Albuquerque diz que Costa tem "agenda política" que visa tomar o poder na região
Primeiro-ministro falou do défice madeirense como uma “desagradável surpresa” par ao país. Funchal respondeu hoje: Costa está em “pré-campanha” para tomar o poder na Madeira.
Um primeiro-ministro em “pré-campanha eleitoral” e que não cumpre o que “prometeu” aos madeirenses. A reacção enérgica de Miguel Albuquerque chegou um dia depois de António Costa ter, durante o debate quinzenal na Assembleia da República, apontado a “desagradável surpresa” que foi défice orçamental da Madeira.
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Um primeiro-ministro em “pré-campanha eleitoral” e que não cumpre o que “prometeu” aos madeirenses. A reacção enérgica de Miguel Albuquerque chegou um dia depois de António Costa ter, durante o debate quinzenal na Assembleia da República, apontado a “desagradável surpresa” que foi défice orçamental da Madeira.
“A declaração do senhor primeiro-ministro é a todos os títulos lamentável, mas não é nada que não estivéssemos à espera”, disse o chefe do executivo regional, reafirmando que Costa tem uma “agenda política” que visa tomar o poder no arquipélago, o único território nacional que não é governado pelo PS.
Foi precisamente o facto de a Madeira ser governada pelo PSD que levou o Funchal para o debate em São Bento. O líder do grupo parlamentar socialista, o açoriano Carlos César, em resposta aos deputados do PSD, começou por comparar os défices das duas regiões autónomas, notando que o dos Açores, onde governa o PS, é sete vezes inferior ao da Madeira. Não deviam, disse o antigo presidente açoriano, estar preocupados com as contas do Governo de António Costa, mas sim com os resultados do “único governo do PSD que resta em Portugal”.
Costa assinou por baixo. A Madeira, afirmou, ficou a dever ao resto do país. Nas contas do primeiro-ministro, o desempenho orçamental madeirense “penalizou em uma décima” o défice do sector público nacional. Salvou-se a “prudente execução orçamental” dos Açores e a “maioria” das autarquias locais.
Albuquerque não gostou do que ouviu e esta quinta-feira de manhã chamou a comunicação social para verbalizar o desagrado com Lisboa. “A Madeira tem as suas contas públicas controladas como é do conhecimento de todos”, disse à margem de uma visita às obras de requalificação de um museu de fotografia (Museu Vicentes), no Funchal, insistindo que o défice madeirense é baixo e só não é mais reduzido por responsabilidade do Governo nacional.
“Podia ser mais baixo se o Estado e a República não estivessem a lucrar 12 milhões de euros por ano ao cobrar-nos juros mais altos do que aqueles com que se financiam”, criticou, contabilizando mais 16 milhões de euros relativos aos subsistemas de saúde que o Estado deve à região autónoma e outros 33 milhões de euros de dívidas fiscais.
Bastante crítico, o líder do executivo madeirense acusa Costa de “confundir deliberadamente” contabilidade pública com administrativa, e não tem dúvidas: “Estamos nitidamente perante uma campanha pré-eleitoral”.
Mesmo perante a insistência dos jornalistas sobre as responsabilidade do PSD que sempre governou a Madeira, Albuquerque não desarmou. “O PSD tem as responsabilidade de ter feito o desenvolvimento da Madeira e quem levou o país à bancarrota não foi o PSD. Foi um governo do PS de que este primeiro-ministro fazia parte.”