Andrea Nahles vai assumir a liderança do SPD mais cedo que o previsto

Martin Schulz irá passar a pasta à líder da bancada parlamentar social-democrata já na terça-feira.

Foto
Nahles será a primeira mulher a liderar o SPD EPA

Andrea Nahles está ainda mais próxima do que o esperado de se tornar na primeira mulher a liderar o Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha. Fontes dos sociais-democratas, citadas pela imprensa local, revelaram que a saída de Martin Schulz da chefia do maior partido de centro-esquerda do país foi antecipada e que antiga ministra do Trabalho vai assumir o seu lugar já a partir desta terça-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Andrea Nahles está ainda mais próxima do que o esperado de se tornar na primeira mulher a liderar o Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha. Fontes dos sociais-democratas, citadas pela imprensa local, revelaram que a saída de Martin Schulz da chefia do maior partido de centro-esquerda do país foi antecipada e que antiga ministra do Trabalho vai assumir o seu lugar já a partir desta terça-feira.

Pela frente terá a intricada missão de revigorar um partido em plena crise existencial, enquanto espera pelos militantes para perceber se a sua permanência no cargo será de curta ou longa duração.

O ex-presidente do Parlamento Europeu volta a ser protagonista de uma inesperada alteração de planos, menos de uma semana depois de ter agendado o seu afastamento da liderança do SPD para inícios de Março e de ter sido forçado a abdicar da pretensão de se tornar ministro dos Negócios Estrangeiros do próximo Governo de coligação da Alemanha, com a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU).

A troca de cadeiras na liderança do segundo mais partido mais votado das eleições de Setembro do ano passado – depois de logrado o pior resultado eleitoral da sua História pós-1945 – estava apenas prevista para 4 de Março, o mesmo dia em que se conhecerá o desfecho da votação dos militantes do SPD à viabilidade do compromisso de Governo alcançado na passada quarta-feira entre os sociais-democratas e o partido de Angela Merkel.

Mas a onda de pressões e de descontentamento oriunda de várias facções dentro do SPD, que culminou na renúncia de Schulz à pasta da diplomacia no novo executivo na sexta-feira, acelerou também a entrada em cena de Nahles antes do previsto, escreve o Süddeutsche Zeitung.

A antiga ministra do Trabalho foi eleita líder da bancada parlamentar do SPD, no congresso partidário de Novembro, para ser a cara da oposição social-democrata à “coligação Jamaica” no Bundestag, quando ainda não estava nos planos do partido renovar a “grande coligação” com a CDU/CSU, e irá exercer o cargo de forma interina. Deverá ser legitimada pelos militantes num próximo congresso ou através de eleições internas – esta última hipótese é a que mais agrada ao alinhamento mais à esquerda do SPD.

Afamada pela sua postura inconformada e pelos seus discursos incisivos e mordazes, Andrea Nahles é bastante consensual dentro do SPD e é vista como uma das pessoas mais capazes para revitalizar o partido de centro-esquerda, a braços com umas das maiores crises identitárias da sua existência.

Após os humilhantes 20,5% obtidos nas eleições, o SPD agrega pouco mais de 17% das intenções de voto, segundo as sondagens mais recentes. “Para que este processo [de revitalização] possa ser bem-sucedido, precisamos de experiência e de conhecimento à frente do SPD, e não há ninguém mais adequado do que Andrea Nahles”, adiantou ao Rheinische Post a ex-ministra da Família, Katarina Barley, um dos nomes de  aspirantes ao cargo de líder do partido.

Actualmente com 47 anos, Nahles ingressou no SPD aos 18 e é aquilo a se pode chamar de uma “política profissional”, já que nunca trabalhou fora do serviço público. Formada em Literatura alemã, Filosofia e Ciência Política, pela Universidade de Bona, a antiga líder da Juventude Social-Democrata pertence à ala esquerdista do partido e é uma das principais gladiadoras pela defesa dos direitos dos trabalhadores. Foi consigo à frente do ministério do Trabalho, por exemplo, que a Alemanha aprovou a introdução do salário mínimo a nível nacional (2014).

Mais recentemente, destacou-se pela defesa acérrima da renovação da “grande coligação”, depois de falhadas as negociações entre conservadores, verdes e liberais – do Partido Liberal Democrata (FDP) – com vista à formação de um Governo, no início de Dezembro. “Pegou no boi pelos cornos”, no meio de “uma liderança hesitante e pouco convencida”, escreveu sobre ela o Frankfurter Allgemeine Zeitung.