Ex-engenheiro do Google diz que foi despedido por criticar preconceitos

É a segunda vez em 2018 que a empresa é acusado em tribunal de despedir trabalhadores por terem expressado opiniões.

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O Google diz que um despedimento "nunca depende das visões políticas" Reuters/Baz Ratner

Desde Janeiro, o Google já soma dois processos por despedimento sem justa causa: um deles é de James Damore, que foi despedido em Agosto depois de escrever um memorando interno a defender que a desigualdade de oportunidades na empresa se devia a diferenças “biológicas” que davam prioridade aos homens; o outro é de um funcionário que criticou Damore e que foi despedido em Novembro.

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Desde Janeiro, o Google já soma dois processos por despedimento sem justa causa: um deles é de James Damore, que foi despedido em Agosto depois de escrever um memorando interno a defender que a desigualdade de oportunidades na empresa se devia a diferenças “biológicas” que davam prioridade aos homens; o outro é de um funcionário que criticou Damore e que foi despedido em Novembro.

Esta quarta-feira, Tim Chevalier, um antigo engenheiro de software que trabalhou no Google entre 2015 e 2017, também apresentou uma queixa no tribunal supremo de São Francisco, a dizer que a empresa o despediu por ter expressado uma opinião. Em específico, por ter respondido a comentários racistas e sexistas em fóruns internos da empresa, incluindo ao memorando de James Damore.

De acordo com a queixa apresentada em tribunal, Tim Chevalier, que se identifica como homossexual e transgénero, “defendeu-se do bullying online que ele e outros trabalhadores estavam a sofrer, ao utilizar o mesmo fórum online para educar os seus empregadores e colegas sobre a melhor forma de melhorar as condições de trabalho e a inclusividade na empresa.” Várias das publicações de Chevalier (por exemplo, um link para uma publicação externa sobre “dar murros a nazis” e a expressão “rapazes branquelas”) foram usadas por James Damore como exemplo da discriminação que homens brancos enfrentam no Google.

Num comunicado de resposta, o Google frisa que “o debate é uma parte importante da cultura da empresa, mas como em qualquer local de trabalho isso não quer dizer que vale tudo.”

Em Agosto de 2017 uma representante de recursos humanos chamou Chevalier para uma conversa sobre "preocupações que surgiram sobre publicações feitas pelo próprio".

Agora, Chevalier escreve que as conversas que teve com a equipa de recursos humanos e os seus supervisores o levaram a perceber que o Google "define o que é apropriado ao discurso no trabalho com base no que é confortável para alguém cisgénero, heterosexual, branco, homem, de classe média-alta".

O Google defende-se. “A grande maioria dos nossos empregados comunica de forma que é consistente com as nossas políticas. Mas quando um empregado falha, é algo que temos de levar a sério. A nossa decisão nunca depende das visões políticas de um empregado”, lê-se no comunicado da empresa que nota que “não tolera a promoção de estereótipos prejudiciais com base na raça ou género.”

Tim Chevalier critica a justificação do Google. “É uma ironia cruel que o Google tente justificar o meu despedimento ao dizer que as minhas publicações nas redes sociais eram injustas para quem me assediava”, lê-se num comunicado do antigo engenheiro. "As leis de anti discriminação devem proteger os grupos marginalizados – não quem os ataca."