas. A eleição de Obama em 2008 atenuou o impacto desta nova "aceleração" da História. O Presidente cuja eleição mobilizou o mundo inteiro era aquele com que a Europa sempre sonhara. A boa velha Alemanha continuava a dar sinais (mais intermitentes, é certo) do seu compromisso europeu.

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A Europa viveu os últimos dez anos como se fossem cem. Pela primeira vez na história quase sempre feliz da sua integração, o cenário do fim (lento e sub-reptício ou rápido e brutal) esteve em cima da mesa. Não estava preparada para enfrentar as consequências da tremenda crise financeira que explodiu no próprio coração do sistema. A ordem internacional assente no multilateralismo, que lhe era favorável, entrou em mutação acelerada fazendo emergir um mundo multipolar em crescente desordem. As certezas de ontem passaram a ser incertezas. A eleição de Obama em 2008 atenuou o impacto desta nova "aceleração" da História. O Presidente cuja eleição mobilizou o mundo inteiro era aquele com que a Europa sempre sonhara. A boa velha Alemanha continuava a dar sinais (mais intermitentes, é certo) do seu compromisso europeu.

Quando Angela Merkel venceu por uma unha negra as eleições de 2005, uma boa parte dos seus parceiros europeus recebeu-a com entusiasmo. Não que a Alemanha tivesse mudado de forma significativa a sua política europeia depois da unificação, mas o chanceler social-democrata Gerhard Schroeder (1998-2005), cultor da "terceira via" que então dominava o centro-esquerda europeu, anunciara aos seus parceiros que a Alemanha passava a ser "um país normal", com direito de defender os seus interesses nacionais com o mesmo vigor que a França ou o Reino Unido. Ver-se-ia derrotado por uma mulher, que veio do Leste para liderar a CDU. Uma estreia absoluta. Quando chegou, a chanceler tinha três objectivos: salvar a Constituição europeia, que acabava de ser rejeitada por referendo em dois dos países centrais da União Europeia, França e Holanda; reconstituir a relação transatlântica depois de Schroeder a ter posto em causa pela primeira vez desde a fundação da República Federal, quando alinhou com Jacques Chirac e com Vladimir Putin contra a guerra americana no Iraque (2003); refazer os laços, sempre difíceis, entre o seu país e a Polónia, que o seu antecessor pusera em risco com a sua estreita relação com a Rússia de Putin. Os seus dois primeiros anos no poder provaram que a Alemanha mantinha o seu compromisso com a ideia de uma Europa unida. Resolveu a crise constitucional, negociando pacientemente um novo tratado que acabou por ser aprovado em Lisboa, durante a presidência portuguesa, sem grandes alterações (mais de forma do que de conteúdo). Continuavam os dias felizes.

Quando, em Setembro de 2008, com a queda do Lehman Brothers, a crise financeira explodiu com enorme violência nos Estados Unidos, a chanceler começou por acreditar que era um problema americano. Quando Obama aprovou um gigantesco pacote financeiro para injectar dinheiro da economia e travar a corrida desgovernada para uma nova Grande Depressão (Pequim fez o mesmo), encolheu os ombros. Começou, aliás, por distanciar-se de Obama, ainda durante a campanha eleitoral americana, impedindo-o de discursar na Porta de Brandeburgo. Não lhe terão escapado as centenas de milhares de alemães que foram aplaudi-lo entusiasticamente junto à Coluna da Vitória. A chanceler que vinha do Leste sabia a quem o Leste devia, em primeiro lugar, a sua libertação. Bush ainda estava na Casa Branca e era ele o seu interlocutor.

O dia em que tudo mudou

Quando, no início de 2010, a Grécia anunciou que estava à beira da bancarrota, limitou-se a lembrar a cláusula de "no bailout", inscrita no Tratado de Maastricht, que definia as regras de funcionamento da União Económica e Monetária. Se um país do euro tiver um problema, terá de o resolver sozinho. Tinha sido uma concessão de Mitterrand a Kohl quando negociaram a união monetária. Foi preciso "ver o abismo debaixo dos pés", nas palavras de Joschka Fischer, para decidir actuar, dando luz verde ao primeiro resgate da Grécia. Tinha, porventura, outras razões. Os bancos alemães detinham uma enorme fatia da dívida grega. A Grécia foi salva in extremis. A resposta da Alemanha não foi suficientemente contundente para que os mercados entendessem que a zona euro voltava a ser indivisível. A crise continuou. Seguiram-se a Irlanda e Portugal (mais tarde, Chipre), mas também a Espanha, ainda que numa versão sem troika, com um grande empréstimo destinado a salvar a banca, atingida em cheio pela crise imobiliária. A troco dos resgates, Berlim impôs um "programa de ajustamento" a cada um dos países resgatados, que implicava uma dose brutal de austeridade e uma lista de reformas cegas que se esqueceram de contemplar as particularidades de cada um. Para sublinhar o carácter excepcional desta ajuda, Berlim impôs a participação do FMI.

