As crianças não sabem pegar num lápis e a culpa é da tecnologia
Os mais novos têm problemas de motricidade. Muitas escolas inglesas já utilizam tablets para substituir lápis.
Já sabíamos dos japoneses que deixaram de tocar à campainha com o indicador, usando o polegar – dedo mestre no envio de SMS –, ficamos agora a saber que o uso excessivo de ecrãs tácteis está a impedir que os músculos dos dedos das crianças se desenvolvam de forma correcta, revela o The Guardian, depois de ouvir vários especialistas britânicos.
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Já sabíamos dos japoneses que deixaram de tocar à campainha com o indicador, usando o polegar – dedo mestre no envio de SMS –, ficamos agora a saber que o uso excessivo de ecrãs tácteis está a impedir que os músculos dos dedos das crianças se desenvolvam de forma correcta, revela o The Guardian, depois de ouvir vários especialistas britânicos.
Segundo os médicos e terapeutas ouvidos, as crianças têm cada vez mais dificuldade em pegar num lápis ou numa caneta e isso deve-se ao uso das novas tecnologias, desde cedo. “As crianças não entram na escola com a força e destreza com que entravam há cerca de dez anos”, revela Sally Payne, terapeuta pediátrica da Fundação Heart of England, ao The Guardian.
Sally Payne conta que as crianças que chegam à escola recebem um lápis, mas são cada vez menos as que são capazes de segurá-lo porque não têm destreza e as aptidões fundamentais do movimento. "Para poder agarrar num lápis e movê-lo é necessário um forte controlo sobre os músculos dos dedos. As crianças precisam de oportunidades para desenvolver essas competências", acrescenta a terapeuta. Oportunidades essas que podem ser desenvolvidas em casa ou no pré-escolar.
Existem variadas formas de “ensinar a escrever” nas escolas inglesas, sendo que muitas destas instituições já usam tablets. Para Melissa Prunty esta realidade é um "problema grave", já que muitas crianças também usam tablets fora da escola. Barbie Clarke, pedopsicoterapeuta e fundadora da agência Family Kids and Youth, diz que embora o pré-escolar esteja atento ao trabalho da motricidade fina, o problema está no uso excessivo das tecnologias em casa.
Ouvida pelo The Guardian, Mellissa Prunty, pediatra especializada na área da terapia ocupacional que se foca nos problemas da escrita, também está preocupada com o facto de cada vez haver mais crianças a aprenderem a escrever muito tarde “Um dos problemas principais deve-se ao facto de a caligrafia ser uma característica muito própria de cada pessoa e de se desenvolver durante a infância”, alerta a também vice-presidente da National Handwriting Association, uma organização não governamental que se foca na chamada de atenção para a importância da escrita manual.