Inspecção na central de Almaraz não detecta nada de grave, mas deixa recomendações

A central nuclear esteve no centro da polémica no ano passado quando foi anunciada a construção de um aterro para resíduos nucleares que, dizem os ambientalistas, pretendia prolongar a vida útil da central, já “obsoleta”.

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A central nuclear de Almaraz fica a cerca de 100 quilómetros da fronteira com Portugal LUSA/ANTÓNIO JOSÉ

Uma equipa da Agência Europeia de Energia Atómica esteve durante três semanas na central nuclear de Almaraz, em Espanha, para uma revisão dos procedimentos de segurança – trata-se de uma vistoria de rotina, segundo informou a agência nesta quinta-feira. A equipa, constituída por peritos de vários países, esteve em Almaraz entre 5 e 22 de Fevereiro.

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Uma equipa da Agência Europeia de Energia Atómica esteve durante três semanas na central nuclear de Almaraz, em Espanha, para uma revisão dos procedimentos de segurança – trata-se de uma vistoria de rotina, segundo informou a agência nesta quinta-feira. A equipa, constituída por peritos de vários países, esteve em Almaraz entre 5 e 22 de Fevereiro.

Ainda que os resultados preliminares até agora divulgados no site da agência não refiram qualquer problema grave na central, foram feitas algumas recomendações quanto à segurança: uma delas sugere que seja aperfeiçoada “a performance das manipulações dos reactores nucleares” e outra sugere que a central melhore a formação dada aos trabalhadores da central e os procedimentos a seguir no caso de um acidente grave.

Segundo a agência europeia, a central irá seguir as recomendações da equipa e pediu que houvesse uma nova visita da equipa operacional de revisão de segurança (OSART, no acrónimo inglês) daqui a cerca de 18 meses.

Já as conclusões da visita serão divulgadas num relatório que será partilhado com o governo espanhol, a entidade reguladora competente e a central nuclear de Almaraz, num prazo máximo de três meses. Por norma, esclarece a agência europeia, estes relatórios são também tornados públicos. No site da organização, é ainda referido que a equipa OSART esteve no local a convite do governo espanhol.

Durante a vistoria, os investigadores certificam-se que os procedimentos de segurança estão a ser cumpridos e verificam todo o material: os geradores, as válvulas, os cabos, o sistema de bombagem. Vêem se tudo está armazenado devidamente e se poderá haver estragos no caso de um sismo, por exemplo. É também feita uma avaliação aos funcionários da instalação.

A central de Almaraz, que fica a pouco mais de cem quilómetros da fronteira portuguesa, esteve no centro de uma polémica no ano passado. Em causa estava a construção de um armazém de apoio à central, autorizada pelo Governo espanhol em 2016, que causou indignação entre ambientalistas e políticos portugueses (e também espanhóis), que diziam que a construção do tal aterro de resíduos nucleares servia para camuflar o prolongamento da vida útil da central nuclear, já “obsoleta”. No decurso desta visita, a central assumiu um “compromisso a longo prazo” no que toca à segurança da instalação.

Portugal chegou a apresentar uma queixa à Comissão Europeia, por não ter sido ouvido na decisão que poderia vir a afectar o país, mas acabou por retirá-la. No ano passado, a central pediu a renovação da licença de exploração da central, que termina em 2020. Nas conclusões apresentadas até agora, não é feita qualquer menção à construção do armazém de resíduos.

O programa das OSART responsável pela visita de inspecção funciona desde 1982 e, segundo o responsável do sector da segurança na agência europeia, Peter Tarren, tem tido um “papel importante na melhoria dos procedimentos de segurança em centrais nucleares por todo o mundo”.