As Raincoats, ícones pós-punk, regressam a Portugal no Verão
A banda formada por Ana da Silva em Londres, no final da década de 1970, tem concertos marcados para Junho e Julho em Braga, Lisboa e Coimbra
Foram uma das bandas mais singulares do pós-punk britânico, uma influência marcante para o movimento riot grrrl, autoras de um dos discos preferidos de Kurt Cobain e modelo do que podia ser o rock para alguém como Kim Gordon. “Pareciam pessoas banais a tocar música extraordinária”, afirmou no passado a ex-baixista dos Sonic Youth. Pareciam (mas não eram) e tocavam música realmente extraordinária, como poderemos testemunhar este Verão, quando as Raincoats, criadas por Ana da Silva, madeirense que se radicou em Londres na década de 1970, Gina Birch e Anne Wood, regressarem a Portugal para três concertos: dia 29 de Junho no gnration, em Braga, dia 30 de Junho em Lisboa, na Trienal de Arquitectura, e a 3 de Julho no Salão Brazil, em Coimbra.
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Foram uma das bandas mais singulares do pós-punk britânico, uma influência marcante para o movimento riot grrrl, autoras de um dos discos preferidos de Kurt Cobain e modelo do que podia ser o rock para alguém como Kim Gordon. “Pareciam pessoas banais a tocar música extraordinária”, afirmou no passado a ex-baixista dos Sonic Youth. Pareciam (mas não eram) e tocavam música realmente extraordinária, como poderemos testemunhar este Verão, quando as Raincoats, criadas por Ana da Silva, madeirense que se radicou em Londres na década de 1970, Gina Birch e Anne Wood, regressarem a Portugal para três concertos: dia 29 de Junho no gnration, em Braga, dia 30 de Junho em Lisboa, na Trienal de Arquitectura, e a 3 de Julho no Salão Brazil, em Coimbra.
No concerto bracarense, a actuação terá primeira parte dos minhotos Dear Telephone, que continuarão a apresentar o seu registo mais recente, Cut. Quanto à data lisboeta, trata-se de uma parceria com a Galeria Zé dos Bois para o Festival Rama em Flor, que teve primeira edição em 2016 e que celebra e debate o feminismo e a cultura queer através de uma programação transdisciplinar (música, conferências, exposições). Além da Galeria Zé dos Bois, o festival Rama em Flor passará este ano pelas Damas, pelo Lounge, pelo Rua das Gaivotas 6 ou pelo Museu do Aljube.
Tendo-se estreado em 1979 com um álbum homónimo – era esse que Kurt Cobain tinha entre os seus preferidos, era esse que o serenava durante a depressão da adolescência –, as Raincoats destacaram-se por criarem música que trocava as voltas à historiografia rock, fazendo de melodias pop espaço de invenção e juntando um violino de espírito livre à viagem nada canónica das guitarras. Tinham Lost in the supermarket como single para a história, tinham os Velvet Underground no horizonte e recuperavam Lola, dos Kinks, para nova vida. Num universo como o do punk, anti-misógino mas ainda maioritariamente masculino, as Raincoats, juntamente com as Slits, as Kleenex ou as X-Ray Spex, ajudaram a criar um novo espaço feminino no rock, liberto dos estereótipos a que a sua presença estava habitualmente confinada.
Odyshape, de 1981, e Moving, de 1984, foram os álbuns que completaram o período clássico da banda. Voltaram a estar activas em 1996, ano do regresso com Looking in the Shadows. O lançamento, em Outubro do ano passado, de um livro da série 33 1/3 dedicado ao seu álbum de estreia (assinado por Jenn Pelly) foi o rastilho para os concertos portugueses. A passagem por Portugal inclui ainda a presença da banda, dia 4 de Julho, na KISMIF 2018, ciclo internacional de conferências, debates, exposições e concertos dedicados às culturas do it yourself que decorre no Porto entre os dias 3 e 7 de Julho.