Quem vem jantar ao quarto secreto do Ritz?
É um projecto de luxo num cenário de luxo: a suíte presidencial do Hotel Ritz vai abrir-se para uma série de jantares especiais, com chefs estrangeiros. Em cada noite, apenas vinte pessoas se sentarão à mesa.
O recepcionista do Hotel Ritz Four Seasons, de Lisboa, entrega-nos uma chave e indica-nos o décimo andar. Elevador, corredor alcatifado abafando os passos, várias portas e uma ao fundo – a suíte presidencial, (provavelmente) o quarto mais caro de toda a oferta hoteleira de Portugal, a 13.500 euros a noite. E, pelo menos por esta noite, a nossa chave abre a porta.
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O recepcionista do Hotel Ritz Four Seasons, de Lisboa, entrega-nos uma chave e indica-nos o décimo andar. Elevador, corredor alcatifado abafando os passos, várias portas e uma ao fundo – a suíte presidencial, (provavelmente) o quarto mais caro de toda a oferta hoteleira de Portugal, a 13.500 euros a noite. E, pelo menos por esta noite, a nossa chave abre a porta.
Estamos num quarto com histórias que, dada a reserva a que um hotel está obrigado, não poderão sair destas paredes. No lobby, um copo de vinho e, como quem vai pousar as malas, dirigimo-nos para o quarto de dormir. Mas um (quase) passo atrás – na cama, meia desfeita, está deitada uma mulher, rodeada por bombons, uns comidos outros por comer, um caderno com algo escrito, a pose de quem está sozinha. Ignora-nos, como irá continuar a ignorar-nos toda a noite.
Este é, por hoje, o Secret Room, que recebe o primeiro dos jantares especiais que o Ritz vai organizar (numa parceria com o Sangue na Guelra) durante 2018 e início de 2019. Mesa comprida no lugar da sala de estar, as louças mais bonitas da colecção do hotel, o mesmo serviço impecável do restaurante, luvas brancas, pessoal de sala atento aos nossos movimentos, afastando a cadeira quando nos levantamos, ajudando-nos quando nos voltamos a sentar, velas na mesa, Lisboa, do Parque Eduardo VII até ao rio, a partir das duas varandas.
Para o jantar de apresentação do projecto, na cozinha estão Pascal Meynard, chef do Ritz, e o chef convidado, Pedro Pena Bastos. Mas aqui dizer “cozinha” é uma força de expressão porque, na realidade, os dois, acompanhados pela equipa do Ritz, estão a trabalhar num quarto ao lado da suíte presidencial, transformado numa cozinha improvisada, com as paredes forradas a plástico para evitar que se sujem.
Parece um daqueles cenários em que especialistas em substâncias perigosas estão a retirar amostras para analisar, mas o que aqui se passa é bem mais agradável, e não representa qualquer perigo. Quando, num intervalo entre pratos, espreitamos a “cozinha”, Pascal Meynard e Pedro Pena Bastos estão a finalizar o prato de peixe, uma tainha do mar com couve em diferentes texturas. Antes houve ostra e carabineiro, depois haverá pombo e a sobremesa dos chefs pasteleiros Fabian Nguyen e Diogo Lopes, e, no final, chegará à sala uma mesa de queijos da Manteigaria Silva, outra parceira deste projecto.
Será este o cenário em que irão desfilar outras estrelas da gastronomia mundial, em jantares que serão acompanhados por uma performance – neste primeiro, a mulher que “habitou” o quarto, indiferente à presença dos vinte convidados, foi Alice Joana Gonçalves, vestida pelos Storytailors (tal como a sommelier Gabriela Marques).
A 14 de Abril acontece o segundo jantar que levará até ao Ritz o chef Eneko Atxa, do restaurante espanhol Azurmendi, com três estrelas Michelin. Onze dias depois, a 25 de Abril, a noite será do carismático chef brasileiro Alex Atala, do D.O.M. (duas estrelas). Saltamos depois para Setembro, mês em que o “quarto secreto” se vai abrir para Mauro Colagreco, que vem do Mirazur (França, duas estrelas) e, em Outubro, para o espanhol Toño Perez, do Atrio (duas estrelas). Para já, são estes os nomes confirmados, os restantes serão anunciados mais tarde.
O preço base dos jantares é de 550 euros (mas varia conforme o convidado e a selecção de vinhos). Reservas em reservas@sanguenaguelra.pt.