#CrimeiaIsBleeding
Passaram já quatro anos e a Crimeia continua a sangrar da ocupação russa.
“Passas pelas mesmas ruas, mas sentes que aquela já não é a tua Crimeia. Sentes que naquela realidade chauvinista e agressiva não é possível viver”, diz uma das ativistas dos tártaros da Crimeia que continuam a lutar pela libertação da sua casa.
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“Passas pelas mesmas ruas, mas sentes que aquela já não é a tua Crimeia. Sentes que naquela realidade chauvinista e agressiva não é possível viver”, diz uma das ativistas dos tártaros da Crimeia que continuam a lutar pela libertação da sua casa.
Passaram já quatro anos e a Crimeia continua a sangrar da ocupação russa. Após o dia 20 de fevereiro de 2014, quando a Rússia invadiu a Crimeia pelas suas forças de uniforme sem insígnia, a península tornou-se numa zona de injustiça, terror e repressão. As autoridades de ocupação russas violam sistematicamente os direitos humanos e procuram eliminar os ucranianos e o povo indígena, ou seja, tártaros da Crimeia que lá residem. Como se refere no relatório temático do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que se tornou público a 25 de setembro do ano passado, desde 2014 que a situação dos direitos humanos na Crimeia tem-se deteriorado significativamente.
As perseguições e as detenções quase diárias de ativistas tártaros e ucranianos e as contínuas intimidações e persecuções aos opositores da ocupação da península e aos representantes do Mejlis do povo tártaro da Crimeia são prova da sistemática política criminosa do Kremlin no território ucraniano ocupado.
Conforme os dados do Centro de Recursos de Tártaros da Crimeia, quatro mortes, 16 prisioneiros políticos, 286 detenções, 340 interrogatórios, 62 buscas, 46 aprisionamentos, 104 multas e 515 violações do direito a um julgamento justo e assistência jurídica adequada são os resultados da atividade das autoridades de ocupação russas em 2017, cometidas contra as pessoas que se opõem às mesmas.
Mais de 50 pessoas são prisioneiros políticos que se tornaram num símbolo de oposição e resistência pacífica sem violência. Mas o “reino de espelhos curvos” na Crimeia torna-se mais forte, inventa novos casos criminais e procura pessoas para as acusar de serem responsáveis nestes casos.
Importa referir o caso do cidadão ucraniano Volodymyr Balukh, residente da Crimeia que, após fevereiro de 2014, se recusou a tirar a bandeira ucraniana da sua casa. Em resultado disso, foi condenado a uma sentença de três anos e sete meses de detenção penitenciária por absurdas e fabricadas acusações.
Outro caso flagrante é o da morte da veterana do movimento nacional de tártaros da Crimeia, Vedjie Kashka, que tinha sobrevivido à deportação de tártaros da Crimeia nos tempos da Segunda Guerra Mundial, e que morreu devido ao stress causado pelas detenções dos ativistas tártaros pelo Serviço Federal de Segurança da Federação Russa em novembro de 2017.
Apesar disso, a Rússia continua a deslocar ilegalmente para o seu território cidadãos ucranianos — tártaros da Crimeia, tal como o fez no caso dos cidadãos Muslim Aliev, Enver Bekirov, Refat Alimov, Arsen Dzhepparov, etc., detidos no território temporariamente ocupado da Crimeia por acusações fabricadas de atividade terrorista.
De acordo com a norma internacional para os direitos humanos, o Estado-ocupante está impedido de realizar deslocações de cidadãos do território ocupado para o seu território. A realização de tais ações ilegais por parte do Estado-ocupante implica a sua responsabilidade perante a lei internacional.
Citando o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Pavlo Klimkin, “o mundo deve chamar as coisas pelos seus nomes, trata-se de crimes da Rússia na Crimeia temporariamente ocupada”.
É necessário fortalecer o regime internacional de desocupação da Crimeia. A comunidade internacional deve seguir com atenção a situação na Crimeia para evitar um novo genocídio inspirado pelos defensores modernos da ideologia totalitária de Estaline contra os tártaros da Crimeia e os ucranianos.
Hoje em dia, a Crimeia é um território de repressões, militarização, fonte de informação falsa. Tudo o que queremos é salvá-la, porque a Crimeia é Ucrânia!
A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico