Sinais de enfarte? Mais de metade das pessoas diz que liga para o 112
Mas, se a pergunta é colocada de outra forma — o que fariam perante os sintomas de dor no peito, suores, náuseas e vómitos —, apenas 38% referiram que ligavam para o número de emergência. E alguns ainda optariam por ir para o hospital pelos seus próprios meios.
É um trabalho que vai demorar anos, mas alguns resultados já são visíveis. Desde que o projecto Stent for Life arrancou em 2011 com o objectivo de melhorar o acesso à terapêutica em caso de enfarte agudo de miocárdio, a evolução é notória. Se há cinco anos mais de dois terços dos inquiridos num estudo preliminar não reconheciam os sintomas típicos do chamado “ataque cardíaco” — suores, náuseas, vómitos, falta de ar —, agora dois em três (64%) já conseguem identificar os principais sinais de alerta.
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É um trabalho que vai demorar anos, mas alguns resultados já são visíveis. Desde que o projecto Stent for Life arrancou em 2011 com o objectivo de melhorar o acesso à terapêutica em caso de enfarte agudo de miocárdio, a evolução é notória. Se há cinco anos mais de dois terços dos inquiridos num estudo preliminar não reconheciam os sintomas típicos do chamado “ataque cardíaco” — suores, náuseas, vómitos, falta de ar —, agora dois em três (64%) já conseguem identificar os principais sinais de alerta.
E se em 2012 só um terço das pessoas dizia que, em caso de enfarte, ligava para o 112 para ser encaminhado para um hospital adequado, no último inquérito mais de metade já admitia que a estratégia ideal a adoptar é telefonar para o número de emergência.
São dados de um novo estudo levado a cabo por este projecto no final de 2017 e que deixam os responsáveis pela iniciativa muito satisfeitos. “Uma grande percentagem das pessoas já tem noção de que o enfarte é uma situação grave que necessita de tratamento imediato”, destaca Hélder Pereira, o coordenador da Stent Save a Life (o projecto mudou de designação por ter agora âmbito mundial).
Outro sinal de que a situação evoluiu em Portugal é o facto de 95% dos 1044 indivíduos inquiridos neste segundo estudo feito em parceria com a empresa de estudos de mercado Pitagórica já terem associado a “dor no peito” a esta doença — contra os 85% obtidos em 2012. “As pessoas estão mais sensibilizadas para os sintomas e os factores de risco”, diz Hélder Pereira.
Mas do conhecimento à mudança de atitudes vai alguma distância, reconhece o médico. Quando questionados sobre o que fariam na presença de um sinal de enfarte agudo de miocárdio, 57% garantiram que ligar para o 112 seria a primeira opção. Não seria essa a escolha de 43% dos inquiridos. Já quando a pergunta é colocada de outra forma — o que fariam perante sintomas específicos, como suores, náuseas e vómitos —, apenas 38% afirmam que recorreriam ao número de emergência. “Algumas pessoas não associam ainda estes sintomas a uma doença grave”, justifica o médico.
O estudo revela, aliás, que, perante os sintomas de enfarte, ir para uma urgência hospitalar pelos seus próprios meios ainda seria a estratégia a adoptar para 27% dos inquiridos. Uma opção que implica perder um tempo valioso, quando uma intervenção rápida pode evitar que o doente fique com sequelas. Assim, ainda é significativo o contraste entre aquilo que os inquiridos respondem, o que percebem de facto e o que acabam por fazer. “Isto demora muito tempo a mudar. Temos de insistir que não se deve perder tempo e ligar para o 112”, enfatiza.
A iniciativa Stent for Life, em curso em Portugal durante cinco anos, foi agora substituída pela Stent Save a Life (que é de âmbito mundial, enquanto a anterior era europeia). Durante estes anos, foram muitas as pessoas que ouviram falar no enfarte agudo de miocárdio e nos sinais de alerta no âmbito da campanha “Não perca tempo. Salve uma vida”, lembra o cardiologista. E isso aconteceu também graças à ajuda de alguns doentes, como José Carlos Malato. O apresentador de televisão teve um ataque cardíaco aos 49 anos.