Foi um tempo de pânico quase permanente. Até ao primeiro dia de Agosto de 2012, quando o presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, anunciou que faria "tudo o que fosse preciso", "mas mesmo tudo", para salvar o euro. Teve o efeito desejado. Merkel não o contrariou. Mas a Alemanha, ou, pelo menos, uma parte da sua elite, deixava-se levar, pela primeira vez desde a II Guerra, pela tentação de seguir o seu próprio caminho. Ulrike Guérot, reputada académica alemã, escreveu um longo ensaio intitulado "O que pensa a Alemanha sobre a Europa?". Publicado em Janeiro de 2013, partia da questão que a maioria dos europeus se colocava: "Depois de muitos anos no centro do projecto europeu, a Alemanha parece que perdeu o seu interesse por ele." Não era só a moeda comum. Berlim parecia distanciar-se também da política externa dos seus principais parceiros. Quando, em Março de 2011, o Conselho de Segurança da ONU deu luz verde a uma intervenção militar na Líbia, apoiada pela NATO, para impedir o ditador Khadafi de esmagar a revolta na cidade de Bengazi, Berlim resolveu abster-se, ao lado da China e da Rússia e contra todos os seus aliados ocidentais. Não foi um bom sinal. De novo Guérot: "A Alemanha passou a calcular friamente os custos da integração e a olhar para a Europa sem qualquer idealismo." A relutância alemã pelo uso da força militar era compreensível. Vinha do passado. Mas havia em Berlim a ilusão de acreditar que seria a "geoeconomia" que, em última análise, ditaria o destino das nações. Era o regresso da velha "questão alemã", quase 20 anos depois da reunificação, que a tinha resolvido da melhor forma possível: mantendo a Alemanha unificada na NATO e na União Europeia.

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Macron, uma lufada de esperança; Theresa May, rosto de um “Brexit” que retira à Europa boa parte da sua capacidade militar ANDY RAIN/EPA

Uma moeda mais alemã

Angela Merkel percebeu que tinha de salvar o euro, mas sem desperdiçar a oportunidade criada pela crise de o recriar numa versão muito mais alemã. Somaram-se a um ritmo alucinante as cimeiras europeias "da última oportunidade", que nunca o chegaram a ser. Líderes recém-eleitos de países tão importantes como a França ou a Itália acreditavam que seriam capazes de forçar a mão da chanceler, obrigando-a a olhar para o risco de uma "espiral recessiva" ou da própria desintegração da Europa. Falharam todos. Wolfgang Schäuble tornou-se a cara da intransigência alemã e o homem mais popular da Alemanha. Foi aprovado um novo "tratado orçamental" com regras ainda mais duras para os países da zona euro. Algumas impossíveis de cumprir. Abriram-se feridas profundas entre os países ricos do Norte, com a sua virtude do trabalho, e os países do Sul, com os seus vícios da preguiça. O preconceito instalou-se. Merkel não hesitou em "despedir" sumariamente o então primeiro-ministro grego, George Papandreou, quando foi comunicar-lhe que faria um referendo ao "programa de ajustamento". O líder do Pasok demitiu-se e o seu partido evaporou-se. Alguns anos depois, com a Grécia a caminho do seu terceiro resgate, a mesma chanceler sentou-se à mesa com Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro grego que vinha da esquerda radical, e os dois, sozinhos, entenderam-se sobre qual era o caminho a seguir. O "momento unipolar" da Alemanha não deixou boas recordações. Como sempre acontece na Europa, a História continua sempre disponível para ser desenterrada. A face negra da Alemanha regressou, mesmo que representasse uma enorme injustiça.

Progressivamente, a imagem da chanceler fundiu-se com a do seu próprio país. A Alemanha era ela. O seu rosto tornou-se familiar para uma maioria esmagadora de europeus. O poder de decisão transferiu-se de Bruxelas para Berlim. A Comissão não resistiu, ficando reduzida à condição de "polícia" com a função de fiscalizar o cumprimento dos "programas de ajustamento" e as novas regras do euro. A França fazia má cara mas cedia. "O problema da Alemanha não é ter razão, é não saber ter razão", nas palavras de António Vitorino. Começava o tempo de reconciliação.

