O caminho para a Eurovisão começa agora
O primeiro Festival da Canção após o fenómeno Salvador Sobral arranca definitivamente este domingo à noite. A primeira das duas semifinais, com 13 canções a concurso, decorre a partir das 21h06, no Estúdio 1 da RTP, em Lisboa, sendo transmitido em directo na RTP1. Jorge Palma, Mallu Magalhães, Anabela, Fernando Tordo ou José Cid são alguns dos nomes.
Salvador Sobral não vai defender qualquer uma das 26 canções a concurso do Festival da Canção. Não vai, portanto, ser uma presença física no festival. Apesar disso, o cantor que levou Amar Pelos Dois a Kiev e deu a Portugal a vitória na Eurovisão parece pairar sobre o concurso deste ano, que a 4 de Março decidirá, no Multiusos de Guimarães, uma canção e um intérprete para ir à final de 12 de Maio na Altice Arena.
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Salvador Sobral não vai defender qualquer uma das 26 canções a concurso do Festival da Canção. Não vai, portanto, ser uma presença física no festival. Apesar disso, o cantor que levou Amar Pelos Dois a Kiev e deu a Portugal a vitória na Eurovisão parece pairar sobre o concurso deste ano, que a 4 de Março decidirá, no Multiusos de Guimarães, uma canção e um intérprete para ir à final de 12 de Maio na Altice Arena.
Não é só porque, finalmente, uma vitória portuguesa no Eurofestival não é um sonho, é uma possibilidade que já aconteceu. Nem porque Sobral tem ligações aos responsáveis por pelo menos duas das 13 canções que se vão ouvir este domingo à noite no Estúdio 1 da RTP, em Lisboa, numa cerimónia apresentada a meias por Jorge Gabriel e José Carlos Malato. Afinal, foi o vencedor do ano passado quem escolheu Janeiro, com quem tem afinidades estéticas e com quem já colaborou, para submeter uma canção a concurso. Henrique Janeiro, que assina só com o apelido, vai interpretar, à guitarra eléctrica, o original (sem título). E o pianista Júlio Resende, que escreveu Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada, com letra de Camilo Ferrerro, para a voz de Catarina Miranda, que lança a solo como emmy curl, toca frequentemente com Sobral, seja na banda do músico ou no projecto Alexander Search.
É também porque, a julgar pelos excertos de 45 segundos de cada canção divulgados na internet pela organização na passada segunda-feira, o sucesso da canção de Luísa Sobral, aliado à reformulação que o festival sofreu no ano passado, parece ter dado confiança a alguns dos compositores para apostarem em canções mais calmas, raras vezes bombásticas, menos “tipicamente festivaleiras” – algo que, a julgar pelos comentários de YouTube, não tem agradado a alguns dos seguidores mais acérrimos do festival: quase todos os vídeos têm comentários a argumentar que a aposta em baladas funcionou uma vez e não deverá funcionar uma segunda.
Não que soem todas iguais, nem iguais ao tema dos irmãos Sobral. Este rol de canções envolve toques de pop, jazz, blues ou folk entre muitas influências e balanço brasileiro, e a tradição portuguesa. A segunda semifinal, ainda sem amostras disponíveis, decorre no mesmo estúdio no próximo fim-de-semana e prevê-se diferente, com um leque de artistas que reflecte mais a multiculturalidade da Língua Portuguesa, além de ligações à música electrónica e a vários estilos de música negros.
Este domingo teremos direito Só Por Ela, cantada pelo fadista Peu Madureira, uma composição do produtor também ligado ao fado Diogo Clemente acompanhada à guitarra clássica; Só Para te Dar Abrigo, com música de Fernando Tordo e letra de Tiago Torres da Silva para ser interpretada por Anabela – três nomes com experiência prévia nestes lados; Sem Medo, do também repetente Jorge Palma e a soar, com piano boémio e toques de blues e jazz, a Palma, só que cantada por Rui David; O Som da Guitarra é a Alma de um Povo, de José Cid, que também regressa ao festival, anuncia a sua portugalidade no nome e na sonoridade, com toques de guitarra portuguesa e já não será cantada a duas vozes por Cid e Gonçalo Tavares, o seu sobrinho, mas sim só pelo autor, por opção do próprio; Zero a Zero, de Benjamim, defendida por Joana Espadinha, que tem formação e vida feita no jazz, mas também com pé na pop, é mais mexida e menos abaladada do que a maioria dos outros temas; Com Gosto Amigo, de e por Rita Dias, que divide a composição da música com Filipe Almeida mas assina a letra com referências ao passado do Festival sozinha, tem toques de marcha e do Brasil; Anda Estragar-me os Planos, de Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout) e Afonso Cabral (You Can’t Win Charlie Brown, para Joana Barra Vaz, tem guitarra folk anglo-saxónica; Austrália, com música de Nuno Rafael e letra de Samuel Úria, é cantada por Bruno Vasconcelos e tem um tom festivaleiro dos anos 1960, com coros a fazer “ooh”; Alvoroço, distintamente de e por JP Simões, tem um nome que soa festivaleiro e menciona “queijo em promoção” na letra; A Mesma Canção, balada pop/rock com “ooh” prolongados no refrão da autoria de Paulo Praça com letra de Nuno Miguel Guedes, terá a voz de Maria Amaral; Eu te Amo, da brasileira radicada em Lisboa Mallu Magalhães para a cantora Beatriz Pessoa, faz a ponte entre o português do Brasil e o português de Portugal. A ordem das actuações será escolhida pela RTP.
O vencedor desta primeira semifinal será decidido a meias pelo público que vota em casa e o júri, que é presidido por Júlio Isidro e conta com a cantora e compositora Luísa Sobral, que escreveu a canção vencedora do ano passado, Sara Tavares, Ana Bacalhau, a radialista Ana Markl, o jornalista do PÚBLICO Mário Lopes, o rapper Carlão, o produtor, escritor e letrista António Avelar de Pinho, da Banda do Casaco, e Tozé Brito, que juntos escreveram canções como Bem Bom, com que as Doce concorreram ao Festival em 1982.