Bitcoin reconquista confiança e aproxima-se dos 10 mil dólares

Alguns dos compradores que utilizaram cartão Visa foram cobrados mais do que uma vez.

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Um erro no sistema da plataforma Coinbase deixou muitos clientes preocupados Reuters/Dado Ruvic,Reuters/Dado Ruvic

O valor da bitcoin parece estar a subir novamente. Na quinta-feira, a cotação da divisa digital voltou a rondar os 10 mil dólares (cerca de oito mil euros) depois da descida acentuada ocorrida dez dias antes. A 5 de Fevereiro, a criptomoeda chegou mesmo a ficar abaixo da fasquia dos seis mil dólares segundo dados do site CoinMarketCap – são menos de dois terços do que o valor atingido no auge de Dezembro de 2017 (19 mil dólares).

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O valor da bitcoin parece estar a subir novamente. Na quinta-feira, a cotação da divisa digital voltou a rondar os 10 mil dólares (cerca de oito mil euros) depois da descida acentuada ocorrida dez dias antes. A 5 de Fevereiro, a criptomoeda chegou mesmo a ficar abaixo da fasquia dos seis mil dólares segundo dados do site CoinMarketCap – são menos de dois terços do que o valor atingido no auge de Dezembro de 2017 (19 mil dólares).

Parte do motivo para a grande queda foi o aumento da desconfiança governamental face à bitcoin. Durante o mês de Janeiro houve muitas notícias de regulações mais rígidas no continente asiático, particularmente na Índia e na Coreia do Sul. Além disso, o número de bancos a banir compras de criptomoedas com recurso a crédito aumentou (como, por exemplo, o banco britânico Lloyds e o americano JP Morgan). Ou seja, os interessados em adquirir bitcoins já não podem recorrer a empréstimos destes bancos, na esperança de que a mais-valia gerada com a venda das criptomoedas a cotações mais altas cubram os custos financeiros dos empréstimos (designadamente a taxa de juro).

Recentemente, a Visa também fez alterações nos seus procedimentos, ao decidir classificar todas as transacções em plataformas de compra e venda de divisas digitais como “adiantamentos de dinheiro” em vez de “compra de divisas digitais”. Regra geral, isto quer dizer que o banco cobra uma taxa maior aos clientes que usem cartões de crédito para adiantamentos de dinheiro (cash advance). Porém, um erro no sistema desde a semana passada deixou muitos clientes da plataforma Coinbase (o maior mercado digital de compra e venda de bitcoins nos EUA) insatisfeitos e preocupados, vendo o dinheiro a desaparecer.

Muitos dos que adquiriram moeda digital com Visa estavam a ser cobrados pelo menos duas vezes por cada transacção feita na plataforma desde 22 de Janeiro. Num dos casos, um utilizador do fórum Reddit escreve que foi cobrado cinco vezes: no dia 9 de Fevereiro comprou as divisas digitais bitcoin, ether e litecoin por 300 dólares, mas dias mais tarde o investimento rondava os 1500 dólares sem a sua autorização. São cerca de 1198 euros à taxa de câmbio actual. “Já não posso manter a calma. Já passou uma semana”, escreve aquele utilizador, que não conseguiu pagar a sua renda da casa devido ao problema. “A minha conta bancária passou de muito confortável para um balanço negativo.”

Segundo a Coinbase, a situação tem de ser resolvida pela Visa e os reembolsos devem ficar visíveis nos próximos dias. “Estamos activamente a trabalhar com grandes empresas de cartões para criar um novo MCC [código de quadro dígitos que identifica serviços financeiros] para compras de divisas digitais”, lê-se num comunicado publicado no Twitter sobre o problema. “Para defesa do consumidor, esperamos que não esteja associado a taxas de ‘adiantamento de dinheiro’”.

Apesar do percalço, a confiança nas criptomoedas não deixou de subir desde que Christopher Giancarlo, presidente da Comissão de Negociação de Futuros dos EUA (CFTC), alertou sobre a importância de debates equilibrados sobre criptomoedas. O testemunho enviado por escrito ao Comité Bancário do Senado dos EUA acalmou preocupações num contexto em que o país se prepara aumentar a regulação a criptomoedas. Para o investidor norte-americano, a blockchain (a base de dados distribuída em que assenta a bitcoin) “tem o potencial de aumentar a eficiência económica”, e qualquer debate sobre o tema deve estar focado em “não causar danos” às moedas digitais de modo a não impedir a inovação neste novo mercado. “Estamos a entrar numa nova era digital no mundo dos mercados financeiros”, conclui Giancarlo. 

O presidente executivo da rede social de investimento eToro, Iqbal Gandham, diz ao PÚBLICO que acredita que a bitcoin conseguiu eliminar parte da volatilidade característica no começo do ano, e deve continuar a subir apesar de uma ligeira descida esta madrugada. “Estou confiante sobre o potencial a longo prazo da bitcoin e das criptomoedas em geral”, frisa Gandham numa mensagem curta. O investidor acredita que o potencial da blockchain, por exemplo, torna-se cada vez mais óbvio para Governos e instituições financeiras.

Reguladores europeus mantêm alerta

No início desta semana, diversos reguladores europeus voltaram a avisar que quem investe em massa em criptomoedas arrisca-se a perder todo o dinheiro. “As bolsas que permitem transacções [de criptomoedas] não estão reguladas pelas leis da UE, o que significa que os investidores não beneficiam das protecções associadas a serviços financeiros regulados”, lê-se num comunicado conjunto publicado pelas Autoridades Europeias de Supervisão que vêem o sistema de divisas digitais a mostrar “indícios claros de ser uma bolha” especulativa.

Sem regulações definidas em muitos países, os problemas também continuam. Esta quinta-feira, por exemplo, as autoridades australianas pediram ajuda à Interpol para ajudar a encontrar suspeitos de uma burla com bitcoins que terá afectado centenas de investidores dentro e fora do país. 

Às 12h30 de sexta-feira, hora de Lisboa, o valor da bitcoin rondava os 9900 dólares de acordo com o site CoinMarketCap, aproximando-se novamente dos 10 mil dólares depois de uma pequena descida esta madrugada.