Inéditos e dispersos de Vitorino Nemésio reunidos em livro nos 40 anos da morte
A edição das obras completas do escritor açoriano, em 16 volumes, que vão ser lançadas a partir deste ano pela editora Companhia das Ilhas, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Um livro reunindo textos inéditos e dispersos do escritor Vitorino Nemésio, falecido há 40 anos, vai ser lançado pela editora Companhia das Ilhas, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
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Um livro reunindo textos inéditos e dispersos do escritor Vitorino Nemésio, falecido há 40 anos, vai ser lançado pela editora Companhia das Ilhas, em parceria com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Carlos Alberto Machado, editor da Companhia das Ilhas, referiu à agência Lusa que a obra será coordenada por Vasco Rosa, editor e pesquisador literário, integrando a edição das obras completas do escritor Vitorino Nemésio, em 16 volumes, que vão ser lançadas a partir deste ano.
Vitorino Nemésio, cuja obra literária compreende, entre outros, o título Mau Tempo no Canal, considerado pela crítica literária um dos maiores romances portugueses do século XX, nasceu em 19 de Dezembro de 1901, na Praia da Vitória, ilha Terceira, e morreu em Lisboa, em 20 de Fevereiro de 1978.
O primeiro volume deste projecto editorial será lançado em finais de Abril, denominando-se Poesia I (1916-1956), de acordo com o editor, sendo que, para além do volume de inéditos, vai ser ainda lançado um outro livro com uma selecção de textos extraídos do programa do escritor na RTP, Se bem me lembro.
A coordenação da obra estará a cargo de Cláudia Cardoso, directora da Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Carlos Alberto Machado explicou que nos Açores "nunca estiveram disponíveis as obras do Vitorino Nemésio", existindo uma edição da Imprensa Nacional, "com alguns anos, e há muitos títulos esgotados", daí que se "justificava plenamente esta edição".
O editor referiu que as novas gerações de leitores desconhecem Nemésio, apesar de se "aludir muito ao seu nome" e de "qualquer açoriano saber que foi um escritor nascido na ilha Terceira", mas "pouco mais".
Esta edição "ultrapassa largamente a importância local, sendo de âmbito nacional, com particular importância nos Açores", afirma o editor.
A publicação compreende mais de 40 obras distribuídas por 16 volumes, a publicar até 2021, devendo cada um ter pelo menos mil exemplares de tiragem.
A direcção científica da publicação é assegurada pelo professor universitário Luiz Fagundes Duarte, contendo cada volume, além dos textos do autor, uma breve introdução a cargo de especialistas na obra de Nemésio, a par de um texto de síntese da sua vida e obra.
Nemésio, cujos 40 anos da morte se assinalam na terça-feira, recebeu, em 1965, o Prémio Nacional de Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
A sua obra compreende cerca de 40 títulos na área da ficção, poesia, ensaio e crítica, a par da crónica, como Festa Redonda (1950), Nem Toda a Noite a Vida (1952), O Pão e a Culpa (1955), O Verbo e a Morte (1959), O Cavalo Encantado (1963), Canto da Véspera (1966) e Sapateia Açoriana (1976), além de Mau Tempo no Canal (1944).
A Vitorino Nemésio é atribuída a criação do termo "açorianidade", num artigo sobre a condição histórica, geográfica, social e humana do açoriano, publicado em 1932.