Sindicatos dos CTT dizem que há 3500 trabalhadores em greve

Empresa diz que greve tem adesão de 16% porque tem motivação "ideológica" e não tem a ver com questões laborais. Sindicatos falam em estações e centros de distribuição encerrados e colocam a participação nos 68%.

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Trabalhadores dos CTT estiveram esta tarde nas ruas de Lisboa a pedir a reprivatização da empresa LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Como acontece habitualmente quando há greve nos CTT, os sindicatos e a administração da empresa traçam um retrato diferente do impacto da paralisação dos trabalhadores. Segundo os sindicatos ouvidos pela Lusa, a adesão à greve desta sexta-feira, que se iniciou a partir da meia-noite, estava nos 68,13% ao início da tarde.

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Como acontece habitualmente quando há greve nos CTT, os sindicatos e a administração da empresa traçam um retrato diferente do impacto da paralisação dos trabalhadores. Segundo os sindicatos ouvidos pela Lusa, a adesão à greve desta sexta-feira, que se iniciou a partir da meia-noite, estava nos 68,13% ao início da tarde.

“Os números que temos e que dizem respeito, não só ao turno da noite, mas também a centros de distribuição e a centros de correio, dão uma percentagem de 68,13% de adesão à greve”, disse à agência Lusa o secretário-geral do SNTCT, Victor Narciso, referindo que algumas estações e centros de distribuição estão encerrados.

“Foi uma boa participação dos trabalhadores. Há vários centros de distribuição no país encerrados, que impedem a distribuição de correio, há estações encerradas e algumas só estão abertas com chefias, que estão impedidas de fazer greve”, precisou Victor Narciso, dizendo que a paralisação envolveu cerca de 3500 trabalhadores.

Já a empresa liderada por Francisco Lacerda assegura que a adesão à greve “é de 16%" e que a rede de atendimento "mantém-se em funcionamento a 100%, com todas as cerca de 2300 lojas" e postos "abertos de norte a sul do país e ilhas".

Considerando que a greve não cumpriu “o seu objectivo de interromper o serviço aos clientes", a empresa diz que “a maioria da população não deverá sentir qualquer efeito”. Ainda assim, embora considere que "a distribuição postal continua a ser prestada” os CTT admitem "realizar uma distribuição extraordinária de correio no sábado, 24 de Fevereiro", se houver necessidade.

A empresa liderada por Francisco Lacerda não hesita em explicar o porquê daquilo que considera uma “fraca adesão”. O nível de adesão pode ser atribuído, segundo aos CTT, ao facto de a greve “não estar relacionada com as relações laborais, mas com uma motivação de natureza ideológica e, portanto, exterior ao funcionamento regular da empresa", concluem.

As acções desta sexta-feira, organizadas pelo SNTCT, pelo Sindicato Democrático dos Trabalhadores das Comunicações e dos Media (SINDETELCO), pelo Sindicato Independente dos Correios de Portugal (SINCOR), pelo Sindicato Nacional Dos Trabalhadores Das Telecomunicações e Audiovisual (SINTAAV) e pela Comissão de Trabalhadores dos Correios, seguem-se a dois dias de greve em Dezembro, na sequência da apresentação do plano de transformação operacional dos CTT.

Nesse plano a empresa presidida por Francisco Lacerda assumiu que quer reduzir cerca de 800 trabalhadores na área das operações em três anos e reduzir a dimensão da rede de lojas, convertendo-as em postos de correio ou encerrando aquelas que diz terem pouca procura.