A crise política

Entretanto, as democracias europeias (quase todas) mergulharam numa outra crise, muito mais séria. Da Suécia à Itália, passando pelos outros países nórdicos e pelos países do Leste, uma vaga de antieuropeísmo e de repúdio dos outros, fossem eles imigrantes ou refugiados, varreu os sistemas políticos, transformando-se rapidamente na mais séria ameaça à sobrevivência da União Europeia. O epicentro era a França, onde a Frente Nacional de Marine Le Pen ganhava terreno eleitoral a uma tal velocidade que chegou a admitir-se a possibilidade de vencer as presidenciais de Maio de 2017. Seria o fim. Merkel percebeu o perigo. A Alemanha continuava a ser um esteio de estabilidade política e a derradeira barragem à ofensiva populista. A folgada vitória de Emmanuel Macron, um fenómeno político verdadeiramente notável, foi uma lufada de esperança, provando que o discurso nacionalista e xenófobo podia ser derrotado. O novo Presidente francês não teve medo de ir a contracorrente, fazendo uma campanha pela Europa e pela abertura ao mundo, sem qualquer concessão às bandeiras da Frente Nacional. Prometeu uma "revolução", anunciando um conjunto de reformas capazes de devolver à França a sua competitividade económica e o seu lugar na liderança da Europa. A Alemanha saudou-o com entusiasmo. Ele reformava a França, Merkel reformava a Europa.

O ponto de viragem

A chanceler aprendeu muito. Percebeu, embora tarde, que a implosão do euro seria o fim da integração europeia, que sempre servira bem o seu país. Tornou-se uma imagem de marca nos palcos internacionais, contrastando com um mundo de fatos cinzentos e de "homens fortes", cuja cotação estava (e está) em alta, que esbarravam contra a sua vontade férrea, escondida por trás de um sorriso ligeiramente divertido. Por nove vezes, a Forbes atribuiu-lhe o título de "mulher mais poderosa do mundo". Concentrou um imenso poder nas suas mãos, talvez como nenhum outro dos grandes chanceleres que a precederam. Por mérito próprio, mas sobretudo por demérito alheio.

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Com Putin, que desafiou abertamente a ordem internacional KAI PFAFFENBACH/REUTERS

Foi a Rússia que a fez compreender até que ponto a sua visão da Europa estava incompleta. A crise na Ucrânia, que rebentou em Dezembro de 2014, quando Putin decidiu impedir que o seu homólogo (e amigo) ucraniano assinasse um acordo de associação com a União Europeia já negociado, apanhou quase toda a gente de surpresa. A ocupação da Crimeia violou, pela primeira vez, as fronteiras traçadas no pós-guerra. Putin desafiava abertamente a ordem internacional e os termos do fim da Guerra Fria, apostando na divisão da aliança transatlântica e da União Europeia. Merkel foi decisiva para mostrar até que ponto os seus cálculos estavam errados. Encontrou em Obama o aliado de que precisava para enfrentar a Rússia como uma ameaça à segurança europeia. A ideia não era muito popular na Alemanha nem em muitas capitais da Europa Ocidental, que olhavam para o grande vizinho do Leste como um parceiro económico e um abastecedor de energia. Teve o apoio suficiente da França e do Reino Unido para mostrar a Putin que pagaria por isso um preço económico e político. Há um pequeno episódio que diz quase tudo sobre ela. Quando Putin a recebeu na sua residência de Sochi, no mar Negro, para mais uma conversa sobre a situação na Ucrânia, resolveu fazer-se acompanhar por um enorme doberman negro. Sabia que a chanceler tinha pânico de cães. Merkel nem pestanejou. Quando o seu staff quis reagir à provocação, disse-lhes que não valia a pena. "Os homens fortes tentam sempre disfarçar as suas verdadeiras fraquezas." Disse várias vezes a Obama, com conhecimento de causa, que Putin mantinha todos os tiques de um verdadeiro agente do KGB.

