CDU elege com entusiasmo raro candidata de Merkel para liderança
Annegret Kramp-Karrenbauer bate recorde em votação no Congresso para o lugar mais importante do partido a seguir a Angela Merkel.
Nunca um candidato tinha antes recebido uma votação tão alta: Annegret Kramp-Karrenbauer, a candidata proposta pela chanceler e líder do partido Angela Merkel para a segunda posição na CDU, recebeu 785 entre os 794 votos válidos, ou seja 98,8%, no Congresso da União Democrata-Cristã (CDU), que terminou esta segunda-feira.
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Nunca um candidato tinha antes recebido uma votação tão alta: Annegret Kramp-Karrenbauer, a candidata proposta pela chanceler e líder do partido Angela Merkel para a segunda posição na CDU, recebeu 785 entre os 794 votos válidos, ou seja 98,8%, no Congresso da União Democrata-Cristã (CDU), que terminou esta segunda-feira.
O diário Frankfurter Allgemeine Zeitung sublinhava: "Há muito tempo que não havia na CDU um entusiasmo destes com uma entrada na cúpula do partido." O cargo de secretário-geral, especifica a revista Der Spiegel, existe desde 1967 e Kramp-Karrenbauer (também conhecida pelas iniciais AKK) superou o recorde anterior de votação, que pertencia a Volker Kauder que, em 2005, conseguira 98,7% vos votos.
Annegret Kramp-Karrenbauer, 55 anos, governa o pequeno estado do Sarre, onde ganhou uma reputação de seriedade e sobretudo venceu as eleições meses antes das legislativas nacionais, travando o entusiasmo em volta do então novo líder do SPD, Martin Schulz.
No seu discurso, AKK repetiu que quer manter a CDU como um “partido do povo”, que não defenda apenas interesses de pequenos grupos. "Temos de ter uma resposta para cada preocupação", disse. É vista como centrista – conservadora em questões sociais e defensora de salário mínimo para os trabalhadores (que era uma bandeira dos sociais-democratas).
“Já não chega continuar a apontar para outros e dizer que estes devem assumir a responsabilidade, e é por isso que estou a tomar eu a responsabilidade, pondo-me ao serviço do partido”, declarou, recebendo uma ovação. AKK deixará assim o governo do Sarre, que lidera desde 2011, para se mudar para Berlim. "Não foi uma decisão fácil", admitiu. "Mas posso, quero e vou fazê-lo."
No Congresso, a CDU aprovou ainda, sem surpresas, o acordo de “grande coligação” com os social-democratas – apenas 27 delegados votaram contra entre 975 votos válidos.
Merkel reconheceu, no seu discurso aos delegados, o “desapontamento” com o resultado da distribuição das pastas – muitos membros da CDU estão descontentes por alguns dos principais cargos do Governo, especialmente os ministérios das Finanças e do Interior, ficarem a cargo do SPD (o primeiro), e da CSU, partido-gémeo bávaro da CDU (o segundo).
Agora falta apenas um último obstáculo para um Governo entre os conservadores e os sociais-democratas: o referendo aos militantes que está a ser levado a cabo pelo SPD e cujo resultado será conhecido no próximo domingo.
Segundo uma sondagem do instituto Forsa, o SPD subiu dois pontos percentuais em relação à semana passada e está com 18%, e a CDU/CSU um ponto para 35%. O especialista do instituto Manfred Güllner diz que a insatisfação em ambos os campos tem descido desde que Merkel propôs AKK para secretária-geral (visto como o sinal de que está a preparar a sua sucessão) e que Martin Schulz decidiu não ser ministro num Governo de Merkel, cumprindo a sua promessa eleitoral.