Israel lança operação aérea "de grande escala" na Síria depois de abate de F-16

Caça israelita foi derrubado por defesas antimísseis sírias no mais grave incidente dos últimos anos a envolver Israel, Irão e Síria

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A Força Aérea israelita lançou o que descreve como “raide aéreo de grande escala” na Síria depois de um dos seus caças F-16 ter sido derrubado durante um disparo das defesas antimísseis sírias. O caça israelita foi abatido quando seguia para uma ofensiva contra alvos iranianos na Síria, julga-se que para o local de onde terá saído um drone iraniano que entrou em Israel e foi interceptado.

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A Força Aérea israelita lançou o que descreve como “raide aéreo de grande escala” na Síria depois de um dos seus caças F-16 ter sido derrubado durante um disparo das defesas antimísseis sírias. O caça israelita foi abatido quando seguia para uma ofensiva contra alvos iranianos na Síria, julga-se que para o local de onde terá saído um drone iraniano que entrou em Israel e foi interceptado.

De acordo com o porta-voz militar israelita, Jonathan Conricus, 12 locais, incluindo quatro “alvos iranianos” perto da capital síria, Damasco, foram destruídos na operação lançada por Telavive. “Do nosso ponto de vista, os sírios e os iranianos estão a brincar com o fogo”, escreveu ainda Conricus no Twitter, adiantando que a resposta de Israel está “longe de terminada” e acusando o Irão de “graves violações da soberania israelita”.

Enquanto da Síria não chegavam comentários, em Washington já se reagia para apoiar "o direito inerente de Israel a defender-se contra as ameaças ao seu território e ao seu povo".

Os pilotos do F-16, sob fogo sírio, conseguiram ejectar-se e o avião caiu já em Israel – os dois estão a receber tratamento hospitalar e um deles está em estado grave, mas estável. Os disparos antiaéreos fizeram soar os alarmes no Norte de Israel. A escala da resposta da Síria mostra que o regime está com uma nova confiança militar (um comandante israelita comentou informalmente sobre a "lata" dos sírios, segundo o Jerusalem Post).

É um dos mais graves incidentes entre Israel, o Irão, e a Síria desde o início da guerra civil síria, há quase oito anos. 

Ainda esta terça-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha visitado a zona de fronteira entre Israel e a Síria e avisou os inimigos de Israel para não “testarem” o país. “A nossa face está virada para a paz, mas estamos prontos para qualquer eventualidade, e não sugiro que ninguém nos teste”, dizia Netanyahu numa mensagem publicada no Twitter.

O regime de Assad, pelo seu lado, já avisou várias vezes Israel que iria responder a ataques israelitas, que tem visado ocasionalmente veículos de transporte de armas e depósitos de armas do movimento xiita libanês Hezbollah (apoiado pelo Irão e visto como agindo sob ordens de Teerão, que na Síria combate ao lado do regime de Bashar al-Assad) em território sírio, sublinha Amos Harel no Ha'artez. O último aviso aconteceu na semana passada, após um ataque, atribuído a Israel, a instalações de armas perto de Damasco.

Isto faz muitos temer que seja mais um sinal da crescente possibilidade de um novo confronto directo entre Israel e o Hezbollah. A última guerra entre os dois, há 12 anos, acabou com um resultado muito pesado para ambos: 1200 libaneses e 60 israelitas morreram; o Hezbollah perdeu capital político porque a reposta de Israel foi devastadora para os civis libaneses e Israel perdeu muito mais militares do que era esperado e não conseguiu ganhar a guerra, que levou muitos civis a ir para o Sul do país para fugir aos ataques dos libaneses.

Mas, como dizia esta semana o Jerusalem Post, os dois lados estão a enviar cada vez mais sinais beligerantes. A acção de hoje sublinha-o.

"Este é um ataque iraniano grave a território israelita”, declarou o porta-voz militar israelita Ronen Manelis. “O Irão está a arrastar a região para uma situação em que não sabe como irá acabar. Estamos preparados para uma série de incidentes, e quem quer que seja responsável por este incidente é aquele que irá pagar o preço”.

O drone iraniano caiu em território israelita e está em posse do exército, acrescentou.

Uma outra declaração do exército israelita dizia que “um helicóptero de combate interceptou com sucesso um veículo aéreo não tripulado (UAV) que foi lançado da Síria e se infiltrou em Israel”. De seguida as forças israelitas “atingiram os controlos iranianos na Síria que enviaram o UAV para espaço aéreo israelita. Enorme fogo antiaéreo sírio, um F-16 caiu em Israel, pilotos a salvo”, disse o porta-voz Jonathan Conricus no Twitter.

Já os media sírios davam conta de uma “agressão israelita” contra uma base militar, que foi protegida pelas defesas aéreas que abriram fogo contra “mais do que um avião”.

O jornalista do Ha'aretz Anshel Pfeffer comenta que apesar da gravidade (é a primeira vez que Israel perde um avião numa situação de combate desde 2006), "parece que todos os lados estavam preparados para este round" - "Irão, Israel, Síria, cada lado testando o limite dos outros, estabelecendo as linhas vermelhas".