Morreu Asma Jahangir, activista dos direitos humanos

A activista morreu este domingo após sofrer uma paragem cardíaca. Tinha 66 anos.

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evr enric vives-rubio

Morreu este domingo, aos 66 anos, a activista pelos direitos humanos Asma Jahangir. De acordo com as declarações da filha, Munizae Jahangir, à Reuters, a paquistanesa morreu na sequência de uma paragem cardíaca.

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Morreu este domingo, aos 66 anos, a activista pelos direitos humanos Asma Jahangir. De acordo com as declarações da filha, Munizae Jahangir, à Reuters, a paquistanesa morreu na sequência de uma paragem cardíaca.

Advogada de profissão, Asma Jahangir fez dos direitos humanos e dos direitos das mulheres a sua bandeira, o que lhe valeu várias ameaças de morte. Esteve presa em 1983 por se associar ao Movimento de Restauração da Democracia no Paquistão, durante a ditadura militar do general Zia ul-Haq. Em 2007, esteve em prisão domiciliária pela participação no movimento de advogados que ajudou a fazer cair o líder militar Pervez Musharraf.

Jahangir foi co-fundadora da Comissão para os Direitos Humanos do Paquistão e do Women's Action Forum, criado para contestar a lei paquistanesa que reduziu o valor do testemunho de uma mulher em tribunal. Entre 2004 e 2010, foi relatora da ONU para a Liberdade Religiosa e Direitos Humanos no vizinho Irão.

A activista foi indicada para o Nobel da Paz, em 2005, condecorada com a Ordem Nacional da Legião de Honra francesa e reconhecida com o prémio da Unesco/Bilbao para a promoção da cultura dos Direitos Humanos. Recebeu também o prémio Norte-Sul, atribuído pela Comissão Europeia, em 2013, ocasião pela qual o PÚBLICO entrevistou a advogada.

Este domingo, o primeiro-ministro paquistanês, Shahid Khaqan Abbasi, considerou a sua morte uma “grande perda”, cita a BBC.

Malala Yousafzai, Prémio Nobel da Paz em 2014, expressou condolências através do Twitter: “De coração partido pela perda de Asma Jahangir – uma salvadora da democracia e dos direitos humanos”, escreveu.

O director regional da Amnistia internacional para o Sul da Ásia, Omar Waraich, escreveu no Twitter que “Jahangir era a pessoa mais corajosa” que já conheceu. “Bateu-se de forma intrépida contra ditadores, bandidos e misóginos. Nunca temeu os ataques que pudessem surgir. Nunca vacilou nos seus princípios. A sua perda é incalculável”, declarou.