Salvar o essencial

Sempre percebeu que uma ruptura com Paris seria uma catástrofe. Manteve a "ficção", silenciando muitas das divergências. Quando o terrorismo islâmico se abateu violentamente sobre a França (e sobre a Bélgica, a Inglaterra e, no Natal de 2016, sobre a própria Alemanha), percebeu mais umas quantas coisas, entre elas que a intervenção de François Hollande no Mali em 2012, para impedir a queda da sua capital nas mãos dos fundamentalistas islâmicos, era do interesse europeu. Na altura, limitou-se a dizer em voz baixa que não tenciona financiar as guerras da França. Hoje está envolvida nas operações militares no Sahel, na frente contra o Daesh na Síria e na força da NATO que mantém uma vigilância dissuasora nos Bálticos. As questões de segurança e defesa passaram a ter prioridade também no seu calendário. Obama, quando se foi despedir dela a Hannover, tinha-lhe garantido que a América nunca elegeria Donald Trump. Ficaram registadas as palavras que a chanceler proferiu poucos dias depois da cimeira da NATO em Bruxelas (Maio de 2017), que contou com a participação desastrosa do novo Presidente americano: "Até certo ponto" (Merkel nunca exagera nas palavras), a Europa vai ter de tomar o seu destino nas mãos", em vez de o manter entregue a Washington. A iniciativa franco-alemã para criar uma "cooperação estruturada permanente" no domínio da defesa (PESCO, na sigla inglesa), já prevista no Tratado de Lisboa, corresponde a esta preocupação, mas ainda reflecte uma divergência entre Paris e Berlim. A França apostava num número limitado de países, capazes de contribuir militarmente de forma relevante e com visões estratégicas próximas. Merkel, cujo primeiro objectivo é manter os 27 unidos depois do "Brexit", queria uma estrutura mais alargada. Foi o que aconteceu, quando praticamente todos os países subscreveram a iniciativa. A saída do Reino Unido retira à Europa uma parte substancial da sua capacidade militar. A Alemanha vai ter de fazer mais. Com a obsessão do défice (ou do excedente), deixou que as suas forças armadas se degradassem até um ponto inimaginável. Terá de refazer as contas. O tema continua a não ser popular na Alemanha e o SPD mantém a sua costela pacifista.

Esperar até quando?

Os governos europeus estiveram pacientemente à espera das eleições alemãs de 24 de Setembro passado para iniciar um conjunto de reformas fundamentais que garantam que a próxima crise do euro não será a repetição da primeira. Ninguém estava à espera de que a instabilidade política chegasse ao país que tem sido um referencial de estabilidade. Chegou. Merkel costumava justificar as suas decisões polémicas sobre o euro, com o envelhecimento acelerado da população alemã e com a necessidade de impedir o crescimento de um partido de extrema-direita com representação parlamentar. Falhou o segundo objectivo. A Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, foi a terceira força mais votada, elegeu 93 deputados para o Bundestag e terá o estatuto de líder da oposição. Um pesadelo. O gesto mais ousado e mais generoso da chanceler foi aquele que veio a penalizá-la eleitoralmente: abrir as portas a quase um milhão de refugiados da guerra na Síria. Foi o seu "Yes, we can" que provocou uma sucessão de reacções negativas, incluindo no seu próprio partido. Não foi um acto impensado. Como ela própria disse, a Alemanha não pode ficar indiferente perante as imagens do que se estava a passar com os refugiados. Sabe que a Alemanha precisa de mais imigrantes e não de menos. Pagou o preço da sua coragem.

Dez anos depois, a situação inverteu-se. Os alemães parecem cansados dela. Os europeus passaram a olhá-la como "indispensável". A grande imprensa alemã anuncia "o ocaso da chanceler". Poderá ser verdade. Mas, uma vez mais, não vale a pena querer antecipar a sua morte política. Por alguma razão, Merkel está no poder desde 2005. Já retomou a iniciativa no seu próprio partido, neutralizando os críticos com uma eficácia notável. Justificou as cedências ao SPD de forma pragmática mas convincente. A Europa vale mais do que um ministério. Iniciou o processo de transição para a sua saída de cena, mostrando que tenciona controlá-lo. Escolheu a sua provável sucessora. Ofereceu ao seu maior crítico, o jovem Jens Spahan, a pasta da Saúde. Para provar o que vale. Silenciou os críticos. Como ela própria disse perante quase mil militantes da CDU, "o mundo não vai ficar à nossa espera".

A crise europeia abrandou, mas ainda não tem veredicto. Merkel continua a ser um mistério. "Mutti ou Merkievelli?" Ou apenas a chanceler do país mais poderoso da Europa? Salvadora ou coveira? Amada e odiada? A sua personalidade não alimenta os extremos. Levou tempo de mais a compreender o que estava em causa com a crise das dívidas soberanas? Sim. Acabou por fazer aquilo que era preciso fazer? No último momento e o estritamente necessário. Macron é uma oportunidade que não quer desperdiçar. Desta vez, a "questão alemã" tem o seu rosto sereno e familiar. Aprendeu que liderar tem um custo que os alemães não querem pagar. E que nem tudo se resolve com a economia. Mas, sem o Reino Unido e com o desinteresse americano, aumenta o risco de uma Europa alemã. Se for este o caminho, a Europa, tal como a conhecemos, não sobreviverá. n