AKK, a "mini-Merkel" que a chanceler quer pôr à frente da CDU
Partido vai escolher novo secretário-geral. A candidata da chanceler é Annegret Kramp-Karrenbauer, governadora do estado-federado do Sarre.
Muitos viram este anúncio como o tiro de partida para a sucessão de Angela Merkel na CDU: a chanceler anunciou esta segunda-feira que Annegret Kramp-Karrenbauer, 55 anos, é a sua candidata para secretária-geral da União Democrata Cristã (CDU).
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Muitos viram este anúncio como o tiro de partida para a sucessão de Angela Merkel na CDU: a chanceler anunciou esta segunda-feira que Annegret Kramp-Karrenbauer, 55 anos, é a sua candidata para secretária-geral da União Democrata Cristã (CDU).
A liderança da CDU irá votar a 28 de Fevereiro quem ocupa este cargo-chave no partido e ainda o acordo de “grande coligação” com o SPD. Os media falavam de forte apoio a Kramp-Karrenbauer.
Numa conferência de imprensa, Merkel declarou que esta é sua candidata porque irá “trazer peso” ao cargo de secretária-geral da CDU em “tempos difíceis, tempos incertos”.
A chanceler sublinhou que ela e Kramp-Karrenbauer (por vezes referida nos media pelas iniciais AKK) se conhecem “há muito tempo”, que podem “confiar uma na noutra”, ainda que cada uma tenha “os seus próprios pontos de vista”. AKK, que deverá deixar o governo do estado-federado do Sarre para assumir o novo lugar em Berlim, sublinhou que a sua missão será “manter a CDU um“partido do povo”, algo especialmente desafiante numa altura de erosão do centro e queda imparável do SPD (que desceu mesmo abaixo do partido de direita radical AfD numa sondagem).
Merkel evitou a inevitável pergunta sobre se esta era uma indicação para a sua sucessão: “Vocês têm o privilégio de estar sempre muito à frente dos outros”, retorquiu ao jornalista que pôs a questão. “Nós estamos ocupados com a gestão das coisas actuais”. Mas o anúncio surge numa altura em que cada vez mais pedem à chanceler que prepare o momento em que sairá de cena.
"Mini-Merkel" ou "Melhor Merkel"?
Alguns jornais alemães chamam a AKK “mini-Merkel”, “pequena Merkel”, ou “cópia de Merkel”. Mas outros comentadores vêem um quadro diferente: o diário TAZ argumenta que AKK é “a versão melhor de Merkel”, porque “mais à direita”. A sua indicação para secretária-geral responde assim a reivindicações crescentes na CDU. Uma é o pedido de regresso às raízes mais conservadoras do partido, e AKK tem tido uma política mais dura em relação a imigração e asilo, tem um forte ministro do Interior no seu estado-federado; a outra é o pedido de renovação, AKK é uma cara nova.
Uma sondagem recente do instituto Forsa mostrou AKK como a preferida da base da CDU para suceder a Merkel (45%), seguida de Julia Klöckner, da Renânia-Palatinado e outra aliada de Merkel (43%), e só em terceiro lugar surgia Jens Spahn (36%), o “aluno” de Wolfgang Schäuble.
Merkel respondeu ainda a quem se questiona pela ausência de Spahn (37 anos) nas listas divulgadas pelos media do próximo Governo: “O que está escrito é uma coisa, mas pode bem ser outra”.
Há outras diferenças entre Merkel e Kramp-Karrenbauer: uma é protestante e a outra católica, uma não tem filhos (embora tenha um enteado), a outra tem três, uma é seráfica, a outra não tem medo de mostrar sentimentos, uma assiste com aborrecimento ao Carnaval, a outra diverte-se. As duas têm uma forte imagem partilhada: a de competência.
AKK tem, no entanto, pouca relevância nacional – a que tem ganhou-a sobretudo quando venceu, com 41%, as eleições no Sarre em Março de 2017, travando o chamado “efeito Schulz”, quando o novo líder dos sociais-democratas subiu nas sondagens e chegou a sonhar poder vir a ser chanceler. O SPD acabou por registar nas eleições de Setembro o pior resultado da sua história do pós-guerra.
A liderança na prática do partido poderia dar a AKK este perfil nacional e dar-lhe uma rede que ainda lhe falta – mas a aposta não é isenta de perigos, porque não sendo deputada, a secretária-geral da CDU pode entrar em rota de colisão com o grupo parlamentar do partido, nota o Süddeutsche Zeitung.