Lançada a rede Escola Azul para levar os oceanos aos mais novos

Coordenado pela Direcção-Geral de Política do Mar, o pontapé de saída oficial do programa é esta terça-feira em Matosinhos. A Escola Azul pretende sensibilizar alunos desde o ensino pré-escolar até ao 12.º ano sobre as questões dos oceanos. Depois, eles só têm de espalhar a palavra.

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A promoção da literacia do oceano faz agora parte de um programa oficial nas escolas Carlos Lopes/Arquivo

Uma bandeira azul vai ser hasteada esta terça-feira de manhã na entrada da Escola Básica Professor Óscar Lopes, em Matosinhos, pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. Nesse momento estará lançado oficialmente em Portugal o programa Escola Azul, uma rede que quer espalhar a literacia do oceano pelos mais novos. Esta escola de Matosinhos é uma das escolas-piloto do programa e, portanto, recebe as honras de ser a primeira com esta bandeira, numa cerimónia onde também estará a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro. Além de Portugal continental, a ideia é que o projecto também tenha escolas nos Açores, como se depreende no site do programa.

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Uma bandeira azul vai ser hasteada esta terça-feira de manhã na entrada da Escola Básica Professor Óscar Lopes, em Matosinhos, pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. Nesse momento estará lançado oficialmente em Portugal o programa Escola Azul, uma rede que quer espalhar a literacia do oceano pelos mais novos. Esta escola de Matosinhos é uma das escolas-piloto do programa e, portanto, recebe as honras de ser a primeira com esta bandeira, numa cerimónia onde também estará a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro. Além de Portugal continental, a ideia é que o projecto também tenha escolas nos Açores, como se depreende no site do programa.

O conceito e o desenvolvimento da Escola Azul começaram há cerca de dois anos e este ano lectivo o programa iniciou-se nas escolas. Tem a coordenação da Direcção-Geral de Política do Mar (DGPM), tutelada pelo Ministério do Mar, e a coordenação científica e de cooperação é da agência Ciência Viva. Há ainda uma comissão científico-pedagógica com 13 entidades, como a Associação Portuguesa de Lixo Marinho, a Comissão Nacional da UNESCO, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.

“A Escola Azul foi criada com o intuito de estimular e distinguir as escolas portuguesas que realizam trabalhos ligados ao mar, articulando os diferentes projectos de literacia do oceano desenvolvidos por todo o país”, lê-se num comunicado da DGPM. Este projecto tem assim entre os seus objectivos, segundo o comunicado, estimular uma relação mais forte entre os alunos e os oceanos, apoiar as escolas portuguesas a desenvolver temas ligados ao mar e reforçar a interacção entre este sector e as escolas. No final, espera-se que os alunos tenham ferramentas para compreender melhor os oceanos, comunicar sobre eles e fazer algo pelo seu futuro.

Ao todo, são 48 as escolas que estão na rede da Escola Azul, algumas das quais ainda estão no processo de candidatura. Calcula-se que a Escola Azul já envolva cerca de 6500 alunos desde o ensino pré-escolar até ao 12.º ano.

Como funciona? Cada escola tem de criar um projecto educativo sobre o oceano que quer realizar (as candidaturas estão abertas no site da Escola Azul.) E esse projecto educativo terá a duração de dois anos, havendo vários requisitos a cumprir, tais como: o envolvimento de várias disciplinas, ter pelo menos uma turma de cada ciclo, nomear dois alunos como embaixadores, ter um professor a coordenar e promover actividades práticas. A escola tem assim de estabelecer uma relação próxima com entidades locais ou regionais tanto científicas como culturais (por exemplo) que tenham uma ligação ao mar. Também não pode ficar esquecida a relação com a comunidade local e a comunicação para fora do que se está a fazer. Isso pode ser concretizado através das redes sociais ou do jornal da escola.

Até agora, a Escola Azul tem cerca de 31 entidades parceiras ligadas ao sector do mar. Foram ainda criadas comissões regionais, por exemplo no Alentejo e nos Açores, e há municípios que já aderiram à rede, como Setúbal e Matosinhos.

“O mar é o nosso melhor amigo”

Na segunda-feira, na escola de Matosinhos, já estava tudo a postos para receber o lançamento do programa com várias exposições sobre a Escola Azul, que juntam trabalhos feitos durante este ano lectivo, como vídeos de visitas de estudo e desdobráveis informativos. O projecto nesta escola chama-se “Influência(s) do oceano” e os alunos do pré-escolar ao 9.º ano têm uma hora para ele durante a semana.

E, claro, tudo se adequa a cada idade. Se no pré-escolar as crianças fazem pinturas sobre o mar, nos anos seguintes realizam pesquisas sobre os temas ou lêem notícias. “Vi uma notícia sobre o branqueamento de corais. Aprendi que cada vez há menos e que se podem extinguir”, conta-nos Miguel Ferreira, aluno e embaixador do projecto “Influência(s) do oceano”, juntamente com Beatriz Azevedo de 12 anos. O aluno de 14 anos costuma ir ver o mar com o pai e já lhe falou sobre o problema dos corais. Miguel Ferreira percebeu ainda que deveria haver menos pesca.

Ao longo deste projecto, já se fez uma tertúlia com um pescador ou levou-se a literacia do oceano para as aulas de Educação Física. “O objectivo era que eles dissessem quais as actividades desportivas que podiam realizar na praia de Matosinhos”, indica Céu Mota, professora de Educação Física e coordenadora do projecto no Agrupamento de Escolas Professor Óscar Lopes, da qual faz parte a escola que recebe esta terça-feira a cerimónia. E acrescenta que esta semana há alunos a fazer um levantamento da história cultural ligada a Matosinhos e ao mar. Também já houve visitas de estudos ao Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental ou ao Porto de Leixões.

Estando tão perto do mar, Céu Mota diz que a iniciativa tem muita importância na escola. “Queremos compreender a influência do oceano em nós, mas também a nossa influência no oceano. Poderemos assim agir, intervir e decidir para promover uma sociedade mais azul”, frisa por sua vez Luísa Santos, a directora do agrupamento. “Para que tal aconteça, sabemos que a compreensão sobre a influência recíproca do ser humano e do oceano não pode ser apenas teórica. A construção de uma sociedade mais azul requer mudanças efectivas de atitude.” E Céu Mota resume: “Estamos numa escola em que o mar é o nosso melhor amigo.”