Uma surpresa vinda da Polónia no encerramento dos Mundiais

Selecção de 4x400m bate congénere americana e o recorde mundial. Lavillenie alarga o palmarés em pista coberta na vara.

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LUSA/FACUNDO ARRIZABALAGA

Na última corrida da 23.ª edição dos Mundiais de atletismo em pista coberta, em Birmingham, caiu um recorde mundial, acabando por ser criada uma das maiores surpresas da história do certame. A selecção masculina da Polónia de 4x400m conseguiu obviar o total favoritismo norte-americano e, numa parte final de corrida dramática, chegou à vitória, com o novo registo global de 3m01,77s, tornando-se a primeira selecção a fazer a distância a menos de 3m02s.

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Na última corrida da 23.ª edição dos Mundiais de atletismo em pista coberta, em Birmingham, caiu um recorde mundial, acabando por ser criada uma das maiores surpresas da história do certame. A selecção masculina da Polónia de 4x400m conseguiu obviar o total favoritismo norte-americano e, numa parte final de corrida dramática, chegou à vitória, com o novo registo global de 3m01,77s, tornando-se a primeira selecção a fazer a distância a menos de 3m02s.

Este “revés” não impediu minimamente a superioridade americana no medalheiro oficioso, fixado na obtenção de 18 medalhas, das quais seis foram de ouro e 10 de prata, tendo a Etiópia sido a segunda nação com mais títulos — quatro, para um total de cinco medalhas.

A estafeta masculina de 4x400m realizou-se pouco depois da mesma prova feminina, em que as americanas tinham dominado claramente e obtido a segunda marca de sempre, com 3m23,85s, adiante de polacas e britânicas e a meio segundo do recorde mundial, da Rússia. Parecia que a vitória na vertente masculina da prova seria uma formalidade para os Estados Unidos, que faziam alinhar um quarteto de grande qualidade, incluindo no primeiro percurso Fred Kerley, atleta que, no ano passado, correu em 43,70s ao ar livre. Da equipa constavam mais dois atletas abaixo de 45 segundos (sem que algum dos polacos o tenha já conseguido), incluindo nestes o homem do último percurso, o experiente Vernon Norwood (44,44s como melhor marca).

Os EUA comandaram desde o tiro de partida, todas as três transmissões correram bem e Norwood, na volta final, ainda tinha quase 10 metros de vantagem na recta oposta à meta. O polaco Jakub Krzewina, porém, acreditou sempre e, na última curva, foi-se aproximando. Norwood ter-se-á desconcentrado e, de forma totalmente improvável e sem precedentes, Krzewina forçou tudo nos metros finais para passar um surpreso adversário e levar o título e o recorde mundial para casa, com 3m01,77s, exactamente dois décimos adiante dos EUA. O anterior recorde tinha sido estabelecido pelos americanos em Sopot, na Polónia, nos Mundiais de 2014, com 3m02,13s.

De facto, a última prova a terminar (mas não a última a começar) foi a da final do salto com vara. Após longa espera, e com quatro saltos apenas para chegar à vitória, o recordista mundial francês, Renaud Lavillenie, chegou ao seu terceiro título mundial em pista coberta. Entrou em prova apenas a 5,70m e depois passou 5,85m, algo que o americano Sam Kendricks e o polaco Piotr Lisek também fizeram. A 5,90m, o francês teve sucesso ao segundo salto, enquanto o americano falhava os dois primeiros ensaios e guardava o que lhe restava para tentar 5,95m, e o polaco Lisek terminava a competição. Quando Kendricks falhou a 5,95m, Lavillenie pôde celebrar, pondo cobro a um período pós-olímpico difícil, marcado por uma lesão contraída em provas de motociclismo.

As duas finais de meio-fundo masculino foram caricaturalmente lentas e ganhas por etíopes, pelo júnior Samuel Tefera (3m58,19s) nos 1500m, e pelo experiente, aos 20 anos de idade, Yomif Kejelcha nos 3000m (8m14,41s), neste caso graças a um quilómetro final em 2m22s.
Melhor foi a final feminina de 800m, dominada por Francine Niyonsaba (Burundi) com a melhor marca mundial do ano (1m58,31s), adiante da americana Ajee Wilson (1m58,99s).

A sérvia Ivana Spanovic triunfou no salto em comprimento, com a mlhor marca mundial do ano, a 6,96m, face à campeoníssima americana Brittney Reese (6,89m), e assim manteve a subida de uma posição a cada um dos últimos Mundiais, após ter sido terceira em 2014 e segunda em 2016, então atrás de Reese.

Uma última satisfação para o público local foi proporcionada por Andrew Pozzi, vencedor dos 60m barreiras, com 7,46s.