Futuro gestor do Montepio acusado de dívida à banca por dois conselheiros
Dois conselheiros da Associação Mutualista Montepio questionam condições da nova gestão para gerir Caixa Económica
Dois membros do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) afirmam que nas listas para os órgãos sociais da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), em análise no Banco de Portugal, há quem tenha tido, até Dezembro do ano passado, créditos em atraso, razão pela qual questionam as condições para gerir uma instituição financeira.
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Dois membros do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) afirmam que nas listas para os órgãos sociais da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), em análise no Banco de Portugal, há quem tenha tido, até Dezembro do ano passado, créditos em atraso, razão pela qual questionam as condições para gerir uma instituição financeira.
Esta segunda-feira à noite, Carlos Areal e Viriato M. Silva dirigiram-se aos restantes 21 membros do conselho geral da AMMG, encabeçada por Tomás Correia, para informar que não apoiam a nomeação para gerir o banco de “alguém que até 12 de Dezembro de 2017 fazia parte das listagens do Banco de Portugal como tendo crédito em atraso.”
Sem detalharem a quem se referem, os dois conselheiros contestam que a AMMG tenha incluído nas suas listas para “a comissão executiva de uma instituição bancária”, como é o caso da CEMG, um gestor com um passado de dívidas à banca e “que terá certamente de dar grande importância ao crédito em mora.” Em causa estará uma divida de 80 mil euros.
Contactado pelo PÚBLICO, Carlos Areal declinou clarificar a qual dos novos executivos da CEMFG se refere por entender que, “certamente o BdP, na análise à idoneidade dos novos órgãos sociais, se vai deparar com a situação e ser obrigado a tomar uma posição” sobre se [o nome em causa] “pode ou não exercer as funções de gestor” bancário.
Por sua vez, confrontado com a matéria, o Banco de Portugal (BdP) elucidou: “O processo de avaliação da adequação dos membros dos órgãos sociais da CEMG decorre actualmente de acordo com o disposto na lei, não tendo” o supervisor “proferido qualquer decisão."
Para chefiar a nova comissão executiva da CEMG no próximo triénio, está indicado Nuno Mota Pinto, que terá na sua equipa Carlos Leiria Pinto (que como o CEO vem do Banco Mundial), Helena Soares de Moura, com origem nos seguros, Pedro Ventaneira (ex-BESI), José Rosete e Pedro Alves e José Mateus, ambos directores do grupo Montepio.
Sabe-se ainda que o conselho de administração não executivo do banco será presidido por Francisco Fonseca da Silva, actual membro do conselho geral e de supervisão da CEMG, que será extinto (para dar lugar ao CA).
Referindo-se às notícias veiculadas pela comunicação social, a meio da tarde de sexta-feira passada, de que o conselho geral da mutualista deu luz verde à nomeação dos novos corpos sociais do banco, os dois conselheiros explicam que na reunião deste órgão, que se realizou, naquele dia durante a tarde, e a título informal, “nada foi aprovado por unanimidade, porque nada foi votado (nem o poderia ser), já que com a Caixa Económica a passar a sociedade anónima o poder de deliberar em assembleia geral passou, exclusivamente, para o presidente do conselho de administração da Associação Mutualista”, ou seja, para Tomás Correia.
Adiantam ainda que aquilo que os move ao emitirem o comunicado é “que não fique a ideia de que, por silêncio e omissão, teríamos dado o benefício da dúvida à nova equipa escolhida para os órgãos sociais da CEMG”. Isto, porque consideram “que globalmente tem falta de experiência naquilo que deveria ser o seu negócio “core” – a banca de retalho”.
“Para que fique claro”, Carlos Areal e Viriato Silva concluem com uma nota: “Com toda a transparência, caso a proposta de nomes para os órgãos sociais da CEMG fosse submetida a votação no Conselho Geral da Associação contaria com os nossos votos contra pelas razões indicadas”.