A pensar nas eleições, Putin apregoa novas armas nucleares

Num discurso com mensagens para dentro e fora de portas, Presidente russo revelou que Moscovo desenvolveu armamento “invencível”, capaz de furar sistemas antimíssil em qualquer ponto do mundo.

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A poucas semanas de se lançar para um mais do que previsível quarto mandato presidencial, Vladimir Putin fez-se valer do discurso desta quinta-feira sobre o estado da União para anunciar novas conquistas da Federação Russa em matéria de armamento nuclear, que acredita que irão dissuadir “potenciais agressores”.

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A poucas semanas de se lançar para um mais do que previsível quarto mandato presidencial, Vladimir Putin fez-se valer do discurso desta quinta-feira sobre o estado da União para anunciar novas conquistas da Federação Russa em matéria de armamento nuclear, que acredita que irão dissuadir “potenciais agressores”.

Em Moscovo e perante uma audiência composta pela elite política e empresarial russa, o Presidente revelou terem sido testadas novas armas, com destaque para um projéctil nuclear com capacidade para “atingir qualquer ponto do mundo” e impossível de ser interceptado pelos sistemas antimísseis existentes.

A arma “invencível”, assim rotulada por Putin, foi descrita pelo próprio como um “míssil de cruzeiro de baixa altitude, difícil de detectar, com uma carga nuclear com alcance praticamente ilimitado e com uma trajectória imprevisível, que consegue iludir as linhas de intercepção e é invencível perante todos os actuais e futuros sistemas de defesa de mísseis aéreos e terrestres”. “Não é bluff”, garantiu, citado pela Reuters.

A lista de material de guerra, desenvolvido e testado pelos russos nos últimos anos, apresentada por Putin inclui ainda uma inovadora ogiva nuclear passível de ser transportada em mísseis de cruzeiro, drones nucleares subaquáticos, uma arma supersónica e outra de laser. Imagens, vídeos e simulações a computador de todas estas armas foram transmitidas – e entusiasticamente aplaudidas pela assistência – enquanto Putin discursava.

Segundo o Presidente, a modernização e o desenvolvimento do armamento nuclear russo não foram, no entanto, levados a cabo de acordo com qualquer intenção de “ameaçar ou atacar alguém”, mas como resposta àqueles que “andam a alimentar a corrida às armas há 15 anos”.

Uma mensagem clara para os norte-americanos, que sob a liderança de George W. Bush decidiram abandonar o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos – um compromisso de contenção mútua, ratificado pelos Estados Unidos e pela União Soviética em 1972 – e que ainda este mês anunciaram uma nova política de diversificação do seu arsenal nuclear.

Tudo pela paz

“O aumento do poderio militar da Rússia é uma garantia fiável de paz na Terra, porque continua a ajudar a manutenção do equilíbrio estratégico e global de forças”, afiançou Vladimir Putin. A estratégia russa assenta numa postura defensiva que apenas admite a utilização de armas nucleares como resposta a um ataque, assegurou. “Espero que tudo o que aqui se disse hoje sirva para desencorajar qualquer potencial agressor”, concluiu, citado pelo Moscow Times.

A parte do discurso de Putin dedicada à enunciação das novas capacidades militares de Moscovo chamou, naturalmente, a atenção da imprensa e da opinião pública ocidental, mas teve igualmente como destinatário o comum eleitor russo. Mesmo tendo a renovação do seu mandato praticamente no bolso – até porque o seu principal opositor, Alexei Navalni, foi impedido pela justiça de concorrer às eleições de 18 de Março –, Putin ambiciona um participação eleitoral elevada, que lhe permita regressar aos níveis de popularidade de outros tempos.

A mensagem transmitida foi, por isso, optimista e patriótica – alicerçada no mote “eles [Ocidente] não conseguiram conter a Rússia”. Contou com elogios à participação russa na guerra da Síria, ao desenvolvimento das comunicações na Península da Crimeia e à expansão da frota russa no Árctico.

Levantar o moral

Para além de compreender os avanços e as conquistas militares de Moscovo, o discurso assentou ainda em algumas metas ambiciosas para levantar o moral de um país que, fruto das sanções impostas pelo Ocidente, da redução do preço do barril do petróleo e da estagnação da sua economia, tem sentido dificuldades em acompanhar a recuperação económica europeia e norte-americana ou o crescimento continuado chinês.

Vladimir Putin comprometeu-se, por exemplo, a reduzir o desemprego e a reduzir para metade os mais de 20 milhões de russos que vivem abaixo do limiar da pobreza, a aumentar a esperança média de vida na Rússia em dez anos e a ampliar o PIB russo em 50% até 2025. Prometeu ainda apostar forte na tecnologia, atrair mais investimento estrangeiro e fortalecer as instituições democráticas russas.