Vivam as livrarias!
É mesmo preciso entrar em boas livrarias por muitas riquezas que tenha o mundo online.
Entro no Hatchards e desato a comprar livros. Tenho de me retirar depois de 15 minutos, porque não tenho dinheiro para comprar todos os livros que cobiço e detesto essa tristeza.
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Entro no Hatchards e desato a comprar livros. Tenho de me retirar depois de 15 minutos, porque não tenho dinheiro para comprar todos os livros que cobiço e detesto essa tristeza.
É mesmo preciso entrar em boas livrarias por muitas riquezas que tenha o mundo online. A Internet é boa para comprar os livros que queremos, mas não presta para nos mostrar livros que não sabíamos que existiam.
No Hatchards descobri logo várias editoras das quais nunca tinha ouvido falar. Não trabalham com a Amazon ou com os media mainstream. Duas delas — uma de reedições insólitas, outra de traduções de ensaios do século XXI — parecem ter sido feitas para o meu gosto. Vi-me aflito para descobrir um livro que eu não quisesse
levar comigo.
Só numa livraria é que se sente esta euforia aflitiva que culmina com a loucura de querer comprar o conteúdo da loja toda para mais tarde poder escolher calmamente os livros com que quero ficar.
Quando voltei para o hotel com a ganância de ler as minhas aquisições verifiquei que, sem me dizer nada, tinham enfiado entre os livros, uma edição de autor dum livro interessantíssimo sobre uma escritora de que gosto muito. Era mais um livro de que nunca tinha ouvido falar.
Como é que o empregado do Hatchards sabia que eu gostava desta autora? Terá sido recomendado por um programa que computou as minhas compras e seleccionou aquele como sendo mais próximo das minhas afinidades?
Ia chorando, de culpa, estupidez
e tristeza por ter deixado de ir tanto às boas, velhas livrarias.