Casos de sarampo na Europa triplicaram no ano passado

Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças registou 14.451 casos no ano passado, contra os 4.643 do ano anterior. No total, o sarampo fez 30 mortos, entre os quais uma adolescente portuguesa.

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Portugal somou 127 casos de sarampo em 2017 Marco Duarte

Os casos de sarampo notificados ao Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla original) mais do que triplicaram no ano passado, tendo aumentado de 4643 casos registados em 2016 para 14.451 em 2017, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira por aquele organismo da União Europeia. Na sequência destes contágios, 30 pessoas morreram.

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Os casos de sarampo notificados ao Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla original) mais do que triplicaram no ano passado, tendo aumentado de 4643 casos registados em 2016 para 14.451 em 2017, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira por aquele organismo da União Europeia. Na sequência destes contágios, 30 pessoas morreram.

No mapa europeu, a Roménia destaca-se claramente: somou 5560 casos que provocaram 19 mortos, seguindo-se a Itália (5004 casos e quatro mortos), a Grécia (967 casos, dois mortos) e a Alemanha (929, um morto). Nalguns países, os surtos de sarampo não foram ainda dissipados, nomeadamente em França, onde 65 situações de doença foram notificadas em Dezembro, no Reino Unido e na Suécia.

Portugal não escapou à epidemia. Durante o ano passado, foram registados dois surtos de sarampo — com origem em Lisboa e no Algarve — causados por diferentes subtipos do vírus que coincidiram no tempo e que afectaram 127 pessoas, causando a morte a uma rapariga de 17 anos.

A adolescente, que não tinha sido vacinada contra a doença, terá sido contaminada em contexto hospitalar, onde dera entrada por outras complicações e onde mais cinco pessoas, entre as quais dois pediatras, foram igualmente contagiados. A origem do contágio terá sido um bebé de um ano que não fora vacinado devido a um atraso motivado por razões clínicas.

"Doença traiçoeira"

Aquela morte suscitou uma ampla discussão sobre a obrigatoriedade das vacinas, uma medida que não avançou. Como recordou na altura o então director-geral de Saúde, Francisco George, a taxa de cobertura da vacina era de 95% para a primeira dose (aos 12 meses) e de 98% para a segunda (aos cinco anos). Ainda assim, as escolas ficaram obrigadas a comunicar ao centro de saúde da sua zona as falhas nos boletins de vacina dos alunos.

No caso português, o fim do surto foi declarado a 5 de Julho. Mas, como alertou em Outubro a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, o sarampo é “uma doença traiçoeira” e “altamente contagiosa”, pelo que o país deve estar atento aos dados sobre sarampo em toda a Europa.

Segundo o ECDC, 37% dos casos notificados na Europa dizem respeito a crianças com menos de cinco anos de idade e 45% a pessoas com 15 ou mais anos de idade. A incidência mais alta ocorreu em crianças com menos de um ano de idade (367,2 casos por cada milhão) e nas crianças entre um e quatro anos de idade (161,7 casos/milhão de pessoas).

Por outro lado, 87% das pessoas contaminadas não estavam vacinadas, enquanto 8% haviam recebido apenas a primeira dose da vacina. Como sublinha ainda o ECDC, muitos dos casos de não-vacinação tinham uma explicação simples: as crianças estavam numa idade demasiado precoce para receber a vacina, sendo que os bebés com menos de um ano são particularmente vulneráveis às complicações relacionadas com o sarampo e a melhor maneira de os proteger é assegurar uma taxa de cobertura da vacina na população em geral acima dos 95%.