Puigdemont desiste de ser presidente... temporariamente

Objectivo é desbloquear a investidura e eleger Jordi Sànchez, que está preso.

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Reuters/YVES HERMAN

O líder independentista da Catalunha Carles Puigdemont anunciou que renuncia "provisoriamente" a ser investido no cargo de presidente do governo autonómico (Generalitat). O objectivo é permitir a eleição de Jordi Sànchez – este, porém, está preso e o Governo de Madrid já fez saber que reactiva o artigo 155 (que retira a autonomia à região) se tal acontecer.

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O líder independentista da Catalunha Carles Puigdemont anunciou que renuncia "provisoriamente" a ser investido no cargo de presidente do governo autonómico (Generalitat). O objectivo é permitir a eleição de Jordi Sànchez – este, porém, está preso e o Governo de Madrid já fez saber que reactiva o artigo 155 (que retira a autonomia à região) se tal acontecer.

O anúncio foi feito por Puigdemont em Bruxelas, onde está exilado para evitar ser detido em Espanha, que o acusa de sedição por ter liderado o processo que culminou com a proclamação de independência, em Outubro de 2017 – uma independência que foi logo de seguida suspensa.

O parlamento da Catalunha aprovou nesta quinta-feira uma moção que denuncia a "destituição ilegal" de Carles Puigdemont do cargo de presidente da região autónoma, em 2017, e avaliza o referendo pela independência celebrado a 1 de Outubro. Porém, os deputados não ratificaram a declaração de independência.  

"Esta decisão não garante a restauração da nossa autonomia, que foi seriamente danificada pelo autoritarismo do Estado", disse Puigdemont. "Mas dá-nos liberdade para iniciar a próxima fase do caminho para a independência".

O impasse político instalou-se na Catalunha após as eleições regionais de Dezembro de 2017. Os partidos independentistas conseguiram a maioria não permitindo ao partido mais votado, o Cidadãos, eleger um presidente para a Generalitat.

Na manhã desta quinta-feira, numa sessão do parlamento regional, foi aprovado um texto, apresentado a votação pelo Juntos pela Catalunha (a formação política de Puigdemont), depois de acordada com a CUP (Candidatura de Unidade Popular) e ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), a denunciar a "deriva autoritária" do Estado espanhol na Catalunha, com a aplicação do artigo 155 da Constituição.  

A moção – aprovada por 68 votos a favor e oito contra – reivindica uma "acção republicana" e considera que a maioria parlamentar é favorável a uma Catalunha que seja um Estado independente. Defendia também que Puigdemont é o "candidato legítimo à presidencia" do governo.

Mas os deputados não insistiram na investidura do antigo presidente. Ao longo da semana falou-se na investidura de Jordi Sànchez, depois de um acordo entre o Juntos pela Catalunha e a ERC.